Baaba Maal celebra a vida com dança e canto
Domingo, 28 de outubro, 6h
Ao contrário de seu disco mais intimista Missing You, o cantor, compositor e instrumentista senegalês Baaba Maal trouxe um show performático e extremamente feliz. Quando ouvimos que os brasileiros são soberanos na percussão e levantamos orgulhosos o nariz é por que não ouvimos os africanos falando com seus tambores.
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A banda de Maal tinha quatro percussionistas, incluindo um com um "tambor falante" - cuja afinação é alterada ao se comprimir o casco frágil do instrumento sob o braço. Mas o ritmo não era o fio condutor da história toda e sim as melodias típicas de Maal sobre harmonias simples e em loopings, humanizados, como as ouvidas em Fanta (do CD Nomad Soul), acompanhado de uma cantora, African Woman e Cherie.
Baaba Maal é considerado um ídolo pop em seu País e construiu sua carreira ao longo de 15 discos, influências musicais da região do Senegal misturadas com o r&b e vivência na França. Tem uma voz prodigiosa e só não é melhor reparada pois o exotismo das melodias afriacanas já distraem os ouvidos desatentos. Seu show tem performances, com dois dançarinos franzinos e sempre sorridentes, uma bela cantora e solos arrebatadores de percussão.
Também era curioso perceber o único assessor de palco de Baaba e banda (formada por negros), um grande sujeito com cabeça raspada e cara de americano interiorano dono de Harley Davidson. Ele se divertia com os integrantes, dançava e até sabia o refrão das músicas. O entusiasmo podia ser visto no público que sem entender uma palavra musical de Baaba festejou a apresentação como uma platéia para um velho conhecido.
Ao contrário da impressão dos ocidentais quando vislumbram a África histórica como sofrida politicamente, a música de Baaba celebra a vida, a felicidade. No ano passado, o nigeriano Femi Kuti trouxe sua festividade carnavalesca para o Free Jazz. Este ano, mais enraizado, foi a vez de Baaba apresentar no palco New Directions um flash do que a cultura musical do Senegal tem a oferecer ao mundo - e não só restrita ao rótulo World Music.
Ricardo Ivanov / Redação Terra
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