Curupira trouxe MPB instrumental abrasileirada
Segunda-feira, 29 de outubro, 6h10
Apesar da vocação pop fashion atual do Free Jazz Festival, vale lembrar que um outro público freqüenta o Club. E neste último dia de evento em São Paulo valeu a pena ver os três brasileiros do Curupira. André Marques (filho de Natan Marques), Ricardo Zohyio e Cleber Almeida são multiinstrumentistas e tocaram em sua hora de apresentação bateria, pandeiro, gaita, baixo, piano rhoades, piano de calda, viola caipira, violão tradicional, chinelos de madeira, flauta, violino - e ainda cantaram harmonizados.
E não tocam fraquinho, não. Tocam bem os instrumentos, com conhecimento da linguagem de cada um. O grupo é novo, apadrinhado por nomes como Hermeto Paschoal, e só tem um álbum lançado pelo selo Jam - mas que já vale comprar. O jazz existe na intenção, mas os ritmos brasileiros e o folclore do País predominam - talvez isso tenha irritado um chato espectador que chegou a gritar "ainda bem" quando os meninos anunciaram a última música.
"O curupira é aquele ser com cabelo vermelho e pés virados para trá que defende a mata e os animais. Nosso intuito é defender a música do coração e a música brasileira", disse Ricardo, humilde. Os arranjos do Curupira são consistentes, desleixados quando têm de ser e precisos quando a música pede. Ouve-se o gosto pelo regional e a mesma frente de batalha brasileira que um Egberto Gismonti defende, a da MPB instrumental para o mundo.
Siri na Lata mostra o quão intricados podem ser e O Ferrolho e O Curtume o quão bom gosto o grupo tem para interpretar temas brasileiros com dignidade. Tirando o chato que gritou ainda bem, os outros demostraram gostar da experiência.
Ricardo Ivanov / Redação Terra
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