Nintendo 3DS vs. PS Vita: a briga que está chegando ao fim
A guerra foi declarada alguns anos atrás e o front recebeu uma batalha de gigantes do mundo dos videogames. Ainda vale uma aposta?
Por anos, foi uma briga de titãs, que começou nos idos de 2004 com o DS (Nintendo) e o PSP (Sony). Depois, a briga mudou para 3DS contra PS Vita. Mas o tempo passou, as tecnologias mudaram desde junho a Nintendo já estuda um sucesso para o 3DS e a Sony vai descontinuar o PS Vita em 2019. Ainda vale investir neles? É o que vamos investigar agora.
De um lado, temos a líder do mercado de videogames, a Nintendo, que passou por maus bocados durante vários anos, mas após uma reviravolta surpreendente ressurgiu como a gigante que sempre foi. Do outro lado temos a Sony, antiga líder do mercado de consoles, única com peito o bastante para desafiar de frente a Nintendo no mercado de portáteis.
O 3DS tentou reaproveitar dos cinemas a tecnologia que levou milhões para ver Avatar, de James Cameron. O Vita quis repetir a fórmula do PlayStation 3 para obter sucesso. O 3DS busca o casual, o Vita busca o hardcore. O 3DS tem gráficos 3D, o Vita tem um painel táctil na traseira. Com públicos e propostas diferentes, ainda vale a máxima de anos atrás: poucos de nós teremos realmente tempo e dinheiro para investir nas duas máquinas. Mas ainda dá sim para investir em boa diversão nos dois.
O Nintendo 3DS parece com o DS, tanto no design como no objetivo: inovar. O DS tinha um microfone e câmera embutidos, suporte a wi-fi e duas telas, uma das quais é sensível ao toque. Todas estas características já podiam ser encontradas no DS, então o que diabos o 3DS tem de inovador? Essa é de fato a primeira pergunta que surgiu assim que ele foi anunciado. Mas o nome 3DS não está ali a toa, certo?
“Quando pensamos nos tipos de atividades que um jogador inexperiente poderia apreciar em um Nintendo 3DS, o que nos veio à cabeça foi tirar fotos em 3D, assistir a vídeos em 3D e jogar games em 3D”, disse o legendário Shigeru Miyamoto, à época do lançamento do videogame.
A ideia do pessoal da Nintendo é que a funcionalidade de três dimensões não está embutida no software, mas sim nativa do hardware. O 3DS não foi nem de longe o primeiro videogame a apresentar o 3D aos jogadores: muitos anos antes, a própria Nintendo lançou para o NES o jogo Grand Prix II: 3D Hot Rally junto de óculos especiais para ver os gráficos tridimensionais. Além disso, a empresa já havia tentado a mesma estratégia anos depois com o Virtual Boy. Nenhumas das duas incursões se saíram muito bem.
Relembre o gameplay do Grand Prix II: 3D Hot Rally:
Apesar disso, a companhia japonesa não abandonou a ideia da jogatina tridimensional - uma surpreendente mostra de persistência, teimosia e otimismo. A ideia da companhia era de que o portátil fosse o único no mercado capaz de exibir ambientes em 3D como nenhum outro antes dele ― e sem precisar de óculos especiais.
Para a Nintendo, as experiências no campo 3D antes do 3DS eram apenas ensaios antes do grande salto. Compare os games em 2D do início da era dos videogames com os games em 2D Donkey Kong Country Returns, por exemplo. É este o tipo de reação que a Nintendo esperou dos jogadores com o 3DS sem os óculos.
O responsável principal por esta mudança de contexto é uma pequena alavanca chamada 3D Depth Slider que, quando movida, aumenta ou diminui a profundidade das imagens ou ainda remove totalmente a funcionalidade de reprodução de três dimensões.
Cada pessoa tem sua própria limitação de visão, portanto, ao desligar o efeito 3D ele pode descansar os olhos sem necessariamente precisar parar de jogar. Vale lembrar que quando foi lançado, surgiram várias relatos em fórums pela internet de pessoas alegando que sentiam tonturas e enjôos ao jogar em 3D.
Uma das coisas mais interessantes do 3DS é a possibilidade de fotografar em 3D, graças a duas câmeras acopladas nas extremidades do aparelho. O efeito é bem divertido e o aparelho ainda toca músicas e grava vídeos.
O resumo da ópera para o 3DS e simples: um Nintendo DS com gráficos em 3D. Mais simples, impossível. A Nintendo sabe das coisas e tem consciência que se repetir o sucesso do aparelho anterior, as boas vendas estarão garantidas.
Mas na indústria de games existe uma máxima que diz que você só evolui após adquirir alguma experiência. No caso da Sony, parece esse o mantra adotado para a segunda incursão da companhia no ramo dos portáteis com o lançamento do PS Vita, que chegou para substituir o PSP.
Na disputa com o DS da Nintendo, ficou claro durante os anos que o PSP suou a camisa para correr atrás do concorrente. Não que as vendas tenham sido baixas ou que o DS fosse de alguma forma superior ao rival, mas chegou um momento em que as publishers e jogadores acabaram investindo mais no portátil da Big N do que no aparelho de bolso da Sony. O mais curioso é que a Sony culpa justamente o maior atrativo do console: os gráficos próximos aos do PS2.
De acordo com a gigante japonesa, houve um erro na estratégia quando o PSP foi criado: a Sony acreditava que o poderio tecnológico do PSP seria o bastante para conquistar a liderança no mercado de portáteis, trazendo a experiência dos consoles de mesa para o bolso do jogador. Porém, o Nintendo DS mostrou que os jogadores estavam mais interessados na inovação e em novas formas de jogo do que em gráficos mais polidos. O PSP ensinou à Sony que não basta levar uma versão reduzida do PS2 no bolso, é preciso inovar.
A primeira coisa que chama atenção no PS Vita original são as suas duas telas sensíveis ao toque, uma na frente e outra atrás. Na verdade, a parte traseira não contém uma tela sensível, mas sim um painel touch pad, que será usado para controlar a ação nos games. Parece até maluquice de algum designer japonês que olhou o DS e pensou: “Um é pouco, dois é bom”.
Curiosamente, o painel traseiro quase foi descartado pela Sony durante o período de pesquisa do portátil a fim de poupar despesas. Já a tela frontal não tem lá grandes surpresas, ainda que abuse da tecnologia de ponta capaz de fazer inveja a diversos outros dispositivos. Trata-se de uma tela OLED ligeiramente maior que a tela LCD do PSP (5” polegadas contra as 4,3”). Além disso, ela tem uma resolução 3 a 4 vezes superior ao do primeiro portátil e capacidade de apresentar 16 milhões de cores. E mais: a tela em OLED é econômica, já que possui luz própria.
O design do aparelho é muito semelhante ao de seu irmão mais novo. Basicamente, ele possui curvas mais acentuadas, que se acomodam perfeitamente na mão de qualquer jogador. Além disso, o aparelho possui um acabamento mais charmoso. O grande macete do design é a inclusão do segundo analógico.
Como se não bastasse, o Vita também contou com o retorno do sistema SixAxis, introduzido pelo controle do PS3. Ele é capaz de detectar movimentos graças aos seis eixos divididos entre um giroscópio e um acelerômetro.
E você, se tivesse que gastar uma graninha a mais agora, ainda que essas tecnologias já estejam com prazo de garantia expirando, em qual delas investiria?