O fascínio do cinema e das séries pelo Conclave e os mistérios do Vaticano
O Vaticano e o Conclave são retratados no cinema e séries como cenários de mistério e tensão entre fé e política, despertando fascínio por sua tradição e simbolismo. Obras como 'Conclave', 'Dois Papas' e 'The Young Pope' exploram esse universo enigmático.
Poucos cenários despertam tanto fascínio no universo cinematográfico quanto os bastidores do Vaticano e, em especial, o Conclave — o ritual secreto e milenar que define o novo líder da Igreja Católica. Esse encantamento não é casual: ele advém do véu de mistério que envolve cada detalhe dessa tradição.
Filmes e séries já exploraram e continuam explorando o contraste entre fé e política, o sagrado e o profano, oferecendo uma lente ficcional sobre um universo que, na vida real, raramente se deixa ver por completo. O mais recente deles, “Conclave” (2024) foi indicado ao Oscar 2025 e, curiosamente, entrou no catálogo do Prime Video dois dias antes da morte do Papa Francisco.
Entre os exemplos mais emblemáticos está "Dois Papas" (2019), filme de Fernando Meirelles que dramatiza a relação entre o conservador Papa Bento XVI (Anthony Hopkins) e seu sucessor, o progressista Papa Francisco (Jonathan Pryce). Já em "O Código Da Vinci" (2006) e "Anjos e Demônios" (2009), o Vaticano é retratado como um lugar de segredos milenares e conspirações, onde o Conclave se transforma em palco de tensão e perigo. Apesar das críticas quanto à precisão histórica, essas obras consolidaram a imagem do Vaticano como um espaço cinematograficamente irresistível.
No mundo das séries, "The Young Pope" (2016) e sua sequência "The New Pope" (2020), criadas por Paolo Sorrentino, oferecem uma visão estética e provocativa sobre a figura papal. Com Jude Law e John Malkovich nos papéis principais, as séries exploram a psicologia dos personagens que habitam o poder e os rituais que cercam a Igreja, flertando com a iconoclastia e a mística.
O que torna o Conclave e o Vaticano tão atraentes para o audiovisual é justamente o que os torna enigmáticos na realidade: seu fechamento ao olhar externo, sua linguagem simbólica e sua função de guardiões de uma tradição que resiste ao tempo. Ao tentar decifrar o indecifrável, o cinema e as séries não apenas entretêm — também nos lembram da força narrativa que existe no que é velado.
(*) Rodrigo James é jornalista, criador de conteúdo e publica semanalmente a newsletter MALA com notícias, críticas e pensatas sobre cultura pop e entretenimento.