Paramount+ desiste de série histórica sobre o jornal "O Pasquim"
A produção segue nas mãos do ator João Vicente de Castro, que interpreta um dos fundadores do veículo
A Paramount+ desistiu de produzir uma série histórica sobre o jornal "O Pasquim", estrelada por João Vicente de Castro no papel de seu pai, Tarso de Castro, um dos fundadores do veículo. A história segue nas mãos do artista, que deve buscar outra produtora para continuar o projeto iniciado em 2022. A informação foi dada nesta sexta-feira (12/7) pela coluna Play, do jornal O Globo.
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O cancelamento foi uma decisão da própria Paramount Global, responsável pela plataforma de streaming, que atravessa uma grande fase de reestruturação e decidiu interromper por ora as produções no Brasil, como é o caso de "Cenas de um crime", que já está gravada e sequer recebeu uma previsão de estreia.
Vale mencionar que, nesta semana, a empresa internacional anunciou a fusão com a Skydance Media, produtora de filmes como "O Exterminador do Futuro: Gênesis" (2015), "Top Gun: Maverick" (2022) e "Missão: Impossível - Acerto De Contas" (2023).
História do jornal
"O Pasquim" foi fundado em 1969 por Tarso de Castro, Jaguar e Sérgio Cabral para enfrentar a ditadura militar com uma revolução comportamental. A publicação, editada até 1991, abordava temas como sexo, drogas, feminismo e trazia muitas tiras de humor, incomodando para valer a dita "moral e os bons costumes" que a ditatura pretendia impor com a força da censura no Brasil.
De fato, em função de uma entrevista lendária feita com Leila Diniz em 1969, foi instaurada a censura prévia aos meios de comunicação no país, a infame Lei de Imprensa, que por um tempo se tornou popularmente conhecida pelo nome da atriz.
Em novembro de 1970, a maior parte da redação de "O Pasquim" foi presa porque o jornal ousou satirizar o célebre quadro da Proclamação da Independência, de Pedro Américo. Mas Millôr Fernandes, que escapou da prisão, manteve o jornal funcionando com colaborações de Chico Buarque, Antônio Callado, Rubem Fonseca, Odete Lara, Glauber Rocha e diversos intelectuais cariocas, vendendo cerca de 100 mil exemplares por semana.
Ao longo de sua trajetória icônica, o veículo também contou com colaborações de Ziraldo, Manoel "Ciribelli" Braga, Miguel Paiva, Prósperi, Luiz Carlos Maciel, Henfil, Paulo Francis, Ivan Lessa, Carlos Leonam, Sérgio Augusto, Ruy Castro, Fausto Wolff, Claudius e Fortuna.
O comunicador Tarso de Castro foi editor de 80 edições do jornal e morreu de cirrose hepática em maio de 1991, aos 49 anos. Seis meses depois, "O Pasquim" fechou as portas.