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Três mitos (e três verdades estranhas) sobre 'O Mágico de Oz'

Independentemente do que você vê no TikTok, um Munchkin não se enforcou no set, e o Pink Floyd não sincronizou secretamente Dark Side of the Moon com o filme

28 nov 2024 - 14h36
(atualizado às 15h05)
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Judy Garland, como a personagem Dorothy Gale, segura Totó em uma foto de 'O Mágico de Oz'.
Judy Garland, como a personagem Dorothy Gale, segura Totó em uma foto de 'O Mágico de Oz'.
Foto: Herbert Dorfman/Corbis/Getty Images / Rolling Stone Brasil

O Mágico de Oz foi um fenômeno da cultura pop desde o minuto em que o livro original de Frank Baum foi lançado em 1900. Uma adaptação musical chegou aos palcos dos Estados Unidos apenas dois anos depois, e um filme mudo de 15 minutos seguiu em 1910, quando Hollywood ainda estava dando os primeiros passos. Um filme muito melhor veio no auge da era do cinema mudo em 1925, com Oliver Hardy. Nos últimos 100 anos, muitos projetos relacionados ao Mágico de Oz foram produzidos, o que culminou no lançamento de Wicked nos cinemas.

Mas uma adaptação de O Mágico de Oz se sobressai a todas as outras, até mesmo Wicked. Estamos falando, é claro, do filme da MGM de 1939 estrelado por Judy Garland. Foi uma sensação quando estreou nos cinemas, justo quando os filmes em preto e branco estavam dando lugar ao Technicolor, e sua lenda só cresceu nas décadas que se seguiram graças às incontáveis reprises na televisão. Entreter crianças de hoje com qualquer filme feito antes de 1980 é algo muito difícil, mas a magia de O Mágico de Oz raramente deixa de cativar.

O filme também inspirou mais mitos e lendas urbanas do que qualquer outro na história de Hollywood. Muitos de nós ouvimos essas histórias quando crianças, e era muito difícil desmenti-las antes da Internet - e mesmo agora, elas ainda circulam no TikTok e no X (antigo Twitter). Há algo na natureza surreal do filme que faz com que qualquer coisa pareça possível sobre sua produção, não importa quão absurda seja a alegação. E de fato, coisas muito estranhas e infelizes aconteceram durante as filmagens.

Aqui está uma olhada em seis delas.

Falso: Um Munchkin não se enforcou no set.

Image may contain Human Person Clothing Apparel Festival Crowd Performer and Plant
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Foto: Rolling Stone Brasil

O que é um Munchkin?

No contexto de O Mágico de Oz, Munchkin é o termo usado para descrever os habitantes de Munchkinland, uma região de Oz. Eles são pequenos em estatura, alegres e conhecidos por suas roupas. No filme de 1939, os Munchkins dão as boas-vindas a Dorothy ao chegarem ao mundo mágico após o ciclone.Ainda hoje, o termo "Munchkin" é usado como sinônimo de algo pequeno ou ''encantador''.

O mito mais persistente sobre o filme envolve um ator que supostamente cometeu suicídio no set. A história varia, mas geralmente envolve um membro da trupe Singer Midgets que se enforcou após uma atriz Munchkin rejeitar suas investidas românticas. Supostamente, você pode vê-lo balançando nas vigas ao fundo quando Dorothy, o Espantalho e o Homem de Lata entram pela primeira vez na Floresta Encantada. (Este momento era pausado nos VHSs com mais frequência do que a suposta cena do fantasma em Três Solteirões e um Bebê.)

Essa afirmação é ridícula por uma série de razões: Em primeiro lugar, O Mágico de Oz foi filmado fora de sequência, e eles gravaram a cena antes de qualquer um dos atores Munchkin estar no set. Em segundo lugar, apesar de ser difícil de perceber nos dias dos filmes VHS, o movimento brevemente visível na tela é de um grande pássaro. O filme foi 100% filmado em estúdios internos, então eles pegaram emprestado animais do Zoológico de Los Angeles para parecer que estavam do lado de fora. Você pode ver um grande pavão perto da cabana do Homem de Lata.

Por fim, pense sobre essa afirmação por mais de três segundos. Se um ator morresse no set, realmente incluiriam o material no corte final do filme? Este mito simplesmente não vai embora, mas confie em nós quanto a isso. Não há munchkin enforcado. É um pássaro. (E sim, há vários vídeos no YouTube onde brincalhões editaram a filmagem para parecer que uma figura estava realmente pendurada ao fundo. Todos foram desmentidos.)

Verdade: Houve uma série de ferimentos graves no set.

Os estúdios de Hollywood dos anos 1930 não tinham nada próximo das precauções de segurança de hoje. Era muito fácil se machucar, e processos judiciais eram muito incomuns, já que ninguém queria ser colocado na lista negra da indústria. O ator original do Homem de Lata, Buddy Ebsen, foi o primeiro a cair, já que o pó de alumínio em sua maquiagem prateada entrou em seus pulmões, quase matando-o. Ele foi substituído por Jack Haley, mas encontrou a fama mais tarde na vida quando foi escalado para interpretar Jed Clampett em A Família Buscapé. (Ele teve problemas respiratórios pelo resto de sua vida, no entanto, os quais culpou o filme.)

