Sônia Braga vê sociedade carente de empatia na quarentena
Na opinião da atriz, antes mesmo da pandemia e da atual polarização política no Brasil e nos EUA, os países já demonstravam sinais de piora
A atriz Sônia Braga diz ver com preocupação o futuro de uma sociedade que "perdeu a empatia", o que considera ser o principal problema durante a pandemia do novo coronavírus, sentida com mais intensidade nos países aos quais está diretamente ligada: Brasil, onde nasceu, e Estados Unidos, onde reside há anos.
Em entrevista por telefone à Agência Efe, a artista, de sua residência em Nova York, afirmou que "o mundo está louco atualmente" e que "a falta de empatia, essa carência, é o grande problema do mundo".
Na opinião da atriz, antes mesmo da pandemia e da atual polarização política no Brasil e nos EUA, os países já demonstravam sinais de piora.
"Sem a pandemia, antes de tudo isto, a humanidade estava perdendo a capacidade de cuidar dos outros, de sentir sua dor, sua felicidade", lamentou.
Sônia Braga está no elenco de Fátima, filme dirigido por Marco Pontecorvo e lançado no fim de semana passado nos Estados Unidos, por streaming. O longa-metragem conta a aparição de Nossa Senhora na Cova da Iria, em 1917, que transformou a cidade portuguesa de Fátima em um centro de peregrinação mundial.
"Quando gravamos este filme, contávamos o final da Primeira Guerra Mundial, e nunca pensávamos que veríamos circunstâncias tão difíceis como a da atual pandemia", confessou.
Um fenômeno religioso no debate político
Coprodução entre Estados Unidos e Portugal, o filme, longe de se aprofundar em conotações religiosas, lembra as tensões políticas que Portugal vivia após a Revolução de 1910 e a Primeira Guerra Mundial, que afetaram um país que caminhava rumo à democracia e à modernidade.
"Eu não sabia o que significava historicamente, o momento que Portugal vivia e o debate que existia sobre a separação do Estado e da Igreja. Sabemos desses relatos de maneira muito simples", analisou a atriz.
Braga, que não se considera religiosa, interpreta no filme a irmã Lúcia, uma das crianças que informa sobre a aparição, na fase adulta.
O roteiro combina imagens de 1917 com um encontro que a religiosa teve, já adulta, com um professor cético a respeito dos milagres e que está trabalhando em um livro.
"Também houve tensões dentro da própria Igreja, foi um marco na história deste lugar", comentou Sônia Braga, ao opinar que estudar religiões traz "conhecimento, respeito e tolerância", sejam quais forem as suas crenças.