Morre aos 85 anos a atriz espanhola Sarita Montiel
A atriz espanhola Sarita Montiel, ícone de Hollywood e símbolo do cinema dos anos 50, morreu nesta segunda-feira em sua residência, em Madri, aos 85 anos de idade.
Nascida em 10 de março de 1928, Montiel, que também teve uma importante carreira como cantora, é considerada a atriz espanhola mais famosa em Hollywood, onde fez mais de 50 filmes, alguns com grande êxito comercial.
Dona de uma beleza voluptuosa e voz grave e sensual, a atriz, nascida no seio de uma família humilde de Ciudad Real, sul da Espanha, alcançou fama mundial com o western hollywoodiano "Vera Cruz", de 1954, onde atuou ao lado de Gary Cooper e Burt Lancaster, assim como com "La Violetera" (1958).
Seu maior êxito na Espanha, "A última canção", é um dos filmes de maior bilheteria do cinema de seu país.
"Perdemos um ícone da cinematografia espanhola e ibero-americana. Sara enchia a tela como ninguém, com uma beleza muito especial", lamentou, em um comunicado, o ministro da Cultura espanhol, José Ignacio Wert.
María Antonia Abad Fernández, seu nome verdadeiro, estreou nas telas de cinema com um pequeno papel no filme "Te quiero para mi", de 1944, antes de participar em 48 produções até 1974.
Seu papel em "Loucura de Amor", de 1948, permitiu que ela desse o salto oceânico para o México durante os anos dourados do cinema nesse país, onde viveu e participou de inúmeros filmes, protagonizando junto a outras figuras como Dolores del Río ou Katy Jurado.
Sua etapa mexicana serviu de trampolim para Hollywood, a meca do cinema, a qual abandonou ao final de alguns anos pois se sentia cansada de só ser escalada para papeis de índia.
Linda, sedutora e fumante inveterada, a imagem de Sarita Montiel envolta numa nuvem de fumaça continua presente no imaginário coletivo espanhol.
Em um trecho de uma entrevista (sem data) difundida pela rádio pública espanhola RNE, a estrela se definiu como "uma mulher muito tranquila, muito modesta, muito normal".
Em outra entrevista à emissora Onda Cero, a atriz recordou suas experiências em Hollywood, especialmente seu encontro com Marlon Brando, em 1951.
"Fui idiota. Não dei nenhuma atenção a ele. Ele estava com Frank Sinatra fazendo 'Eles e elas ('Guys and Dolls'), e fiquei conversando com ele a tarde toda", contou.
Também narrou como conheceu a grande estrela da época, Greta Garbo, diante do jardim de sua casa.
"Estava em minha casa. Eu me levantei tarde porque continuava no fuso da minha vida espanhola. Vivi anos nos Estados Unidos, mas tomava café da manhã ao meio-dia, enquanto todos almoçavam".
"Vi aquela mulher, de olhos estranhos, mas preciosos, olhos de que jamais me esquecerei. Eram da cor azul do céu do deserto, como Gary Cooper", recordou.
Indagada se se definia com uma diva, respondeu: "Eu sei quem eu sou. O que já é muito. E por toda a vida usei unhas grandes e coloridas".
Casada entre 1957 e 1963 com o diretor americano Anthony Mann, um de seus quatro maridos, Montiel, muito cobiçada pelo público masculino, foi a primeira atriz espanhola a fazer sucesso em Hollywood.
Em 1975, abandonou a carreira no cinema para dedicar-se apenas à música, na qual gravou músicas que entraram para a história como o tango "Fumando espero", na qual evocava notável elegância uma de suas grandes paixões, fumar charutos cubanos.
Com um estilo inconfundível, entre o canto e o sussurro, Montiel também interpretou conhecidos boleros como "Contigo aprendi" e "Bésame mucho".
Seu segundo marido foi o industrial Vicente Ramírez Olalla. Em 1979, casou-se com outro empresário espanhol Pepe Tous, falecido em 1992, com quem adotou seus dois filhos, Thais e Zeus.
Também viveu conhecidos romances com o escritor Ernest Hemingway, o ator James Dean e o próprio Gary Cooper.