A morte de cantoras torturadas pelo suicídio de um filho alerta sobre depressão
Muitos artistas brasileiros são afetados pela doença psiquiátrica que rouba a alegria de viver
Sinéad O’Connor aos 56. Jane Birkin com 76. Morreram com diferença de 10 dias. Em comum, um talento musical único, impossível de ser copiado. E também o martírio imposto pela maior das dores: a de enterrar um filho. Pior ainda, um filho que tira a própria vida.
Fragilizada desde sempre, a cantora irlandesa do sucesso ‘Nothing Compares 2 U’ ficou com a saúde mental mais abalada após o suicídio de um de seus quatro filhos, Shane, de 17 anos, em janeiro de 2022. Ele estava internado para tratamento contra a depressão.
A vida nunca mais foi a mesma também para a inglesa Jane Birkin desde a morte por suicídio da mais velha de suas três filhas, Kate, aos 46 anos, em dezembro de 2013. A partir daquele baque a saúde da intérprete de ‘Je T’aime Moi Non Plus’ se fragilizou.
As indicações são de que Sinéad e Jane repetiram a tragédia dos filhos. Teriam decidido o dia e a hora de partir. Mesmo sem a divulgação oficial da causa da morte, é possível afirmar que a depressão afetou profundamente as duas, com impacto na carreira.
No Brasil, são ao menos 20 milhões de pessoas com a doença. A pandemia e a crise econômica afetaram a saúde mental de muita gente. Parcela numerosa sofre calada, sem diagnóstico, medicação nem acompanhamento psicoterápico.
Ter fama e dinheiro não garante o livramento. A lista de artistas brasileiros abatidos pelo problema é extensa. Alguns, infelizmente, optaram por antecipar o fim da vida, a exemplo dos atores Flavio Migliaccio, Walmor Chagas, Ariclê Perez e Leila Lopes.
Na TV, o jornalismo, os programas de variedades e até as novelas precisam falar mais a respeito. Com audiência gigantesca, podem ajudar a desconstruir o tabu em torno das doenças mentais e estimular quem está em sofrimento a buscar ajuda profissional para se tratar.
Anualmente, cerca de 700 mil pessoas cometem suicídio. Não podemos aceitar esse número absurdo, uma catástrofe silenciosa se que repete. Precisamos cuidar de nossas dores emocionais e, se possível, oferecer apoio a quem enfrenta a mesma situação.
O CVV (Centro de Valorização da Vida) presta serviço voluntário, sigiloso e gratuito a quem quer conversar, desabafar e se aconselhar. Caso necessite, disque 188. A ligação é gratuita e anônima.