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'Quatro Casamentos e um Funeral' conquistou público e crítica em 1994

Comédia romântica escrita por Richard Curtis foi premiada e virou um fenômeno

31 mar 2020 - 05h11
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Foi há menos de 30 anos, mas em 1994, quando Quatro Casamentos e Um Funeral arrebentou nas bilheterias de todo o mundo, incluindo o Brasil, o mercado vivia um momento de euforia, e transformação. Produções independentes criavam novos paradigmas de sucesso, revelavam novos astros e estrelas. Eram filmes como O Máskara, de Chuck Russell, com Jim Carrey e Cameron Diaz, e a comédia de Mike Newell com Hugh Grant e Andie McDowell. Logo os grandes estúdios iam perceber o filão que estavam perdendo e conseguiriam mudar o quadro por meio de associações com os "pequenos", mas essa é outra história.

Mike Newell foi, pelo menos durante duas décadas, um hábil realizador de TV. Em meados dos anos 1980, passou para o cinema e fez filmes como Dançando com Um Estranho e Donnie Brasco. Entre os dois ocorreu o fenômeno Quatro Casamentos, pois o filme foi um fenômeno. Sucesso de público e crítica, ganhou indicações para o Oscar, venceu o César de melhor filme estrangeiro e valeu a Hugh Grant o Bafta e o Globo de Ouro de melhor ator (de comédia). Hugh Grant! Ele já havia participado de filmes de James Ivory - e dividiu o prêmio de interpretação masculina em Veneza com o restante do elenco de Maurice, em 1987 -, mas algo se passou quando fez o Charles de Quatro Casamentos e Um Funeral. A crítica passou a compará-lo a outro Grant, o Cary, que reinou em Hollywood como príncipe da sofisticação, em grandes comédias e clássicos de suspense do mestre Alfred Hitchcock.

No roteiro escrito pelo futuro diretor Richard Curtis, Charles é um inglês charmoso, mais cínico do que romântico, e com dificuldade para assumir relacionamentos. Curtis escreveu depois Um Lugar Chamado Notting Hill, de 1999, antes de se tornar, ele próprio, diretor com a comédia coral Simplesmente Amor, de 2003, e ambos contam com destacadas participações de Hugh Grant. De volta a Charles, a situação começa a mudar quando ele conhece uma norte-americana, Carrie, interpretada por Andie McDowell. Embora atraído por Carrie, a quem conhece num casamento, Charles demora mais três casamentos - e um funeral - para assumir que a ama.

O filme é muito bem escrito, dirigido e interpretado - também por Kristin Scott-Thomas e Simon Callow (como Gareth), entre outros. A construção do tempo é mais do que engenhosa. Há um tempo da alegria, e do envolvimento, marcado pelos casamentos. E há um tempo para a reflexão, provocada pela proximidade da morte.

Justamente, a morte. Há 26 anos, o filme ajudou a popularizar um grande poeta, o anglo-americano W. H. Auden (1907-1973), considerado um dos maiores autores do século 20. Seu poema Blues Fúnebre é recitado no enterro. "Parem todos os relógios, calem o telefone/ impeçam o latido do cão com um osso para a fome,/ silenciem os pianos e com tambores chamem a vinda do caixão, deixem que os desconsolados clamem/ Que aviões circulem no alto, um voo torto,/ Rabiscando no céu a mensagem: ele está morto." Quem faz o padre Gerald é Rowan Atkinson, que, na época, já havia conseguido impor, como ator e roteirista, o personagem Mr. Bean.

Estadão
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