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Advogada de atrizes da Globo acusa Marcius Melhem de assédio sexual

24 out 2020 - 18h08
(atualizado às 22h56)
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Foto: Divulgação/Globo / Pipoca Moderna

O afastamento de Marcius Melhem, antigo diretor do departamento de humor da Globo, voltou a virar notícia neste sábado (24/10), após a entrevista de uma advogada que representa atrizes da emissora confirmar os boatos de assédio que envolviam o comediante.

Falando à jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, a criminalista Mayra Cotta afirmou que existem seis vítimas de assédio sexual, seis testemunhas e ainda vítimas de assédio moral, que teriam denunciado Melhem na Globo.

"Todas elas denunciaram os fatos internamente [na TV Globo]. Foram ao compliance da empresa. Tomaram as medidas cabíveis", disse a advogada. Mas a história acabou abafada. "O processo foi encerrado e elas estavam sem saber muito bem como se organizar para que essa história tivesse um desfecho que reconhecesse tudo o que elas passaram e toda a gravidade do comportamento que o Marcius Melhem teve enquanto ele foi chefe", acrescentou.

Ela detalhou o comportamento denunciado. "É um chefe que se vale de sua posição para tentar usar o poder que tinha de contratar ou demitir para as constranger a se envolver com ele", apontou. "Houve um comportamento recorrente, de trancar mulheres em espaços e as tentar agarrar, contra a vontade delas. De insistir e ficar mandando mensagem inclusive de teor sexual para mulheres que ele decidia se iam ser escaladas ou não para trabalhar, se ia ter cena ou não para elas [nos programas de humor]. De prejudicar as carreiras de mulheres que o rejeitaram. De ficar obcecado, perseguindo mesmo. Foi um constrangimento sistemático e insistente, muito recorrente".

"Foram casos de assédio sexual mesmo. De mulheres falando não, não quero, me solta, não vou beijar, não vou ficar com você. E ele tentando, agarrando. Não tem zona cinzenta, isso é violência. E aí tem algo muito sério: ele era chefe delas. Ele tinha uma posição de poder", continuou.

Segundo Cotta, as vítimas não querem ser identificadas por receio da repercussão do caso em suas carreiras. "Sabemos como mulheres que denunciam homens por assédio sexual às vezes são tratadas no tipo de sociedade em que a gente vive. Nenhuma mulher quer ser definida para sempre como uma vitima de assédio sexual. Por isso [surgiu] a ideia de eu falar em nome desse grupo", explicou.

Na ocasião da demissão de Melhem, a Globo não se manifestou sobre as denúncias, dizendo apenas que a decisão tinha acontecido "em comum acordo" e que encerrava uma "parceria de 17 anos de sucesso". O comunicado ainda aludiu às várias dispensas que a emissora vinha realizando. "Como todos sabem, a Globo tem tomado uma série de iniciativas para se preparar para os desafios do futuro e, com isso, adotado novas dinâmicas de parceria com atores e criadores em suas múltiplas plataformas", afirmou o texto.

Melhem era responsável pela coordenação de todos os conteúdos de humor da Globo desde 2018 e, com sua saída, os programas humorísticos foram cancelados.

Antes de ser demitido, ele pediu uma licença para cuidar de um problema de saúde de sua filha de 10 anos, e viajou com a família para os Estados Unidos, onde a menina deveria passar por uma cirurgia. Esta viagem foi precedida pelo vazamento da notícia de que ele teria sido denunciado por assédio.

Apesar de ter sido realmente investigado pela Globo, o comitê de ética e compliance da emissora o considerou inocente.

O processo, iniciado em janeiro, levou dezenas de funcionários e ex-funcionários a testemunharem sobre o caso. Eles também assinaram um abaixo-assinado em defesa de Melhem, descrevendo a acusação como uma "maldade" contra o ex-diretor do Departamento de Humor da emissora.

O esforço de abafa, contudo, não evitou sua demissão.

Mas a situação continua envolta em segredo.

Vale lembrar que quem revelou a confusão foi o colunista Leo Dias, que em dezembro passado publicou que as atrizes Dani Calabresa, Renata Castro Barbosa e Maria Clara Gueiros haviam denunciado Melhem. As duas últimas negaram a informação no mesmo dia. Leo Dias também informou que Marcelo Adnet testemunhou a favor das atrizes, o que ele contestou no dia seguinte. Restou, portanto, apenas Dani Calabresa, que jamais negou a história.

Após o anúncio da demissão de Melhem, ela postou no Twitter uma imagem da série "The Morning Show", que aborda o assédio dentro de uma emissora de televisão, e apareceu assistindo ao documentário "Harvey Weinstein: Assédios em Hollywood" em seu Instagram.

Dani Calebresa continua na Globo e não sofreu, aparentemente, nenhuma retaliação, embora sua situação esteja no ar com a decisão recente de cancelamento dos programas humorísticos da emissora. Será que quem denunciou vai continuar contratado após a mexida na programação, que transformará quatro programas numa única produção?

Questionada pela Folha, a Globo emitiu uma nota em que diz que "não comenta assuntos da área de compliance, mas reafirma que todo relato de assédio, moral ou sexual, é apurado criteriosamente assim que a empresa toma conhecimento".

O comunicado também reforça que "a Globo não tolera comportamentos abusivos em suas equipes", e que as investigações podem levar ao desligamento do colaborador abusivo. Mas, "mesmo nas hipóteses de desligamento, as razões de compliance não são tornadas públicas".

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