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Retrospectiva | Os 10 melhores filmes animados de 2024

Animes superam produções americanas em ano marcado por bons lançamentos internacionais

31 dez 2024 - 20h57
(atualizado às 21h09)
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Foto: Divulgação/Studio Ghibli / Pipoca Moderna

Animes superam animações americanas na lista dos destaques animados de 2024. Mais interessante ainda: o melhor desenho de Hollywood não é da Pixar e a Disney perde para atrações internacionais de países sem tradição no formato, apesar do sucesso comercial de "Moana 2", que é apenas mediano. Confira a lista dos melhores títulos.

 

O MENINO E A GARÇA | NETFLIX

 

O aclamado animador Hayao Miyazaki, vencedor do Oscar por "A Viagem de Chihiro" (2001), saiu da aposentadoria para criar uma última obra-prima e conquistar outra indicação à estatueta de Melhor Animação. Ambientada no Japão durante a 2ª Guerra Mundial, o filme segue o jovem Mahito, levado para o campo após a morte de sua mãe durante um bombardeio em Tóquio. Lá, ele se depara com uma garça cinzenta misteriosa que o conduz a um mundo mágico. Neste mundo, o tempo e o espaço são fluidos, permitindo ao garoto visitar diferentes épocas e lugares.

A jornada de Mahito neste mundo mágico, onde encontra uma variedade de personagens estranhos, é uma busca por respostas e compreensão. Ele está determinado a encontrar sua mãe e trazer alguma ordem para sua vida, que foi virada de cabeça para baixo pela guerra e pela perda. A história é uma reflexão sobre a vida, a morte e a aceitação, contada no estilo inconfundível de Miyazaki, o maior diretor vivo de animação.

A produção incorpora diversos elementos que são marcas registradas do grande mestre dos animes, a começar pelo protagonista jovem. Mahito, o personagem principal, é um garoto que enfrenta desafios e amadurece ao longo da trama, um aspecto comum nas histórias de Miyazaki. A interação da humanidade com a natureza e sombra da guerra é outra constante. Além disso, a presença de seres fantásticos e excêntricos, incluindo um exército de periquitos devoradores de carne, também está alinhada à habilidade do cineasta em criar personagens memoráveis.

 

LOOK BACK | PRIME VIDEO

 

O anime belíssimo é adaptação da obra homônima do renomado mangaká Tatsuki Fujimoto. Completamente diferente dos mangás mais conhecidos do autor, "Chainsaw Man" e "Fire Punch", notórios pela violência, "Look Back" se destaca por sua narrativa sensível e introspectiva. A história gira em torno de duas jovens garotas, a andrógina Fujino e Kyomoto, que compartilham o amor pelos mangás e desenvolvem uma forte amizade e parceria criativa ao longo dos anos. O enredo explora temas como a solidão, a busca pela perfeição artística, o impacto da crítica e o luto, tornando-se um retrato poderoso sobre o crescimento pessoal e as complexidades da criação artística.

Roteiro e direção são de Kiyotaka Oshiyama, animador de "O Menino e a Graça", "Estrada do Pinguim" e da série de "Chainsaw Man", que mescla traços simples com um visual estilizado capaz de evocar profundidade emocional. O uso das cores, a trilha sonora sutil e os momentos de silêncio intensificam o peso emocional da obra, fazendo com que "Look Back" seja uma experiência sensorial que vai além da animação convencional, enquanto também aborda os bastidores da indústria dos mangás.

 

ROBÔ SELVAGEM | VOD*

 

A nova animação da Dreamworks é o quarto sucesso assinado pelo cineasta Chris Sanders, de "Lilo & Stitch", "Como Treinar o Seu Dragão" e "Os Croods". Em seu lançamento nos EUA, o desenho atingiu 98% de aprovação crítica no Rotten Tomatoes e estreou em 1º lugar nas bilheterias.

O enredo, que junta elementos de "Wall-e", da Pixar, e do clássico "Bambi", da Disney, ao mesmo tempo em que se diferencia das referências de forma original e criativa, é uma adaptação do livro ilustrado de mesmo nome, escrito por Peter Brown. A história segue a jornada de um robô - unidade ROZZUM 7134, ou Roz para abreviar - que naufraga em uma ilha remota e deve aprender a se adaptar ao ambiente severo, construindo gradualmente relacionamentos com os animais na ilha, até se ver no papel de mãe adotiva de um ganso órfão. O visual é deslumbrante e o desenvolvimento cativa completamente.

A seleção de vozes originais é repleta de atores famosos, como Lupita Nyong'o ("Pantera Negra"), Pedro Pascal ("The Last of Us"), Catherine O'Hara ("Argylle: O Superespião"), Bill Nighy ("Viver"), Kit Connor ("Heartstopper"), Stephanie Hsu ("Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo"), Mark Hamill ("Star Wars: A Ascensão Skywalker"), Matt Berry ("What We Do in the Shadows") e Ving Rhames ("Missão: Impossível - Ajuste de Contas"). Por sua vez, a dublagem brasileira traz Elina de Souza ("Poliana Moça") e Gabriel Leone ("Senna") como as vozes dos personagens principais.

