Rainha Charlotte é melhor que Bridgerton? Spin-off da Netflix traz mais um romance apaixonante para o mundo de Shonda Rhimes
Confira a crítica do AdoroCinema para o spin-off estrelado por Golda Rosheuvel e India Amarteifio.
Bridgerton já era um fenômeno no mundo literário graças aos livros de Julia Quinn. Até que a poderosa produtora Shonda Rhimes viu o potencial dessa história para as telas. Em 2020, Bridgerton surgiu batendo recordes de audiência na Netflix, conquistando o público com romances apaixonantes e versões clássicas de hits pop. Mesmo com quatro temporadas garantidas em sua nova série, a criadora de Grey's Anatomy não ficou satisfeita. Shonda encontrou um outro projeto pessoal nessa franquia: abram alas para Rainha Charlotte!
A personagem de Golda Rosheuvel já era uma das favoritas do público, mas Charlotte ainda representa outro aspecto tão comentado da franquia Bridgerton na TV: a diversidade do elenco na produção Shondaland, que já escalou nomes como Regé Jean Page e Simone Ashley como protagonistas nas duas temporadas iniciais. Alguns historiadores afirmam que a rainha tinha ascendência africana na vida real - e na sociedade ficcional de Bridgerton, isso abriu as portas para interações entre diferentes raças e etnias na elite britânica.
Mas Shonda Rhimes se interessou pelo início dessa história, cuja vida real também é cheia de reviravoltas e momentos dignos de um bom drama. Assim, Rainha Charlotte acompanha a protagonista em dois momentos diferentes da vida: em sua juventude, quando chega à Inglaterra (sendo interpretada pela ótima India Amarteifio); e décadas depois, já estabelecida como rainha, porém preocupada com o futuro da monarquia.
Rainha Charlotte entrega mais um grande romance no mundo Bridgerton
Com apenas seis episódios, Rainha Charlotte segue os passos de Bridgerton; colocando um casal simpático no centro de sua narrativa. Sim, a trama é sobre Charlotte, mas sua história na Inglaterra começa com a paixão pelo marido, o Rei George III (Corey Mylchreest). Como revelado na primeira cena divulgada no TUDUM, os dois personagens têm grande química, algo que só se fortalece ao longo dos capítulos, sendo o grande trunfo da série. Porém, quem acompanha Bridgerton sabe que o monarca sofre com sua saúde - um segredo que podia arruinar a relação com Charlotte. Isso sem contar as várias pressões que a (ainda) inocente protagonista sofre na realeza, não muito longe da nossa realidade atual com Harry & Meghan.
Além disso, o spin-off acompanha as mudanças provocadas pela ascensão de Charlotte ao poder, com a inclusão de diferentes raças na elite. Isso é mostrado através de outra personagem já conhecida do público: Lady Danbury - vivida em Bridgerton por Adjoa Andoh e aqui também vira responsabilidade da talentosa novata Arsema Thomas. O show ainda tem espaço para vislumbres de outros personagens: o leal empregado de Charlotte, Brimsley (Sam Clemmett/Hugh Sachs) tem sua própria história de amor, enquanto vemos uma jovem Violet (Connie Jenkins-Greig) antes de se tornar Lady Violet Bridgerton (Ruth Gemmell).
Rainha Charlotte é um espetáculo para os olhos (e corações)
De modo geral, a trama do passado de Charlotte é mais interessante que o drama "atual" da personagem, mas as duas histórias paralelas se complementam de maneira eficiente. E ajuda bastante ver que Golda Rosheuvel segue sendo uma força da natureza vivendo tal personagem, ao mesmo tempo que India Amarteifio brilha ao trazer parte desse poder, mas numa versão mais insegura e ingênua da rainha.
Dentre as tramas paralelas, é legal acompanhar a dualidade entre Brimsley e Reynolds (Freddie Dennis), o leal empregado do rei George. O relacionamento entre os dois passa por interferências diante de seus deveres com os monarcas e causa momentos bacanas para o spin-off. Já a trama de Lady Danbury começa bem forte, mas se perde na segunda metade da história - o mesmo vale para a jornada de autodescoberta de Violet na época de Bridgerton.
Visualmente, Rainha Charlotte é ainda mais luxuosa que Bridgerton, já que estamos diante de mais figurinos icônicos da protagonista. Em determinado momento, o roteiro aponta que a rainha troca de vestido três vezes por dia, então já dá para imaginar tal vislumbre espetacular. Também existe um bom trabalho na ambientação da direção de arte, enquanto a direção de Tom Verica apresenta alguns momentos inspirados, mas é meramente funcional na maior parte do tempo.
Dá para ver claramente que Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton também é um projeto bem pessoal para Shonda Rhimes, que assina o roteiro de diversos episódios. Por mais que a questão política e racial perca espaço para o romance (assim como acontece nos outros casais de Bridgerton, diga-se de passagem), talvez esse seja o objetivo. Tratar essas diferenças como a normalidade que a sociedade precisa aprender a seguir. E a chave de tudo é o amor - até mesmo naqueles que parecem mais céticos sobre essa visão mais lúdica do mundo. Afinal, queira assumir ou não, todos nós temos corações.
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