1 ano sem Miranda, o cara mais legal da cultura pop
Parece mentira, mas já faz um ano que perdemos Miranda. Ícone da cultura pop brasileira, seu legado vai ser eterno, pois produziu tanta coisa legal que vai ser quase impossível algum dia ele ser esquecido.
Em Porto Alegre, conhecido como Gordo Miranda, tinha uma banda chamada Urubu-Rei, juntamente com Luciene Adami (a Guta da novela Pantanal) e outros ícones gaúchos, que conseguiu a proeza de gravar o hit Nêga com apenas uma nota musical. Em entrevistas, Miranda dizia que não gostava da versão final, gravada em disco (e que gerou até um insólito clipe). Preferia a versão demo, que foi ressuscitada graças ao Youtube.
Esta canção também foi gravada pelo DeFalla (que tinha na sua formação ex-integrantes do Urubu Rei), em seu primeiro disco. Miranda também integrou a Atahualpa Y Us Panqui (batizada em “homenagem” ao violonista argentino Atahualpa Yupanqui), junto de Jimi Joe, Flavio Santos e Castor Daudt.
Paralelo à sua carreira de músico, Miranda escrevia para a revista Bizz e na Ação Games – já que era um aficionado pelo assunto. Também foi um dos responsáveis pela SET – Terror e Ficção, um dos embriões geraram a revista Herói. Muito carismático, sempre que ia ao programa Jô Soares, contava suas aventuras como freelancer para revistas pornográficas, fazendo todo mundo gargalhar.
Como produtor, foi um dos grandes responsáveis pelo Selo Banguela, que lançou nacionalmente bandas do calibre de Raimundos, mundo livre s/a, Little Quail & The Mad Birds, Graforréia Xilarmônica e Maskavo Roots. Também foi o responsável pela explosão do tecnobrega no Brasil, lançando sua pupila Gaby Amarantos, além de produzir discos de outros artistas renomados, como Skank, O Rappa, Virgulóides, entre outros.
Fez sucesso com o grande público ao ser jurado do programa ídolos, no SBT, a partir de 2006. Depois participou de vários outros programas na emissora, sendo amado pelo público e muitas vezes “odiado” pelos calouros graças às suas opiniões contundentes, que geravam polêmica e, principalmente, muita risada.
Miranda era tão fanático por quadrinhos que recebeu um grande presente: foi eternizado em uma revista protagonizada por Wolverine (Strange Tales) graças ao artista Rafael Grampá.
Um dos maiores colecionadores de discos, fitas, DVDs e gibis do Brasil, Miranda era figura carimbada em grupos de discussões sobre esses assuntos, compartilhando seu conhecimento com o pessoal e dando preciosas dicas. Faz uma falta danada.
Em 1994, em entrevista para a revista General, criada por seu amigo André Forastieri, Miranda explicou o conceito da sua “Igreja Triangular do Resíduo Digital”, em que os rastros digitais que uma pessoa deixou na internet poderiam ser utilizados para que ela “ressuscitasse”. Infelizmente, ainda não é possível uma coisa dessas, mas os atos do grande Gordo Miranda estão eternizadas graças à tecnologia. Aqui ele vive para sempre. Valeu, velhinho!