Ex-Iron Maiden Paul Di'Anno chega a SP para se apresentar em cadeira de rodas
Vocalista diz não saber como encontrou forças para turnê brasileira de 31 datas
As notícias sobre a estreia da turnê brasileira de Paul Di´Anno, ex-vocalista do Iron Maiden, em Fortaleza, no último dia 27, não foram as melhores. Pudera. Sob sério tratamento de saúde e duas cirurgias recentes nos joelhos, o artista está voltando aos palcos. E marcou 31 apresentações no país.
Neste sábado, 4, ele se apresenta em São Paulo, no Carioca Club.
Paul vinha morando na Croácia, onde passa por tratamento médico de recuperação. Sentiu inadvertidamente que deveria passar pela Inglaterra antes de viajar para o Brasil e sem os devidos cuidados sua condição piorou significativamente.
No primeiro show no país, isso ficou claro. Embora relatos de apresentações posteriores apontam que vem progredindo no palco.
Esse é o artista que se apresenta neste sábado, em São Paulo, que conta em entrevista sobre o estado atual e sobre o encontro que teve com o líder do Iron Maiden, o baixista Steve Harris, no ano passado, após 30 anos sem se verem.
Paul, das notícias que recebemos, você passou por uma série de tensões entre a Croácia, onde foi tratado, Londres, para onde se deslocou, e a sua chegada ao Brasil. Como é que está agora?
Acabei nem indo para Londres, haha. Estive em Salisbury, no Reino Unido. Não sei porquê, mas senti que devia ir para lá, porque no fundo senti que antes da viagem tinha de voltar a minha casa por uma semana ou duas, para relaxar. Infelizmente, a Inglaterra está em greves constantes nestes dias e foi difícil organizar qualquer assistência médica lá como eu tinha na Croácia e como tenho agora. Em turnê, tenho uma grande equipe médica que cuida de mim 24 horas por dia, 7 dias por semana. Infelizmente, na Inglaterra a minha condição piorou e não sei como é que encontrei sequer forças para vir ao Brasil.
Foi uma jogada muito corajosa fazer uma turnê brasileira de 31 shows num mês e meio após as cirurgias no joelho e todas as consequências. Como está lidando com a turnê, agora que ela começou?
Não vejo como uma jogada ousada, mais como uma sequência natural de acontecimentos. É algo que está no meu sangue. Se ficar dentro de quatro paredes, morro física e mentalmente, por isso esta turnê mostrou-me como é estar de novo vivo e pelo que vale a pena lutar. Depois desta turnê, vou levar ainda mais a sério os exercícios de caminhada.
Depois de “Beast is Back”, a tour de 2015, você disse que já não faria longas jornadas. O que é que mudou?
Naquele momento, já não via a luz ao final do túnel, mas vocês, os fãs, as boas pessoas de todo o mundo, deram-me uma razão para viver e criar e voltar a fazer concertos. Recentemente gravei o meu álbum de estreia com a banda Warhorse e, se houver uma oportunidade, voltarei ao Brasil para o apresentar ao vivo para vocês.
Como é que se sente no palco?
Não vou mentir. Atuar numa cadeira de rodas não é agradável, nem é agradável subir ao palco em tal estado, porque 90% dos clubes no mundo inteiro não têm acesso para deficientes, o que significa que nem o palco nem os bastidores têm acesso. No entanto, nesta viagem, o promotor fez um esforço para escolher lugares de fácil acesso, e a tripulação que cuidou de mim fez-me sentir confortável. Quando o público no Brasil mostra o quanto me aprecia, basta para que eu esqueça todos os meus problemas durante duas horas e sentir-me fantástico.
Vimos filmagens do seu encontro com Steve Harris na Croácia, ano passado (imagem acima). Tinham passado quantos anos desde que se tinham conhecido? De que falaram?
Isso aconteceu em Maio de 2022. O encontro foi organizado por Stjepan Juras, porque o Iron Maiden teve o início da sua tour em Zagreb, na Croácia, naquele dia. Já não via Steve há 30 anos, mas Steve e eu estamos com boas relações e ouvimo-nos um ao outro online. Foi um encontro muito emotivo e quero agradecer tanto ao Steve como ao Iron Maiden por se juntarem aos fãs e me ajudarem no momento mais difícil.
Qual é o seu objetivo na vida agora, depois de ter passado por tantos problemas de saúde e ainda seguir com a música?
Todos temos de morrer um dia, é inevitável, e para mim não há melhor maneira de acabar com a vida do que estar no palco como o Lemmy, até ao fim. A música é o que me move e me faz viver e sem música a minha vida não teria sentido e é por isso que estou aqui com vocês agora.
Datas da turnê brasileira
27.01.23 – Fortaleza – Armazém
28.01.23 – Recife – Estelita
29.01.23 – Salvador – 30 Segundos
31.01.23 – Brasília – Toinha
01.02.23 – Goiânia – Bolshol
02.02.23 – Rio de Janeiro – Agyto
04.02.23 – São Paulo – Carioca Club
05.02.23 – Belo Horizonte – Mr Rock
08.02.23 – Florianópolis – Célula Showcase
09.02.23 – Curitiba – Jokers
11.02.23 – Vila Velha – Correria
12.02.23 – Ipatinga – Garajão
14.02.23 – Juiz de Fora – Cultural Bar
15.02.23 – Divinópolis – Zeppelin
16.02.23 – Uberlândia – Seu Rosa
18.02.23 – Cuiabá – Caverna’s Bar
19.02.23 – Campo Grande – Blues Bar
21.02.23 – Maringá – Tribo’s
23.02.23 – Porto Alegre – CIEE
25.02.23 – Limeira – Mirage
26.02.23 – Santos – Arena Club
28.02.23 – Boa Vista – 174 Pub
02.03.23 – Manaus – O Condado
03.03.23 – Belém – Botequim
04.03.23 – São Luis – The Music Hall
06.03.23 – Teresina – Bueiro do Rock
07.03.23 – Juazeiro do Norte – Porão Rock
08.03.23 – Natal – Whiskritório
10.03.23 – João Pessoa – After Pub
11.03.23 – Maceió – Tanque Chelo
12.03.23 – Aracaju – Ché Music Bar