 

MEU AMIGO ROBÔ | MUBI

 

A animação sem diálogos é uma fantasia gentilmente excêntrica, ambientada numa versão animada da Nova York dos anos 1980, povoada exclusivamente por animais antropomórficos e robôs surpreendentemente sensíveis. A produção que dispensa falas em favor de uma narrativa visual expressiva é baseada na graphic novel de 2007 de Sara Varon, que originalmente tinha um público-alvo jovem. A adaptação, no entanto, mergulha em nostalgia pela Nova York da era Reagan e numa atmosfera de melancolia que apela a um público mais velho.

Premiado no Annie Awards 2023 (o Oscar da animação) como Melhor Filme Independente, a obra do espanhol Pablo Berger (da versão muda de "Branca de Neve") explora a relação entre dois personagens principais, um cão e um robô, que vivem uma amizade caracterizada por um companheirismo potencialmente queer, mas mantido em castidade. A história segue o cão, vivendo uma vida solitária no East Village, cuja rotina é interrompida ao montar um robô de um kit que ele compra, inspirado por um infomercial. A amizade entre o cão e o robô floresce através de atividades compartilhadas, como passeios turísticos e patinação no Central Park, ao som de "September" de Earth, Wind and Fire. No entanto, a separação inevitável ocorre quando o companheiro mecânico enferruja após um dia na praia, forçando o cão a enfrentar o inverno sozinho, enquanto o robô se deteriora, sonhando com um reencontro.

"Meu Amigo Robô" aborda temas de amor, perda e amizade, sugerindo que relacionamentos finitos não são necessariamente fracassados. A narrativa comovente também se destaca por suas referências visuais inteligentes aos anos 1980 e à vida nas ruas de Nova York, explorando as alegrias e tristezas da vida urbana e a busca por conexão em um mundo frequentemente indiferente.

 

DIVERTIDA MENTE 2 | DISNEY+

 

O novo sucesso da Pixar, que virou a maior bilheteria da animação em todos os tempos, continua a história de Riley, uma menina em crescimento que precisa lidar com novas emoções ao entrar na adolescência. Vencedor do Oscar, o primeiro "Divertida Mente" mostrou como Riley enfrenta sentimentos conflitantes ao se mudar do Meio-Oeste dos EUA para San Francisco, fazendo suas emoções, Alegria (voz original de Amy Poehler), Medo (Tony Hale), Raiva (Lewis Black), Nojinho (Liza Lapira) e Tristeza (Phyllis Smith), se virarem no centro de controle emocional da menina, para ajudá-la com orientações diárias a superar as dificuldades.

A sequência voltou a arrancar elogios da crítica (91% de aprovação no Rotten Tomatoes) ao acompanhar a evolução mental de Riley, conforme ela entra na puberdade. Agora, as cinco emoções originais descobrem que têm que compartilhar seu centro de controle com emoções novas, que as consideram muito limitadas e planejam um golpe para assumir o poder. As novas emoções são Ansiedade, dublada por Maya Hawke ("Stranger Things"), Inveja com a voz de Ayo Edebiri ("O Urso"), Tédio dublado pela francesa Adèle Exarchopoulos ("Azul é a Cor Mais Quente") e Vergonha com voz de Paul Walter Hauser ("O Caso Richard Jewell"). No Brasil, Tatá Werneck dá voz à Ansiedade, a principal emoção nova.

O roteiro foi escrito por Meg LeFauve, que participou da criação de "Divertida Mente" como co-roteirista do longa original. Já Pete Docter, que dirigiu a obra premiada, virou o poderoso chefão da Pixar em 2018 e, desde o lançamento de "Soul" (2020), tem se concentrado no trabalho executivo. Em seu lugar, a continuação é dirigida por Kelsey Mann, que estreia na função após trabalhar na animação de outros filmes da Pixar, como "Universidade Monstros" (2013), "O Bom Dinossauro" (2015) e "Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica" (2020).

 

A VIAGEM DE ERNESTO E CELESTINE | VOD*

 

A animação francesa dá continuidade à amizade encantadora entre o urso Ernesto e a ratinha Celestine, introduzidos no filme "Ernesto & Celestine", que foi indicado ao Oscar em 2014. Nesta sequência, dirigida por Julien Chheng (animador do primeiro filme) e Jean-Christophe Roger (diretor da série dos personagens), a dupla parte para uma aventura na cidade natal de Ernesto, Gibberitia, onde descobrem que a música, essencial para a comunidade, foi proibida pelo pai do ursão, o juiz do estado. O enredo gira em torno dos esforços de Ernesto e Celestine para restaurar a liberdade musical na cidade, enfrentando desafios e descobrindo a importância da expressão artística.