A atriz da Bruxa Má do Oeste, Margaret Hamilton, foi a próxima, quando sofreu graves queimaduras de segundo e terceiro graus no rosto e nas mãos enquanto filmava sua cena de partida de Munchkinland. Isso a afastou do set por seis semanas. (Confira a bola de fogo no marco 1:49 no vídeo acima e imagine isso atingindo seu rosto.) "Não vou processar, porque sei como esse negócio funciona, e nunca mais trabalharia de novo", disse ela. "Voltarei a trabalhar com uma condição - sem mais fogos de artifício."

Pobre Totó, o cãozinho até se machucou quando um ator interpretando um guarda Winkie pisou em sua pata. O Terrier Careen passou duas semanas se recuperando na casa de Judy Garland e fez uma recuperação completa. Ela continuou a aparecer em filmes até pouco antes de sua morte aos 11 anos em 1945.

Falso: Os Munchkins não deram festas selvagens durante as filmagens.

Leopold Singer trouxe 124 pessoas de baixa estatura para o set de O Mágico de Oz, que eram parte de sua trupe de vaudeville Singer Midgets. Apesar da pouca experiência em Hollywood, eles executaram seus papéis com grande profissionalismo. Mas histórias sobre eles se espalharam décadas após o fim das filmagens.

"Eles ficavam bêbados", disse Garland a Jack Paar em 1967.

Um deles, que tinha cerca de 40 anos, um cavalheiro, me convidou para jantar e eu não pude dizer que não, porque você é um anão. Eu apenas disse: 'Não, minha mãe não gostaria disso', [o homem respondeu 'Ah, vamos lá, traga sua mãe também'. Eles os colocaram todos em um hotel em Culver City. Eles se embebedavam todas as noites. 

Garland estava correta ao dizer que os Singer Midgets ficaram todos em um hotel em Culver City, o que inspirou o filme de 1981 de Carrie Fisher/Chevy Chase, Hotel das Confusões. O filme acontece principalmente no hotel enquanto os atores Munchkin correm soltos e bebem. Mas é uma completa ficção. De acordo com quase todos os relatos confiáveis, as histórias de suas travessuras foram exageradas a absurdos graus ou completamente inventadas.

Verdade: Judy Garland estava viciada em barbitúricos e anfetaminas durante as filmagens.

Garland tinha apenas 16 anos quando conseguiu o papel de Dorothy, mas já era uma veterana da indústria desde a infância, como parte do trio vaudeville, as Irmãs Guam. A MGM fixou-se em seu peso e vigor durante a produção de O Mágico de Oz, e deram a ela pílulas para suprimir seu apetite e mantê-la trabalhando longas horas. Isso criou uma dependência ao longo da vida de barbitúricos e anfetaminas que levou à sua morte em 1969, quando ela tinha apenas 47 anos.

Falso: Pink Floyd não sincronizou o filme com Dark Side of the Moon.

Nos anos 90, uma história chegou com tudo na Internet e diziam que o Pink Floyd sincronizou secretamente seu LP de 1973, Dark Side of the Moon, com O Mágico de Oz. E para ser justo, há algumas coincidências estranhas que acontecem quando você inicia o álbum assim que o leão da MGM ruge pela terceira vez durante a introdução. Clare Torrys durante "The Great Gig in the Sky" enquanto o tornado chega, a registradora toca em "Money" justo quando o filme se transforma em cor, e a batida final do coração no fim do álbum toca no exato momento em que Dorothy ouve o coração do Homem de Lata.

Nada disso foi intencional. Como membros da banda explicaram várias vezes, eles não tinham videocassetes em 1973, e certamente não projetaram o filme em uma tela enquanto faziam o álbum. A grande maioria do álbum não se alinha em nada com a ação na tela, e as partes que se alinham são apenas coincidências. É apenas uma prova de que quando você trabalha para justificar uma conclusão já existente, você pode se convencer de quase qualquer coisa.

Verdade: Você pode pausar o filme e ver algumas inconsistências divertidas.

Quando um filme foi assistido tantas vezes quanto O Mágico de Oz, todos os tipos de pequenas inconsistências serão descobertas. Por exemplo, pause o vídeo acima da cena em que colhem maçãs no marco 1:05. Garland está usando sapatos pretos em vez dos Sapatinhos de Rubi. Uma inconsistência mais gritante acontece quando Dorothy encontra o Espantalho pela primeira vez e o comprimento das suas tranças muda de cena para cena. Isso aconteceu porque eles refilmaram a cena vários meses depois da filmagem inicial e juntaram as filmagens. Pause o clipe abaixo em 2:09 e novamente apenas quatro segundos depois, em 2:13, para ver o exemplo mais gritante. Um Munchkin rebelde bagunçou o cabelo dela entre as tomadas? Roger Waters escreveu "Brain Damage" sobre isso? Não. É apenas um filme. Todo mundo precisa relaxar.

Esta matéria foi traduzida e adaptada da Rolling Stone EUA. Leia a versão original aqui.

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