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Premiado em Cannes, 'A Assassina' prima pela beleza visual

4 mai 2016 - 16h07
(atualizado às 18h04)
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O taiwanês Hou Hsiao-Hsien não é um cineasta de rótulos, apesar de, em sua filmografia, lidar com gêneros cujas regras estão preestabelecidas. Em sua mais nova produção, A Assassina, busca inspiração no “wuxia”, que mistura lutas de espadas e fantasia, situando suas histórias na China medieval, mas aqui, inclui seus toques pessoais.

Foto: Reuters

Conhecido pela beleza visual que imprime ao seu trabalho, Hou recebeu o prêmio de direção no Festival de Cannes no ano passado por este filme.

A peculiaridade plástica de seus longas – entre eles, A Viagem do Balão Vermelho e Café Lumière – materializa-se aqui na composição visual precisa tanto dos ambientes internos quanto dos exteriores. O impacto estético é o que há de mais forte, uma vez que a narrativa é um tanto misteriosa, obscura, quase impenetrável.

Partindo de um conto do século XIX, o enredo tem como protagonista a jovem Nie Yinniang (Qi Shu), que, aos 10 anos, foi tirada de sua família por uma monja, Jiaxin (Sheu Fang-yi), e treinada para matar corruptos e opressores. Ela se torna uma das mais competentes em sua função, exceto quando não consegue cumprir uma missão porque sua vítima estava brincando com o filho pequeno.

Como punição, Nie deve voltar à sua aldeia, Weibo, e matar o governador local, Tian Ji’an (Chang Chen). Mas um problema se impõe: ele é seu primo, e ela foi prometida a ele quando pequena. O conflito está armado, tanto no campo político, quanto pessoal, para a lutadora de artes marciais.

Mesmo com todo o apuro visual – o vermelho e o dourado são tons dominantes no interior, que parecem antecipar ou, às vezes, metaforizar o sangue derramado – Hou não se aprofunda no perfil psicológico de suas personagens. Seu distanciamento glacial e ares de “filme de arte” levantam novamente um debate que “O Tigre e o Dragão”, de Ang Lee, trouxe à tona, em 2000. O “wuxia” é um gênero popular, que rendeu filmes de ação, muitas vezes baratos e pouco apurados visual e tecnicamente. A excelência de Hou nesse sentido estaria, então, mais sintonizada com as sensibilidades ocidentais.

Será que é o caso? Em alguns momentos, A Assassina chega a lembrar um faroeste, com guerreiros e cavalos, numa paisagem a perder de vista. Mas o cenário e o momento histórico são outros, e o esmero estético também indica para outro caminho. Por mais que se amenize, dizendo que o filme é enigmático, ao mesmo tempo, ele é nebuloso. Sua beleza remete a pinturas chinesas, resultando em algo tão belo quanto estático.

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