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Quadrinhos da Disney estão de volta e Patópolis fica no Sul

7 mar 2019 - 10h19
(atualizado às 14h17)
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Os fãs de quadrinhos no Brasil foram surpreendidos com uma notícia caótica em junho de 2018: a Editora Abril havia encerrado o contrato com a Disney e pararia de publicar as revistas. 

Era o fim de uma era iniciada com  primeira edição de "O Pato Donald", em 1950, um marco da própria editora, que por muitos e muitos anos teve o pato como seu principal produto.

Muito se especulou se a Panini, que já tem em suas revistas marcas como Marvel, DC e Turma da Mônica, iria pegar os direitos e assim dominar de vez o mercado de quadrinhos no Brasil. Tudo parecia ter ficado ainda mais evidente depois do lançamento de um álbum de figurinhas comemorando os 90 anos do Mickey, que trouxe em seu conteúdo uma HQ inédita do camundongo.

Foto: Lucas Galli

Mas quem surpreendeu e anunciou-se como a nova casa da Disney no Brasil foi a editora Culturama, do Rio Grande do Sul. 

De cara, todo mundo começou a questionar como uma editora tão pequena e jovem teria potencial para um projeto tão grande. A Culturama, de fato, não era tão conhecida assim e a preocupação era algo natural. Logo as coisas começaram a ficar mais claras e a editora revelou-se muito maior do que se imaginava. Jovem sim, com 15 anos de experiência, mas com um empreendedorismo inspirador.

A Culturama é, acima de tudo, uma máquina de distribuição de livros infantis, colocando seus produtos em todos os lugares possíveis, desde farmácias, supermercados, lojas de preço único e claro, bancas de jornal. Isso com livros de marcas famosas como Turma da Mônica, Marvel e claro, Disney. A mesma distribuição foi anunciada para as revistas em quadrinhos, garantindo que elas serão mais acessíveis para o público destinado: crianças.

Mais um esforço notável da editora foi a contratação de Paulo Maffia, conhecido editor dos gibis Disney na Abril. O próprio Paulo fez uma divulgação intensa em redes sociais, inclusive com mistério sobre as capas das primeiras edições.

Tudo foi revelado em um evento realizado em São Paulo, reunindo imprensa, parceiros de mercado e colecionadores Disney. No jantar, além de mostrar o tamanho da editora e seu potencial (impressionantes, diga-se de passagem), foram distribuídas as edições número zero das revistas. Tudo isso com a presença do Pato Donald em pessoa, direto da Walt Disney World. Você pode se questionar: porque ele e não o rato? Lembre-se que tudo aqui no Brasil começou com um pato.

Foto: Walt Disney Prod. / Reprodução

O Terra recebeu as primeiras edições que começarão a chegar nas bancas nas próximas semanas. Agora eu conto um pouco do que pode ser esperado nessa nova fase.

Para os fãs antigos, uma tranquilidade: a qualidade foi mantida. Na verdade, foi elevada. Agora as revistas tem um papel melhor que garante cores mais bonitas e deixa o material mais colecionável. As histórias, todas inéditas, estão bem traduzidas e editoradas. 

E os assinantes terão um presente especial: todo mês, um brinde exclusivo. Nas primeiras edições a surpresa é um copo comemorativo. Simples, mas significativo.

Dos cinco títulos iniciais, apenas a revista do Pateta me soou um pouco avulsa. Na própria capa da revista quem está em destaque é o Mickey e não Pateta.

A primeira edição de Mickey é um prato cheio para colecionadores e fãs que estão vivendo a magia dos 90 anos do personagem. A começar pela capa, que traz uma arte linda de Silvia Ziche. A história inaugural, Mickey e a Aventura Sob Medida, traz um visual retrô de encher os olhos. E a segunda história da revista, Eu & Minnie, é um presente para os nostálgicos, com uma referência ao desenho Plane Crazy, de 1928, a primeira produção animada com o casal.

Foto: Walt Disney Prod. / Reprodução

A revista Pato Donald traz um misto de aventuras e comédia, com destaque à presença dos primos Gastão e Peninha. Rende boas risadas.

Tio Patinhas traz sem dúvida as melhores histórias do mês. A primeira é uma aventura romântica que apresenta Miriam Mac Gold, uma rival cheia de charme. Há também uma história com a famosa Maga Patalógika, bastante divertida. Mas a melhor da edição é O Papel do Dinheiro, que aborda o bitcoin e coloca em cheque os velhos hábitos do nosso famoso muquirana. Uma bela atualizada na temática do personagem, que está em sua melhor fase.

Foto: Walt Disney Prod. / Reprodução

Pateta tem uma edição inicial um pouco confusa, com uma trama cujo protagonista é o Mickey. Na segunda história que está na revista, aí sim temos Pateta como personagem principal e a revista encontra seu caminho. 

Mas é Aventuras Disney que traz a nostalgia que os fãs de quadrinhos Disney tanto gostam. De cara, o Superpato aparece em uma história bastante divertida enfrentando o vilão Azarraio. Há também a aparição do Lobão e os Três Porquinhos em uma história hilária, Professor Pardal e Peninha juntos, Vovó Donalda e pra finalizar, uma aventura do Superpateta. Revista obrigatória pra colecionadores.

Foto: Walt Disney Prod. / Reprodução

Há o anúncio de uma sexta revista, chamada Grande Almanaque Disney, que será lançada em Abril no Festival Guia dos Quadrinhos em 13 e 14 de abril, com a participação de um artista italiano da Disney, Francesco Guerrini. A revista tratá histórias e reportagens sobre o universo Disney e terá um formato diferencial. Promete.

A Culturama não poderia ter começado melhor. No evento, o que chamou a atenção foi a emoção que seus diretores sentiram ao falar do projeto e também a participação dos funcionários, que conversaram conosco sobre essa nova fase da empresa. 

Foto: Walt Disney Prod. / Reprodução

Sobre as dúvidas de fãs, ainda há o questionamento sobre os belíssimos encadernados de capa dura que a Abril estava publicando. Por enquanto, não há chance deles voltarem e não se sabe se serão continuados pela Culturama. Isso é compreensível, se pensarmos que são produtos caros e que poderiam colocar em risco toda a estratégia da nova editora. É importante seguir com calma e estimular a compra dos gibis mensais antes de um passo tão grande. Sensato.

Foi sentida, óbviamente, a falta de um certo brasileiro nessas primeiras revistas. Afinal, quadrinhos Disney no Brasil sem Zé Carioca não dá. Mas lembre-se: o papagaio é um tanto preguiçoso e ficou parado por um tempão. Deixemos que ele descanse, entre em forma e volte. Ele vai voltar e vai contar com a força de artistas brasileiros para isso. A aventura Disney está apenas recomeçando e voltou com muita força e chimarrão!

Geek
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