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Sexo, sangue e poder: por que "Saltburn" é o filme mais polêmico da temporada?

Longa estrelado por Jacob Elordi e Barry Keoghan está disponível no Prime Video, e vem gerando debates acalorados nas redes sociais.

3 jan 2024 - 13h25
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Jacob Elordi interpreta o aristocrata Felix em "Saltburn"
Jacob Elordi interpreta o aristocrata Felix em "Saltburn"
Foto: Redação Entre Telas

Foi na reta-final de 2023 que chegou ao Prime Video o filme que vem, desde então, dividindo opiniões nas bolhas das redes sociais. "Saltburn", segundo trabalho de Emerald Fennell ("Bela Vingança") na direção, é o grande assunto do momento entre entusiastas do cinema, e chegou recheado de polêmicas. Mas, afinal, por que o título se tornou tão controverso?

A história de "Saltburn" é relativamente simples: lutando para encontrar seu lugar na Universidade de Oxford, o estudante Oliver Quick (Barry Keoghan, de "Eternos") se vê atraído para o mundo do charmoso e aristocrático Felix Catton (Jacob Elordi, de "Euphoria"), que o convida para passar um verão inesquecível em Saltburn, a extensa propriedade de sua excêntrica família. Richard E. Grant, Carey Mulligan e Rosamund Pike completam o elenco estrelado.

A obsessão de Oliver com Felix leva o filme para um lado que mistura drama erótico com luta de classes, provocações políticas e muito, muito choque. Por isso, há duas vertentes do debate: de um, há quem considere o filme um grande comentário sobre a aristocracia, alta classe e o fator atraente do poder. Do outro, muitos consideram a trama uma mistura de provocações chamativas e vazias, com cenas milimetricamente criadas para gerarem alguma suposta polêmica que não tem nada a dizer.

Toda a controvérsia começou diante da expectativa por cenas que geraram todo tipo de reação, de repulsa a nojo e tensão, mesmo nas exibições prévias da obra. A mais falada delas é uma cena na banheira, em que Oliver lambe o que restou da água do banho de Felix --em que, diga-se de passagem, o rapaz também se masturbava poucos minutos antes. Para a diretora, a cena demonstra a contradição de Oliver, na condição de um narrador não-confiável da trama que dizia não estar apaixonado pelo amigo, mas que demonstra aqui toda a sua obsessão com o mesmo. 

"A banheira foi a primeira coisa, a primeira imagem que me veio à mente", contou Fennell à EW. "Era o garoto dizendo: 'Eu não estava apaixonado por ele', e esse mesmo rapaz lambendo a banheira. Aquilo era o centro do filme para mim, essa espécie de narrador inconfiável, alguém que estava claramente lidando com extremo desejo e com dificuldades de aceitar [isso]."

Esta, no entanto, talvez seja uma das cenas mais leves do filme, que tem também uma cena gráfica envolvendo sexo e menstruação e outra, nos minutos finais, que promete assombrar pesadelos de muitos dos espectadores. 

Barry Keoghan vive Oliver Quick em "Saltburn"
Barry Keoghan vive Oliver Quick em "Saltburn"
Foto: Redação Entre Telas

A estranheza de todos esses momentos reunidos foi o suficiente para criar polêmica nas redes sociais, sobretudo entre uma geração de espectadores que discute com muito afinco a necessidade de cenas de sexo em filmes e séries. No entanto, o debate foi além após a estreia do filme. 

"Apesar da presença de atores que admiro e de muitos cenários impressionantes, eu fiquei estranhamente desinteressado. Nas cenas finais, achei um filme arrogante e cínico, menos inteligente do que ele se considera ser", opinou Nate Jones, da revista Vulture. "Tudo pareceu calculado, provocação apenas por provocar", disse, sobre as cenas mais intensas. 

Do lado da defesa, no entanto, muitos enxergam o interesse de Fennell naqueles personagens para além da política: 

"Como roteirista, ela é uma pesquisadora e escavadora astuta, e se baseou de forma muito clara na primeira parte do romance Retorno a Brideshead, de Evelyn Waugh", contextualiza Marc Harris, da revista Slate. "A história que ela cria é desconfortável, mas acredito que é feroz e confiante. E também muito má! Há muitas histórias sobre pessoas imperfeitas tentando fazer o bem (...), mas toda salada precisa de um pouco de vinagre. Não deveríamos ter medo de filmes que fazem a gente se contorcer, isso pode fazer com que aceitemos nossa própria inquietação", reflete.

Seja entre os apoiadores ou detratores, o certo é que "Saltburn" tem gerado debates que há muito não se via no cinema. As respostas viscerais às cenas mais inquietantes, para a diretora, é algo que eleva a arte. Para o Prime Video, a divisão de opiniões também gera um efeito positivo: o filme já é um dos mais vistos da plataforma, e os números só tendem a crescer.

Fonte: Redação Entre Telas
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