A narrativa é enriquecida pelo contraste entre a visão otimista de Celestine e o pessimismo de Ernesto, criando uma dinâmica que aborda questões de esperança, amizade e resiliência frente às adversidades. Destinada ao público infantil, a obra mescla a leveza da animação com reflexões sobre arte, cultura, política e relações familiares. Com uma estética delicada, de ilustrações que transmitem emoção e detalhes em cada cena, o desenho reflete a beleza da arte como pilar da sociedade, e a luta contra a censura e a importância da liberdade criativa.

 

PROIBIDO A CÃES E ITALIANOS

 

A animação adulta em stop-motion explora a migração italiana no início do século 20. O drama biográfico foca na jornada de Luigi Ughetto, avô do diretor Alain Ughetto ("Jasmine"), que deixa sua terra natal na Itália em busca de uma vida melhor na França. Diante das dificuldades econômicas e sociais em Ughettera, uma vila no norte da Itália, Luigi decide cruzar os Alpes e iniciar uma nova vida, mudando o destino de sua família para sempre.

O trabalho delicado mescla poesia e realismo, contextualizando a xenofobia e a dura realidade dos italianos que buscavam novas oportunidades em terras estrangeiras, ao mesmo tempo em que introduz cenas líricas, com Alain Ughetto dialogando ficcionalmente com sua falecida avó, Cesira, para recriar as memórias familiares e dar uma dimensão universal à experiência dos imigrantes. A obra já passou por diversos festivais internacionais e recebeu prêmios importantes, como o Prêmio do Júri no Festival de Animação de Annecy e o troféu de Melhor Filme de Animação da Academia Europeia de Cinema.

 

O IMAGINÁRIO | NETFLIX

 

O anime sensível acompanha Rudger, amigo imaginário de uma menina chamada Amanda, com quem ele explora aventuras de faz de conta. Enquanto a mãe de Amanda se preocupe com a amizade da filha com um menino inexistente, Rudger também tem suas próprias preocupações, que se intensificam ao descobrir que existem outros amigos imaginários, na verdade uma cidade inteira deles, e que todos foram esquecidos por crianças que cresceram. Relutando em aceitar que será esquecido por Amanda, ele passa a enfrentar uma ameaça misteriosa que atormenta a todos os imaginários.

Embora a trama evoque temas do filme recente "Amigos Imaginários" (2024), ela é baseada no livro homônimo de A.F. Harrold, lançado em 2014, e possuiu um tom dramático que não existe na comédia estrelada por Ryan Reynolds.

"O Imaginário" é o primeiro longa-metragem do Studio Ponoc desde "Mary e a Flor da Feiticeira" (2017). O roteiro e a produção são de Yoshiaki Nishimura, indicado ao Oscar por "O Conto da Princesa Kaguya" (2013) e "As Memórias de Marnie" (2014), e a direção é assinada por Yoshiyuki Momose, animador veterano que trabalhou em vários clássicos do estúdio Ghibli, como "O Túmulo dos Vagalumes" (1988), "Princesa Mononoke" (1997) e o vencedor do Oscar "A Viagem de Chihiro" (2001).

 

A OUTRA FORMA

 

A animação do colombiano Diego Felipe Guzman ("Cuentos de Viejos") apresenta uma sociedade futurista onde a conformidade geométrica dita a posição social dos indivíduos. Nesse universo, a humanidade construiu um paraíso artificial quadrado na superfície da Lua, acessível apenas àqueles que possuem cabeças quadradas. Para se adequar, as pessoas submetem-se a prensas, aparelhos corretivos e cirurgias estéticas que moldam seus corpos em formas cúbicas. A trama acompanha um homem obcecado em se encaixar nesse padrão geométrico, enfrentando o dilema de se conformar ou liberar sua verdadeira forma interior. O filme é notável por ser desprovido de diálogos, conduzindo a história por meio de imagens e sons, o que intensifica sua crítica à sociedade contemporânea e à pressão para se encaixar em padrões estabelecidos.

A obra é uma coprodução entre Colômbia e Brasil, com participação do Estúdio GIZ, e foi premiada no Festival de Sitges em 2022, onde recebeu o prêmio de Melhor Filme de Animação. Também foi indicado ao prêmio Contrachamp no Festival Internacional de Animação de Annecy e venceu o troféu de Melhor Longa-Metragem no Festival Internacional de Animação Chilemonos.

 

NAYOLA, EM BUSCA DE MINHA ANCESTRALIDADE

 

A animação adulta portuguesa acompanha três gerações de mulheres angolanas afetadas pela guerra civil que durou 25 anos: Lelena (a avó), Nayola (a filha) e Yara (a neta). A trama alterna entre passado e presente, mostrando Nayola em busca de seu marido desaparecido durante o conflito e, décadas depois, Yara como uma jovem rapper e ativista política. A trama aborda temas como amor, esperança e os impactos duradouros da guerra, e foi inspirada na peça "A Caixa Preta", de José Eduardo Agualusa e Mia Couto. Primeiro longa de José Miguel Ribeiro, conhecido por curtas de animação premiados, "Nayola" conquistou reconhecimento de diversos festivais internacionais, de Guadalajara no México à Mostra de São Paulo, passando pela consagração no troféu de Melhor Animação da Academia Portuguesa.

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