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“Ave, César” satiriza bastidores da Hollywood dos anos 1950

13 abr 2016 - 15h24
(atualizado às 16h17)
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O passado áureo de Hollywood inspira, pela segunda vez, os irmãos Joel e Ethan Coen. O resultado é “Ave, César”, uma sátira ambientada nos anos 1950 que acompanha as peripécias de um gerente de estúdio, Eddie Mannix (Josh Brolin), num dia particularmente conturbado – aquele em que o astro de sua nova superprodução bíblica, Baird Whitlock (George Clooney), é raptado em plena filmagem por um misterioso grupo que se denomina “O Futuro”.

Do primeiro filme em que retrataram o mundo do cinema, o dramático “Barton Fink – Delírios de Hollywood” (Palma de Ouro em Cannes em 1991), os diretores e roteiristas guardaram o nome do estúdio, aqui o mesmo Capitol. Nada além disso. Porque o tom desta nova produção é decididamente muito mais cômico, ainda que seja uma ironia amorosa pelos protagonistas e pelos mecanismos da indústria de sonhos do passado.

Clooney em entrevista no Festival de Berlim sobre o filme “Ave, César”, em fevereiro de 2016
Clooney em entrevista no Festival de Berlim sobre o filme “Ave, César”, em fevereiro de 2016
Foto: Stefanie Loos / Reuters

Há inúmeras referências reais na história, começando pelo batismo do próprio Eddie Mannix, que realmente existiu e foi um braço direito do chefão da Metro Goldwyn Mayer, Louis B. Mayer, nos anos 1920.

Também não escapa de nenhum cinéfilo a semelhança dos balés aquáticos da estrela DeAnna Moran (Scarlett Johansson) com os números das produções de Esther Williams – com a diferença de que DeAnna, sob a aparência pública de jovem inocente, é uma barraqueira de primeira, com uma vida amorosa nada comportada. Um detalhe que vai exigir a participação de Mannix no abafamento de um potencial escândalo.

Nessa estrutura paternalista dos estúdios da época, no topo estão chefões, como Mannix, que controla até a vida pessoal dos artistas, na base, a arraia miúda, que inclui porteiros, secretárias e dezenas de extras. Entre uns e outros, uma camada intermediária com algum poder, caso dos roteiristas comunistas que estão por trás do sequestro do astro, exigindo um polpudo resgate do “sistema”.

Nunca um cativeiro foi tão divertido quanto essa célula de estudos comunistas, em que o cãozinho de estimação atende pelo nome de Engels e se localiza numa esplêndida mansão à beira-mar, pertencente a um dos esquerdistas infiltrados (Channing Tatum), um ator de musicais, à la Gene Kelly.

A negociação do resgate se prolonga em segredo, com duas jornalistas de fofocas, as irmãs e rivais Thora e Thessaly Tacker (ambas vividas por Tilda Swinton) sempre na cola. E quem acaba tendo uma participação inesperada é um ator de faroestes, Hobie Doyle (Alden Ehrenreich), recentemente deslocado para filmes mais elegantes, enlouquecendo seu refinado diretor (Ralph Fiennes) com seu sotaque caipira e a dificuldade com diálogos sutis.

Intercalando essa série de incidentes com os problemas pessoais de Mannix e comentando questões dramáticas da época, como as ameaças da TV e do macartismo à indústria do cinema, sob um véu cínico, o filme ganha camadas a cada minuto. Não é uma comédia rasgada, certamente. Gostarão mais dela os fãs da Hollywood dourada do passado familiarizados com o humor afiado dos Coen. Como fez George Clooney, embarcando em sua quarta parceria com os diretores, mais uma vez alegremente detonando sua imagem de galã.

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