Meryl Streep relatou assédio sofrido por Dustin Hoffman
Atriz chamou colega de elenco em Krammer vs. Krammer de "porco desagradável" em entrevista concedida a 'Time' em 1979.
Uma entrevista concedida por Meryl Streep para a revista Time, em 1979 voltou à tona após duas mulheres acusarem Dustin Hoffman de assédio sexual. Na entrevista, a atriz conta que seu primeiro contato com ator se deu quando ela fez um teste para uma peça teatral dirigida por quem viria a ser seu futuro colega de elenco em Kramer vs. Krammer (1979).
"Ele veio até mim e disse, 'Eu sou Dustin — burp — Hoffman' e colocou a mão dele no meu seio", contou Streep. "Mas que porco desagradável, eu pensei", disse a atriz na ocasião.
Kramer vs. Kramer fez história ao ganhar prêmios importantes no Oscar em 1980, incluindo as estatuetas de melhor filme, melhor diretor (Robert Benton) e melhor ator (Hoffman) e melhor atriz coadjuvante (Streep), mas a convivência nos bastidores não foi boa — e isso não é, exatamente, uma novidade.
As brigas entre Streep e Hoffman eram constantes. Em uma ocasião, a atriz quis repensar uma cena importante a fim de lançar uma nova luz nas motivações de sua personagem. A mudança proposta por Streep agradava e tinha o aval de Benton, diretor e roteirista do longa-metragem, mas irritou profundamente Hoffman. "Meryl, por que você não para de carregar a bandeira do feminismo e apenas faz a cena", teria dito o ator, de acordo com uma recente biografia da atriz.
De acordo com o texto, a atriz ficou surpresa por, depois do episódio incômodo com Hoffman, ter descoberto que o ator mudou aspectos de seu próprio personagem ao surpreendê-la e lançar uma taça de vinho contra a parede enquanto rodavam uma cena, algo que não estava no roteiro. Segundo o relato, Streep deixou o set com cacos de vidro no cabelo.
Ainda segundo o livro Becoming Meryl Streep, biografia não-autorizada da atriz, Hoffman deu um tapa de verdade em Streep quando os dois rodavam uma cena de briga e a provocava durante os bastidores ao repetir o nome de John Cazale, ator de O Poderoso Chefão com quem a atriz namorou até a morte dele em 1978, vítima de um câncer de pulmão.
Inspirada pelas mulheres que denunciaram os abusos do outrora poderoso produtor Harvey Weinstein, a escritora Anna Graham Hunter afirmou em artigo recente que foi apalpada diversas vezes por Hoffman quando tinha 17 anos de idade (30 a menos que o ator) e era estagiária na produção do telefilme A Morte de um Caixeiro-Viajante (1985). Depois disso, a escritora e roteirista Wendy Riss Gatsiounis contou que foi assediada pelo ator durante a uma reunião.
Em uma entrevista concedida em 1992 para a revista Playboy, Hoffman afirmou que deu beliscões nas nádegas da atriz Katharine Ross durante os testes dela para atuar com ele no filme A Primeira Noite de um Homem (1967). Sem remorsos por seu comportamento repreensível, o ator relembrou do fato na ocasião com um tom jocoso e disse que fez isso para "ajudá-la a relaxar".
O site Slate citou um trecho perturbador da biografia Dustin Hoffman: Hollywood's Antihero, lançada em 1983 e escrita por Jeff Lenburg para mostrar que o ator se orgulhava de sua fama. "Até mesmo Dustin admite que ama flertar, dizendo que ele faz isso como se fosse um reflexo involuntário. Ele já encurralou mulheres em elevadores para solicitar sexo e até mesmo abriu o ziper da blusa de uma repórter mulher para olhar para o seu peito durante uma entrevista. Ele tenta se controlar, mas acha difícil vencer a tentação."
Depois que Hunter relatou sua experiência no set com Hoffman, o ator divulgou uma nota pedindo desculpas. "Tenho o maior respeito pelas mulheres e me sinto terrível por qualquer coisa que posso ter feito que a tenha colocado em uma situação desconfortável. Sinto muito. Isso não é um reflexo de quem sou."