Uma parte de você sobrevive à morte. Saiba o que é o necrobioma
Um estudo da Universidade do Tennessee dá pistas de como os microrganismos que nos habitam continuam a existir mesmo depois da nossa morte. A pesquisa foi publicada na Ecological Process. Uma parte de você pode sobreviver bravamente por semanas e anos após a sua morte. Mas como isso seria possível?
Para começar a responder essa pergunta, primeiro precisamos compreender como nosso corpo é formado.
O condomínio humano
Nem todas as células que existem no nosso corpo são humanas. Na realidade, somos compostos por trilhões de microrganismos como bactérias, vírus e fungos. Todos eles vivem amigavelmente conosco, contribuindo nos processos de digestão, imunidade e até na produção de vitaminas.
Mas quando quando o condomínio desaba, eles não morrem no desmoronamento, pelo contrário, elas se adaptam e ajudam na decomposição do nosso corpo. Pelo menos algo de você permanece vivo por tempo indeterminado.
Necrobioma
A equipe de pesquisadores do Tennessee estudou como esses seres microscópicos agem após a nossa partida.
O processo de inicia com a morte das nossas células, que pela falta de oxigênio desencadeia diversos processos, entre eles a autólise, que é processo de morte celular devido ação das enzimas produzidas pela própria célula. Isso gera um ótimo alimento para bactérias anaeróbicas, que são aquelas que não precisam de oxigênio disponível para sobreviver.
Com muito alimento e sem a inibição do sistema imune para frear a reprodução desses microrganismos, a colônia aumenta e auxilia no processo de reciclagem do seu antigo eu. Esse processo todo gera o necrobioma, que são os organismos presentes na decomposição do ser humano após sua morte.
Para quê estudar o necrobioma?
Em amostras de túmulos, os pesquisadores encontraram diversos microrganismos com traços do DNA do hospedeiro na terra embaixo da urna funerária, em cima dos túmulos e na superfície do solo.
De acordo com eles, mesmo após a decomposição do corpo, esses seres podem permanecer ali por meses e até anos.
Mas nossos microrganismos não ficam isolados. Eles estão em contato direto e fazendo trocas com a vida já existente naquele ambiente. Sendo assim é importante entender como essas trocas ocorrem, para compreender se há riscos de contaminação ou possíveis transmissões para novos hospedeiros.
Vida nova de novo
A equipe de pesquisa também descobriu que todo esse processo serve como uma forma de reciclagem.
Ao que parece, nossas bactérias são muito eficientes em melhorar o ciclo de nitrogênio no solo, impulsionando a vida das plantas das redondezas. Sendo assim, para os pesquisadores, essa é uma maneira de você continuar existindo, mesmo depois do adeus.
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