Van Sant e Matt Damon vão a Berlim “salvar” 'Promised Land'
Lançado em dezembro nos Estados Unidos, o drama Promised Land, dirigido pelo norte-americano Gus Van Sant, participa da competição principal do Festival de Cinema de Berlim em busca de uma melhor repercussão na Europa. A história, que aborda a questão da exploração de gás natural em pequenas fazendas do interior dos Estados Unidos, teve uma bilheteria tímida e foi duramente criticado pela imprensa norte-americana.
Essa é a quarta vez que Van Sant compete na Berlinale. Em 1989, o diretor participou com Drugstore Cowboy na mostra Forum. Já os longas Gênio Indomável e Encontrando Forrester concorreram ao Urso de Ouro na competição principal nas edições de 1997 e 2000. Entretanto, o interesse do público presente em Berlim voltou-se para os protagonistas Matt Damon e Jonh Krasinski, que também são responsáveis pelo roteiro do longa.
“O plano original era eu assumir a direção. Mas por motivos de agenda eu não pude e a primeira pessoa que eu pensei em ligar foi o Gus Van Sant. A minha experiência com ele sempre foi muito boa (os dois já trabalharam juntos em Gênio Indomável e Gerry). Confio muito nele, por isso não ia fazer sentido não pensar nele como minha primeira opção", afirmou Damon.
Promised Land (Terra Prometida em tradução livre) conta a história de dois representantes (Damon e a atriz Frances McDormand) de uma grande companhia de energia que tentam convencer pequenos fazendeiros de um vilarejo em decadência a autorizar a exploração de gás natural nas suas propriedades. Apesar da promessa de lucro imediato, as questões ecológicas – em especial, a poluição da água potável – são postas em questão por um dos moradores (o ator Hal Holbrook) e por um suposto ativista ecológico, interpretado por Krasinski.
“Fizemos muitas pesquisas sobre gás natural e fracking (termo usado como o processo de exploração), fomos onde isso está acontecendo. Conversamos com as pessoas dessas cidades, perguntamos como ocorre a abordagem dessas empresas, como esses representantes se aproximam dos moradores. Não queríamos inventar nada, só ouvimos suas histórias e tentamos mostrar o que está acontecendo. E essas pessoas têm opiniões muito fortes sobre o assunto. Lembro-me que no primeiro dia das filmagens, alguém me perguntou ‘você está fazendo um filme sobre a exploração de gás natural? Então fale bem sobre isso!’ No dia seguinte, outro morador me pediu exatamente o contrário. Mas não queríamos fazer nenhum julgamento, apenas mostrar como as pessoas estão reagindo quando elas têm de lidar com questões relacionadas à comunidade e ao meio-ambiente”, disse.
Damon afirmou ainda que além da questão ambiental, que garante assunto para longas discussões, o objetivo de filme é abordar a identidade americana. O filme desenvolve-se num jogo de opiniões e interesses em que, apesar da clara polaridade do que é certo e errado, acaba revelando que não há bem e mal absolutos. O resultado da produção, apesar das críticas, foi satisfatório para a equipe. Damon afirmou que, mesmo se pudesse, não mudaria nada no filme. E acredita que só o tempo permitirá uma reflexão sobre o que ele realmente significa. “Eu não vivo numa bolha, eu não penso que tudo o que eu faço ou digo é bom. Eu estou ligado no que dizem por aí. Tenho vários filmes que não foram bem recebidos e sou realista. Mas eu amei esse filme, não entendo o que houve de errado.”
Apesar de afirmar que fazer cinema está cada vez mais difícil pela falta de verba e retração do mercado, Damon já está pensando no seu próximo projeto, The Monuments Men que será gravado em Berlim a partir do mês que vem. O filme será dirigido por George Clooney e conta com um elenco de peso como Cate Blanchett, Bill Murray e John Goodman. “Estou muito feliz em saber que volto para Berlim logo, os melhores filmes que eu fiz foram rodados aqui. Vou amar voltar”.
Damon, Krasinski e o diretor Gus Van Saint passam pelo tapete vermelho na estréia de Promised Land às 19h15 no horário local (16h15 no horário de Brasília) no Berlinale Palast.