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Salas de cinema de SP esperam pelo sinal verde da Prefeitura

Locais de exibição de filmes garantem estar prontos para reabrir e receber público com segurança; infectologistas, porém, divergem

8 set 2020 - 05h12
(atualizado às 07h54)
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Profissionais que trabalham com cinema - desde exibidores e técnicos até atores e produtores - aguardam ansiosamente pelo dia 20 de setembro. É nessa data, segundo noticiou o prefeito Bruno Covas na sexta-feira passada, que pode começar o período (que vai até 10 de outubro) em que a cidade deixará a fase 3 (Amarela) para entrar na 4 (Verde). Com isso, as salas de exibição estarão liberadas a retomar suas atividades, desde que seja seguido um rígido protocolo de segurança sanitária. "Estamos prontos desde julho", anuncia André Sturm, diretor do Petra Belas Artes, relembrando a primeira data de flexibilização de regras prometida pelos governantes, mas que acabou não cumprida.

Instituições cobram governo de São Paulo sobre fechamento de salas de cinema
Instituições cobram governo de São Paulo sobre fechamento de salas de cinema
Foto: Kilyan Sockalingum/ Unsplash

Desde então, iniciou-se um processo de adaptação a partir de protocolos definidos pelas equipes do Plano São Paulo, que é o programa do governo estadual que classifica o nível de quarentena. Os critérios são rígidos, segundo Sturm. "Mais que os da França, México, Costa Rica e Coreia do Sul", observa ele que, se confirmada a liberação a partir do dia 20, promete reabrir as portas quatro dias depois - a expectativa é tamanha que a Warner já prevê estrear no dia 24 um de seus principais lançamentos do ano, Tenet, de Christopher Nolan.

Salas de cinema, teatro, concertos e museus foram as primeiras a serem fechadas, em março, quando a pandemia já avançava. E, por conta dos diversos critérios de segurança, ficaram para o final da fila de reabertura. O longo período provocou inconformismo (especialmente quando outras atividades também consideradas de risco como viajar de avião ou frequentar templos e igrejas foram liberadas) e prejuízos. "Nosso patrocínio garante o pagamento do aluguel do espaço, mas os salários são honrados com o dinheiro da bilheteria", conta Sturm, que conseguiu amenizar a situação com um crowdfunding e a abertura do drive-in no Memorial da América Latina. Mesmo assim, precisou dispensar dois funcionários.

O protocolo de reabertura divulgado sábado, pela Prefeitura, é extenso (oito páginas) e trouxe uma boa notícia: cada sala poderá funcionar por 8 horas diárias e receber até 60% de sua capacidade máxima e não 40%, como aguardavam os exibidores. E, nos primeiros 28 dias em que o município estiver na fase verde, esse porcentual estará limitado a 200 pessoas, podendo chegar a 500 depois desse período, se não houver regressão de fase.

As questões de higiene são as conhecidas, como a medição de temperatura e o uso constante de máscara e do álcool em gel, que deverá estar disponível em diversos pontos. As salas deverão também passar por um processo de desinfecção prévia antes e depois de cada sessão, e a ocupação das poltronas terá de ser intercalada. "Já estamos preparados para isso, pois a bilheterias têm um software que bloqueia automaticamente os assentos do lado esquerdo e do direito do lugar escolhido", explica Sturm, explicando a necessidade de se manter venda na bilheteria. "Cerca de 92% dos bilhetes são adquiridos lá, pois nem todos conseguem comprar pela internet."

O protocolo prevê ainda um escalonamento na saída dos espectadores, começando pelas fileiras mais próximas das portas até chegar às mais distantes. Já o sistema de ar condicionado, considerado o ponto mais frágil para a reabertura das salas, é seguro, garantem os exibidores. Isso porque a entrada e a saída de ar são feitas por dutos separados, o que garante a troca segura e frequente de ar dentro das salas. "Investimos R$ 1,5 milhão nesse sistema no Belas Artes", explica Sturm, contando que vai reabrir 4 das 6 salas do complexo. "Justamente as que têm portas para a rua e que serão abertas entre as sessões."

Apesar das garantias, ainda há restrições para a reabertura. "Estamos com índice de infecção muito alta e já foi demonstrado recentemente que indivíduos infectados e assintomáticos têm uma capacidade de transmissão alta. Além disso, o uso de máscara leva a proteção, mas não é 100% segura - ainda mais em ambientes fechados como os cinemas", comenta João Viola, presidente do comitê científico da Sociedade Brasileira de Imunologia.

Para ele, o distanciamento entre as cadeiras e espaçamento das sessões não são suficientes como medida de prevenção. "Mesmo os países que foram bem sucedidos na controle da infecção, como a Nova Zelândia, tiveram pequenos focos de segunda onda de infecção quando abriram as atividades, tendo que fazer novos fechamentos." / COLABOROU LARISSA GASPAR

Estadão
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