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Natalie Portman estreia na direção de 'De Amor e Trevas'

4 mai 2016 - 16h44
(atualizado às 18h30)
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Conhecida como uma intérprete rigorosa e técnica, com prestígio assegurado por um Oscar de melhor atriz por Cisne Negro (2010), Natalie Portman não procurou caminho fácil para sua estreia como diretora em longas, com o drama de época De Amor e Trevas.

Foto: Jamie McCarthy / Getty Images

Nascida em Jerusalém, mas radicada desde criança nos Estados Unidos, Natalie passou anos estudando como adaptar o roteiro do livro homônimo do escritor israelense Amos Oz, que explora suas memórias infanto-juvenis e uma estreita relação com a mãe, Fania. Esse núcleo mãe-filho é central no filme roteirizado, dirigido e também estrelado por Natalie, interpretando Fania.

Ambientada na Palestina ainda sob domínio britânico em torno de 1945, a história delineia um contexto histórico conturbado, especialmente a partir da criação do Estado de Israel e da eclosão dos conflitos entre árabes e judeus.

Há menos política e mais intimismo, no entanto, no enfoque escolhido pela diretora estreante. Ela dedica a maior parte das cenas ao retrato desta relação especial entre a mãe e o filho Amos (Amir Tessler), de 12 anos.

Polonesa que escapou do Holocausto, Fania é culta e romântica. Alimentava as maiores expectativas ao casar-se com um escritor (Glad Kahana). Mas o relacionamento entre os dois é, quase todo o tempo, frio e distante.

Sensível, Fania compensa sua solidão emocional em longas conversas com este filho, em que relata fábulas ou histórias do passado, estimulando a imaginação de Amos, que irá definindo uma vocação da qual ele ainda não suspeita.

Embalado pelo fascínio das palavras da mãe, ele igualmente não avalia a gravidade da situação do casamento dos pais, muito menos o quanto a frustração de Fania está cobrando de sua própria saúde mental e física.

Falado em hebraico, De amor e trevas constrói-se como uma narrativa que procura dar conta destes conflitos familiares, da peculiaridade da situação desta mulher inteligente sufocada pelas limitações de seu tempo e lugar e também, de leve, inserir os confrontos políticos que dividiam corações e mentes.

Mesmo com toda a sinceridade e empenho da diretora, no entanto, é fato de que ela só conseguiu seus objetivos em parte, sendo mais bem-sucedida no aspecto intimista da história. Mas, afinal, o filme resulta num esforço que, ainda que modesto, tem suas qualidades a admirar.

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