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Anos atrás, nenhum cinéfilo poderia imaginar que o filme cult de David Fincher, muitas vezes copiado mas nunca igualado, seria exibido no Star+.
Alguns filmes são tão onipresentes que você pode não acreditar que um dia tiveram dificuldade em emplacar. Clube da Luta é um desses casos. Quando estreou nos EUA em 1999, o influente filme cult de David Fincher teve um fim de semana de estreia bem moderado, tanto que alguns meses depois o chefe do estúdio se viu obrigado a pedir demissão pelo fracasso.
Porém, a modesta performance nos cinemas e as reações inicialmente divididas do público foram esquecidas. Hoje, Fight Club é considerado um golpe de gênio extremamente divertido, estiloso e brutal - e continua tão relevante agora quanto era no final dos anos 1990.
O fato de que um filme desagradável e complicado como este encontrou uma casa no Star+ deveria irritar ou divertir profundamente o personagem principal do longa, dependendo de como ele acordou no dia.
Clube da Luta não só está no top 20 dos melhores filmes de todos os tempos no portal de classificação de filmes IMDb, como também foi eleito o melhor filme pela Total Film desde que a revista de cinema foi fundada por seus editores. Você não precisa de mais motivos para rever ou mesmo ter seu primeiro contato com o Clube da Luta.
CLUBE DA LUTA: A HISTÓRIA
Caso você seja novo no Clube da Luta, ou se todos ao seu redor seguiram a primeira regra: o filme narra a história de Jack (Edward Norton), um executivo que sofre de insônia. Após uma explosão em seu apartamento, ele fica desesperado e busca abrigo com um conhecido - o rebelde carismático Tyler Durden (Brad Pitt). No entanto, ele é um encrenqueiro, como descrito no livro em que o filme é baseado.
Quando Tyler e seu improvável protegido discutem por capricho, tudo se transforma em uma grande briga. Ao fazer isso, eles percebem o quão libertador a violência é para eles. Então, eles começam um clube de luta onde homens desconhecidos se espancam para se sentirem viris novamente. O principal é que eles sigam a regra de nunca falar sobre o Clube da Luta. Supostamente todos seguem essa regra - e ainda assim a ideia do Fight Club está se espalhando pelo país como se fosse um vírus. Um vírus perigosíssimo.
NÃO É O QUE ALGUNS PENSAM QUE É
Não apenas o enredo de Clube da Luta tem uma surpresa suculenta a oferecer - que não será revelada neste momento para te surpreender na hora certa - mas o impacto externo da produção também é bastante surpreendente.
Isso porque, no início dos anos 2000, havia uma pequena base de fãs que interpretou mal a adaptação cinematográfica do romance cult de mesmo nome escrito por Chuck Palahniuk. Ele fez o Clube da Luta como uma crítica aos homens covardes que não se rebelam contra as mudanças sociais.
Essa base de fãs não apenas interpretou mal o filme, mas também prejudicou temporariamente sua reputação - havia cinéfilos que condenaram a sátira de Fincher por causa desses grupos. Mas, à medida que os acalorados debates sobre Clube da Luta diminuíram na cultura pop e as vozes cessaram, a produção pode ser finalmente aclamada pelo que é: um thriller agridoce que também é uma sátira sardônica e caprichosa, nos apresentando homens que preferiam iniciar uma célula terrorista do que embarcar em terapia.
EMOCIONANTE, ENGRAÇADO, MALDOSO
O diretor de Gone Girl, David Fincher, é um profissional conhecido por criar bons suspenses, e Clube da Luta não é diferente. Com tomadas cativantes e uma trilha sonora que impressiona, Fincher cria uma atmosfera nítida. Isso por si só já nos ambienta em um suspense. Mas a forma como a história se desenrola no apartamento de Jack, ou na pensão imunda de Tyler Durden, entre outras coisas, coloca-nos bem no meio de uma experiência turbulenta, até que tudo se esvai.
Desde a inserção de imagens pornográficas em filmes para família, passando pela venda de sabonete de gordura corporal, até o recrutamento dos capangas mais burros, os crimes de Durden são grosseiros, mas atraentes e divertidos de assistir.
Em geral, a história sinuosa não apenas fornece emoções, mas também é extremamente engraçada: a narração feita por Edward Norton e sua performance confusa e cansada são incrivelmente pontuais. Por fim, Brad Pitt faz uma das melhores e mais espirituosas atuações de sua carreira como um encrenqueiro sorridente e de jaqueta de couro.
