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Eleitores do Oscar se recusam a ver filme sobre aborto

Diretora de 'Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre' teve acesso a um email de um dos eleitores que se recusava a assistir ao filme

1 mar 2021 - 14h19
(atualizado em 5/3/2021 às 13h27)
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Em 2005, o Oscar elegeu o fraquíssimo Crash como Melhor Filme, porque muitos eleitores se recusaram a assistir o principal candidato, O Segredo de Brokeback Mountain, por ser um romance gay. A história volta se repetir em 2021, com muitos votantes se recusando a assistir Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre, por retratar o aborto adolescente.

Eleitores do Oscar se recusam a ver "Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre"
Eleitores do Oscar se recusam a ver "Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre"
Foto: Divulgação/Focus Features / Pipoca Moderna

A diretora do filme, Eliza Hittman, conseguiu acesso a um email de um dos eleitores da Academia, enviado a uma relações públicas, onde fica claro que "não vi e não gostei" ainda vigora forte entre os autodenominados cristãos que votam no Oscar.

Ela postou a carta em seu Instagram, identificando o autor como o cineasta Kieth Merrill, vencedor de um Oscar em 1973 pelo documentário The Great American Cowboy e indicado em 1997 pelo curta Amazon.

"Recebi o filme, mas como cristão, pai de 8 filhos, avô de 39 netos e ativista pró-vida, eu tenho ZERO interesse em assistir a uma mulher cruzando fronteiras para alguém assassinar seu filho", diz o texto. "75 milhões de nós enxergamos o aborto como a atrocidade que é. Não tem nada heroico sobre uma mãe se esforçando tanto para matar seu filho. Pense nisso!"

Apesar desta atitude, Hittman acrescentou: "Recebi este e-mail ontem à noite e foi um lembrete duro de que a Academia ainda é infelizmente monopolizada por uma guarda velha, branca e puritana. Me pergunto quantos outros jurados não vão assistir ao filme".

Depois, a diretora deletou a postagem.

Em comunicado enviado à revista Variety, a Academia lembrou que os membros não precisam assistir a todos os pré-selecionados para votarem no Melhor Filme.

A carta de Merrill também ajuda a explicar porque o impactante drama romeno 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, de Cristian Mungiu, não foi indicado ao Oscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira em 2008, após vencer a Palma de Ouro no Festival de Cannes.

"Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre" ganhou o Grande Prêmio do Festival de Berlim e está indicado em sete categorias do Film Independent Spirit Awards (o Oscar indie). O filme já está disponível para locação digital no Brasil e estreia no dia 17 de março no Telecine. 

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