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Relembre a trajetória de John Saxon, ator de 'Operação Dragão', morto aos 83 anos

Nascido em 1935, Saxon morreu neste sábado, 25, em Nova York, de pneumonia

26 jul 2020 - 17h44
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Pode ser um sinal dos tempos que John Saxon esteja sendo lembrado somente como o ator que dividiu a cena com Bruce Lee e Jim Kelly em Operação Dragão, de Robert Clouse, e participou do cult - clássico é meio exagerado - de horror A Hora do Pesadelo, de Wes Craven. Sim, ele fez um e outro, mas Saxon tem uma história mais interessante, que vale lembrar. Nasceu em 5 de outubro de 1935, em Nova York. Morreu neste sábado, 25, também em Nova York, de pneumonia. Tinha 83 anos.

Aos 18 anos ele era um good looking guy. Bonitão, atlético, tentou fazer carreira como ator na Universal. Virou contratado do estúdio, que lhe pagava o salário, em troca de pequenos papeis. Só como curiosidade vale destacar que tinha um buddy - amigão. Ambos disputavam as garotas. Saxon até que teve certo sucesso antes, em Rocky Pretty Baby, de Richard Bartlett, e Estação do Amor, de Charles Haas. Seu concorrente era um tal de Clint Eastwwod, que virou protagonista de uma série de TV de faroeste, Rawhide. O diferencial de Clint foi ter ido para a Europa, onde fez a trilogia do Estranho sem Nome com um diretor que virou famoso, Sergio Leone.

O ator em 'Operação Dragão'.
O ator em 'Operação Dragão'.
Foto: Reprodução / Estadão

Saxon também foi para a Itália, mas um pouco mais tarde, e perdeu o bonde da história. Fez um terror de Mario Bava, mas a essa altura a etiqueta de delinquente juvenil já havia colado e ele só era chamado para esse tipo de papel. Filmou com grandes diretores - John Huston, O Passado não Perdoa, Otto Preminger, O Cardeal. O ano de 1966 poderia ter sido decisivo - Saxon fez o clássico de horror e ficção científica de Curtis Harrington, Queen of Blood, e o western Sangue em Sonora, de Sidney J., Furie. Marlon Brando, completamente desinteressado pelo papel, confessou-lhe que precisava do dinheiro para quitar dívidas. Deixou Saxon brilhar como o vilão da história, e ele foi indicado para o Globo de Ouro. A essa altura já estava fazendo artes marciais e terror. O jovem tão promissor dos anos 1950 vitrou um ator característico. Como a dele, existem muitas carreiras na história do cinema. Seria fácil dizer que não teve sorte, que lhe faltaram ligações importantes.

Nada ilustra isso melhor que a seguinte história - em 1962 teve seu maior papel como protagonista de Obsessão de Matar. Ganhou elogios da crítica pelo papel do serial killer que encontra na guerra o campo fecundo para sua compulsão de matar. Ganha medalhas, vira herói. Entre os atores, coadjuvantes, estavam o jovem Robert Redford e o futuro diretor Sydney Pollack. Iniciaram amizade que prosseguiu através de uma série memorável de filmes. John Saxon nunca teve essa sorte.

Estadão
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