Quem foi Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres em 'Ainda Estou Aqui'
Atriz foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz pelo papel
A história de Eunice Paiva, advogada e ativista de Direitos Humanos, é retratada no longa-metragem Ainda Estou Aqui, do diretor Walter Salles. O filme foi indicado ao Oscar 2025 nesta quinta-feira, 23, em três categorias.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
No drama, Eunice Paiva é vivida por Fernanda Torres, indicada ao Oscar de Melhor Atriz. A atriz se tornou a segunda brasileira a concorrer na categoria -- a primeira foi sua mãe, Fernanda Montenegro, em 1999, por Central do Brasil.
Maria Lucrécia Eunice Facciolla Paiva nasceu em São Paulo em 7 de novembro de 1929. Aos 18 anos, ela se formou no curso de Letras da Universidade Mackenzie. Aos 23, Eunice casou-se com o engenheiro e político Rubens Beyrodt Paiva. O casal teve cinco filhos: Vera, Maria Eliana, Ana Lúcia, Marcelo Rubens Paiva e Maria Beatriz.
A família teve sua história contada no livro Ainda Estou Aqui, lançado em 2015. A obra, que deu origem ao longa-metragem, foi escrita pelo filho do casal, Marcelo Rubens Paiva.
Ná epoca em que ocorreu o golpe militar, em 1964, Rubens Paiva era deputado federal e teve seus direitos cassados. O casal vivia com os filhos no Rio de Janeiro, em um casa no Leblon, bem próxima ao mar. Segundo Marcelo, a residência da família sempre estava cheia de amigos.
No entanto, em janeiro de 1971, a vida da família Paiva virou de cabeça para baixo. Agentes da repressão sequestraram Rubens Paiva, que estava em casa, e o levaram para ser torturado e morto. Eunice Paiva também ficou doze dias confinada, enquanto Eliana, sua filha, ficou detida por 24 horas.
Desde então, ela iniciou a busca incansável pelo paradeiro do marido, sempre encontrando histórias contraditórias entre os militares e autoridades da época. Ela acabou se mudando para São Paulo com a família e, em 1973, iniciou o curso de Direito, no qual se formou aos 47 anos.
A advogada se tornou um símbolo do ativismo contra o regime militar e a favor dos Direitos Humanos. Em 1996, depois de 25 anos, ela conseguiu o atestado de óbito de Rubens Paiva e, em 2012, descobriu que ele havia dado entrada no DOI-CODI, o que confirmou a morte do marido. O corpo nunca foi encontrado.
Eunice Paiva morreu no dia 13 de dezembro de 2018, aos 89 anos, em São Paulo. Ela viveu por 15 anos com Alzheimer.