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Elton John reabre feridas emocionais em novo filme e diz não gostar da palavra 'queer'

Documentário recém-lançado no streaming ignora os recentes problemas de saúde do cantor de 77 anos ao revisitar os altos e baixos de uma vida regada a abusos, vícios e traumas

2 jan 2025 - 20h11
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Sir Elton John, lenda da música pop, aposentado dos palcos aos 77 anos, recentemente assustou os fãs ao revelar que perdeu a visão do olho esquerdo após contrair uma infecção durante uma viagem em julho pela França. Em setembro, ao lançar o documentário Elton John: Never Too Late no Festival de Cinema de Nova York, o cantor ainda afirmou: "Não sobrou muito de mim. Não tenho amígdalas, adenoides nem apêndice. Também não possuo próstata, quadril direito ou joelhos".

Elton John reabre as principais feridas emocionais de sua vida em documentário dirigido por seu marido David Furnish e o cineasta R. J. Cutler
Elton John reabre as principais feridas emocionais de sua vida em documentário dirigido por seu marido David Furnish e o cineasta R. J. Cutler
Foto: Divulgação/Disney/This Machine / Estadão

Por isso, havia expectativa que a cegueira e os demais problemas de saúde recentes do músico pudessem ser abordados no novo filme de 1h40, recém-disponibilizado no Disney+. Mas não é o caso.

Ao invés disso, Reginald Dwight (seu nome de batismo) reabre as principais feridas emocionais de sua vida - que já tinham sido expostas no honestíssimo livro de memórias Eu, Elton John (Editora Planeta) - em uma produção sem maiores novidades dirigida por seu marido David Furnish e o cineasta R. J. Cutler, cujo currículo inclui trabalhos do mesmo gênero sobre famosos como Billie Eilish, John Belushi e Marlon Brando.

A simbiose com a autobiografia publicada em 2019 é revelada nos minutos iniciais do longa-metragem: uma introdução esclarece que os depoimentos do roqueiro utilizados são oriundos de horas de entrevistas conduzidas por Alexis Petridis, jornalista ghostwriter que o ajudou na concepção do livro.

As narrações são sobrepostas a imagens antigas e intercaladas a filmagens recentes da turnê de despedida Farewell Yellow Brick Road (que não passou pelo Brasil), cujo último concerto norte-americano se deu no Dodger Stadium, em Los Angeles, um dos palcos mais importantes dos 50 anos de carreira do mito. A gravação do show épico, com participação de Dua Lipa, está disponível na íntegra na plataforma e rendeu a Elton o status de EGOT (termo usado para designar os raros artistas que ganharam Emmy, Grammy, Oscar e Tony - os quatro principais prêmios do entretenimento).

Ao longo do documentário, o 'Capitão Fantástico' nos leva de volta no tempo para repassar os altos e baixos de uma vida regada a abusos, traumas e vícios - desde a infância "repleta de medo", quando ele era agredido pelos pais, passando pela amizade com o letrista Bernie Taupin e a relação tóxica com o empresário John Reid (seu primeiro amor, com quem passou a cheirar cocaína e trocar socos após traições), até o auge nos anos 70 com os hits Your Song, Crocodile Rock, Rocket Man e Tiny Dancer, além das dificuldades para se assumir gay.

O problema é que todos esses aspectos, no entanto, já foram abordados na cinebiografia Rocketman (2019), estrelada por Taron Egerton, e são familiares aos fãs. Outra história conhecida e revisitada é a célebre parceria com o beatle John Lennon, em 1974. Os dois astros colaboraram na canção Whatever Gets You Thru the Night e depois se juntaram no palco do Madison Square Garden, em Nova York, para duetos históricos.

No meio disso tudo, chamou a atenção um momento no qual vemos Elton apresentar, nos dias atuais, seu programa de rádio Rocket Hour, veiculado na Apple Music, onde ele costuma apresentar novos talentos da indústria musical. Certa hora, antes de entrevistar uma jovem cantora defensora das causas LGBT, o veterano lê um release que a define como uma 'artista queer'. Ele logo dispara: "Não gosto da palavra 'queer'", sem justificar o motivo. "Mas é [o termo] mais politicamente correto", retruca o cônjuge David.

O projeto também serve de plataforma para a divulgação da canção inédita Never Too Late, que aparece nos créditos finais e foi pré-indicada ao Oscar na shortlist da categoria Melhor Canção Original. A balada foi coescrita por Elton e pela cantora americana Brandi Carlile no verão de 2023 - não confundir com a faixa de mesmo nome feita em 2019 para o remake live-action de O Rei Leão.

Em suma, temos um competente registro audiovisual sobre um dos maiores símbolos culturais da história, que "ainda está de pé após todo esse tempo" (conforme ele cantou no clássico I'm Still Standing) e foi capaz de fugir da solidão em busca do amor. Foi por causa do marido e dos dois filhos pequenos, inclusive, que ele abandonou os palcos.

O filme também reafirma o compromisso da Disney+ com o catálogo musical do serviço, que já acumula obras dedicadas aos Beatles, aos Beach Boys, a Bon Jovi, a John Williams e a Taylor Swift, entre outros. A expectativa é que produções similares e mais ousadas possam vir à luz no futuro.

Elton John se apresenta em show no Allianz Parque, na zona oeste de São Paulo, em 2017
Elton John se apresenta em show no Allianz Parque, na zona oeste de São Paulo, em 2017
Foto: Werther Santana/Estadão / Estadão
Filme nos leva de volta no tempo para contar os altos e baixos de Elton John - uma vida regada a abusos, traumas e vícios
Filme nos leva de volta no tempo para contar os altos e baixos de Elton John - uma vida regada a abusos, traumas e vícios
Foto: Divulgação/Sam Emerson/Disney / Estadão
Elton John reabre as principais feridas emocionais de sua vida em documentário dirigido por seu marido David Furnish e o cineasta R. J. Cutler
Elton John reabre as principais feridas emocionais de sua vida em documentário dirigido por seu marido David Furnish e o cineasta R. J. Cutler
Foto: Divulgação/Disney/This Machine / Estadão
Estadão
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