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A limpa continua: Ana Paula Henkel deixa a Jovem Pan

Um dos programas mais extremistas do canal de notícias, "Os Pingos nos Is" também abrigava Augusto Nunes e Guilherme Fiuza

7 nov 2022 - 20h20
(atualizado às 20h50)
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Foto: Divulgação/Jovem Pan / Pipoca Moderna

Mais uma bolsonarista radical deixou a programação da Joven Pan. A ex-jogadora de vôlei Ana Paula Henkel anunciou nas redes sociais ter pedido o desligamento do equipe do programa "Os Pingos nos Is", do qual participava na Jovem Pan News.

Um dos programas mais extremistas do canal de notícias, "Os Pingos nos Is" também abrigava Augusto Nunes e Guilherme Fiuza, demitidos no dia seguinte à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva como novo presidente do Brasil. Os três chegaram a ser afastados pela produção desde antes da derrota de Jair Bolsonaro em 30 de outubro, por se recusarem a deixar de chamar Lula de "ex-presidiário", "condenado" ou "descondenado", entre outras denominações pejorativas, em descumprimento à orientação do TSE.

Além de divulgar fake news em período eleitoral, segundo o balanço do Radar Aos Fatos o programa também ajudou a impulsionar desinformação sobre a pandemia de covid-19, ao publicar entrevistas com médicos defendendo drogas sem eficiência comprovada ou com críticas ao uso de máscaras.

Em vídeo publicado no Twitter e no Instagram, Henkel justificou seu pedido de demissão como homenagem a seu "mentor" Augusto Nunes.

"Hoje pedi meu desligamento do 'Pingo nos Is'. Tivemos o episódio da censura do TSE, mas desde o resultado das eleições nosso microfone foi aberto e não houve restrição. No entanto, meu amigo e mentor Augusto Nunes foi desligado. Ele quem me levou para a Jovem Pan e quem de fato me manteve no programa. Na semana de sua saída, ele pediu para que eu ficasse. Então eu fiquei, obedecendo as ordens do nosso mestre. Mas seguir no programa sem a perspectiva da sua volta é impossível. E por isso pedi meu afastamento", acrescentou.

O anúncio fez "Tchau querida" tornar-se o tópico mais mencionado do Twitter no Brasil na tarde desta segunda (7/11). A expressão tem sido usada como vingança prazerosa de petistas após a direita usá-la no Impeachment de Dilma Rousseff.

O grupo Jovem Pan também afastou outros três radicais, Caio Coppolla, Carla Cecato e Cristina Graeml, mas também o moderado Guga Noblat, que não compactuou com o discurso de censura encampado pela empresa contra o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em protesto contra multas por falta de isonomia durante o período eleitoral - além do repórter Maicon Mendes, que teve atuação isenta na cobertura das eleições de 2022.

Há boatos sobre uma mudança de rumo, tentando tirar da Jovem Pan News a fama de porta-voz da extrema direita no Brasil, para se adaptar aos novos tempos com Lula presidente. Mesmo assim, o tom do veículo continua estridente. Uma semana após os primeiros cortes, os comentaristas da emissora seguem manifestando apoio aos protestos antidemocráticos dos bolsonaristas, muitos dos quais usam crianças como escudos humanos e tem intensificado sua violência, com ataques contra a polícia rodoviária federal nesta segunda - em franco contraste com os demais canais jornalísticos brasileiros que criticam as tentativas de golpismo.

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