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"O Mensageiro" recupera trajetória polêmica de repórter perseguido pela CIA

10 dez 2014 - 15h47
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Em “O Mensageiro”, o diretor Michael Cuesta tem uma história poderosa em suas mãos: a produção de uma série de reportagens na década de 1990 sobre o envolvimento do governo norte-americano com o tráfico de drogas. O filme acompanha a jornada do repórter investigativo Gary Webb (Jeremy Renner, “Guerra ao Terror”), e a sua derrocada após publicar um dossiê sobre o assunto.

Cena do filme "O Mensageiro".
Cena do filme "O Mensageiro".
Foto: ImagemFilmes / Reuters

No filme, primeiro se focaliza Webb pai de família, casado com Sue (Rosemarie DeWitt), com quem tem três filhos. O churrasco com a família e amigos não dá nenhuma pista do sujeito empenhado e corajoso que se revela ao longo da trama. Trabalhando no pequeno jornal “The San Jose Mercury News”, acaba quase que por acaso esbarrando numa história imensa e obscura, furando a grande imprensa.

Sua série de reportagens, chamada “Dark Alliance”, investiga a relação da CIA com a guerrilha Contra da Nicarágua, um grupo antissandinista que, aliado à agência de inteligência americana, contrabandeou cocaína para os Estados Unidos, que acabou sendo distribuída na forma de crack em comunidades carentes – especialmente compostas por afroamericanos – de Los Angeles. Os lucros, é claro, ficaram com os guerrilheiros.

A primeira parte de “O Mensageiro” acompanha Webb em sua jornada desvendando essa história, cujo começo está ligado a uma denúncia envolvendo uma mulher (Paz Vega), que pretende salvar o namorado gângster que está sendo julgado. Essa é só a ponta do novelo, que o repórter desenrola, o que envolve uma visita a uma prisão nicaraguense onde entrevista Norwin Meneses (Andy Garcia), uma peça-chave na operação.

Se quando as reportagens começaram a ser publicadas, no ano de 1996, Webb conheceu a fama e a admiração – além de ser premiado – com o tempo, a CIA começou seu contra-ataque, primeiro desqualificando o trabalho do repórter, até acabar de vez com sua carreira. E, quando a história do personagem é atacada, o filme também parece perder sua direção.

Cuesta – trabalhando a partir de um roteiro de Peter Landesman, baseado nas reportagens de Webb, e num livro sobre o jornalista, de Nick Schou – é um dos produtores e diretores da série “Homeland”. E aqui também encontra o mesmo senso de urgência e seriedade do programa de televisão. No entanto, por mais que a história de Webb precise ser contada, quando começa a narrar a queda de seu protagonista – ele foi perseguido não apenas pela CIA, mas também pelos grandes jornais do EUA, que entraram numa campanha disfarçada para desacreditá-lo –, tropeça ao querer proferir grandes verdades sobre o jornalismo. Mas a questão é que primeiramente, verdades absolutas não existem. Quando sustenta algo como “os jornais publicam apenas o que lhes convêm, da forma que for mais interessante para eles mesmos”, o filme se torna óbvio e redundante.

(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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