Filme sobre sequestro de avião em 1976 ilustra conflito entre Israel e palestinos, diz José Padilha
Um filme sobre o sequestro de um avião em 1976 para Entebbe, em Uganda, e o espetacular resgate de passageiros por forças especiais israelenses ilustram os duradouros obstáculos para negociações entre Israel e palestinos, disse o diretor do filme, o brasileiro José Padilha.
"7 dias em Entebbe", que estreou nesta segunda-feira no Festival Internacional de Cinema de Berlim, foca nos reféns e seus sequestradores - dois militantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina e dois de um grupo aliado da extrema-esquerda da Alemanha Ocidental.
O voo seguia de Tel Aviv para Paris em 27 de junho de 1976, quando, após uma parada em Atenas, onde quatro sequestradores entraram a bordo, foi tomado e desviado para Entebbe. Os quatro sequestradores foram acompanhados por diversos outros em Entebbe.
Separando israelenses de não israelenses após removê-los do avião, os sequestradores libertaram 148 passageiros não israelenses durante diversos dias e mantiveram 94 passageiros de maioria israelense, junto a 12 tripulantes, ameaçando matá-los caso exigências não fossem cumpridas.
No filme, conforme reféns aterrorizados aguardam seus destinos em um encardido e abandonado terminal de aeroporto, políticos israelenses debatem sobre uma possível negociação com os sequestradores - que querem que dezenas de guerrilheiros palestinos presos e outros militantes sejam libertados - mas em última instância optam por uma missão de resgate.
Após um voo secreto de 4 mil quilômetros para Uganda, membros das forças especiais israelenses invadiram o terminal sob a escuridão no dia 4 de julho, salvando todos, menos quatro dos reféns, que foram mortos, e matando todos os sequestradores.
O único morto entre os membros das forças especiais foi o comandante Yonatan Netanyahu, irmão mais velho do atual primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que se tornou um herói nacional.
O diretor José Padilha disse ter sido difícil que políticos israelenses ou palestinos negociassem, porque os que fazem isto perdem influência política entre seus compatriotas - algo que quis demonstrar em seu filme.
"Neste conflito recorrente, é muito fácil para os políticos se apresentarem como: 'Eu vou defendê-lo contra o inimigo' e, uma vez que você enquadre o relacionamento como um relacionamento como esse - dois inimigos - torna-se difícil de negociar", disse o brasileiro em uma entrevista coletiva.
"Isso ainda é verdade hoje", completou.