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Ator da Globo quer novela com protagonista asiático: "Está mais que na hora"

Pedro Ogata está na série 'Os Outros' e integra o projeto Somos Brasileiros, que tem como objetivo tirar artistas de papéis estereotipados

23 jul 2023 - 05h00
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Pedro Ogata, ator
Pedro Ogata, ator
Foto: @Instagram

Ele tem só 17 anos, mas já viveu o suficiente para perceber algo que o incomoda: "Quantas vezes ainda vamos fazer o asiático que vende pastel e fala enrolado?". Pedro Ogata tem ganhado espaço no meio artístico ao dar vida a Souza em Os Outros, série do Globoplay. 

Em entrevista ao Terra, o ex-participante do The Voice destacou o trabalho que tem desenvolvido com o projeto Somos Brasileiros para desmistificar a ideia de que pessoas amarelas podem apenas interpretar papéis estereotipados, como pasteleiros ou imigrantes com sotaque forçado. E seu personagem no streaming é um exemplo representativo disso. 

Na trama, Pedro interpreta um valentão truculento que não tem sua ascendência oriental explorada em nenhum momento. Essa personalidade foi construída com base também em experiências pessoais do ator, que foi vítima de bulllying e xenofobia. 

"Já ouvi de tudo. Na escola, já me chamaram de 'japonês falsificado' quando eu tirava nota baixa. Na pandemia, mandavam eu voltar para o meu país e, aqui no condomínio onde eu moro, uma pessoa já me chamou de 'coronavírus'. Acho que esse foi o mais pesado", relembra.

Confira a seguir entrevista de Pedro Ogata na íntegra.

Pedro Ogata, ator
Pedro Ogata, ator
Foto: @Instagram

Você já esteve na Globo como participante no The Voice e agora como ator. Como essas experiências se diferem?

The Voice, para mim, foi um divisor de águas. Até então, eu estava meio perdido no que eu ia fazer da minha vida, não sabia se faria audiovisual ou se focaria no teatro [...] e quando eu fiz o talent-show deu um estalo na minha cabeça: tomei a decisão de trabalhar em frente às câmeras, seja cantando ou atuando. O programa me trouxe uma visibilidade legal. Antes disso, a coisa mais concreta que eu tinha feito era um longa-metragem e outras peças acadêmicas. O The Voice realmente concretizou a minha carreira.

A série Os Outros é seu novo projeto. Como esse trabalho te desafiou como artista?

Foi desde o início um projeto desafiador desde as preparações, porque aborda um assunto muito delicado [a convivência violenta em um condomínio]. O bullying, para mim, por exemplo, sempre foi um assunto difícil. Eu já ouvi muita coisa. Quando eu me mudei para São Paulo, ouvia brincadeiras relacionadas à minha etnia. Já ouvi de tudo. Na escola, já me chamaram de 'japonês falsificado' quando eu tirava nota baixa. Na pandemia, mandavam eu voltar para o meu país e, aqui no condomínio onde eu moro, uma pessoa já me chamou de 'coronavírus'. Acho que esse foi o mais pesado.

Como foi atuar com Adriana Esteves, Drica Moraes e Milhem Cortaz?

Existe a pressão, medo e frio na barriga. No meu caso, eu acabei de começar no audiovisual e foi meu primeiro trabalho com a Globo. A gente sempre imagina que vai travar em cena, mas eles [veteranos] deixam a gente muito à vontade, nos deixam tranquilos e ajudam a gente a ter fé no que estamos fazendo.

Pedro Ogata, ator
Pedro Ogata, ator
Foto: @Instagram

O que é o projeto Somos Brasileiros, e como ajuda quanto à sucateação do artista amarelo?

É um grupo de artistas brasileiros com algum tipo de descendência. Lá a gente discute a pauta, cria conteúdos para desmistificar preconceitos e cria uma rede de apoio de divulgação e indicação. [...] Acredito que, de uns tempos para cá, isso [a sucateação] tem melhorado, mas os atores asiáticos ainda caem muito em papéis estereotipados. Quantas vezes ainda vamos fazer o asiático que vende pastel e fala enrolado? Eu sou brasileiro, eu posso fazer qualquer outro papel. Meu personagem agora, o Souza, é um exemplo de como isso está mudando. Não precisaram explorar minha descendência para criar esse personagem.  

Acha que estamos longe de um primeiro protagonista asiático?

Espero que não. Acredito que não vá demorar. Estamos num tempo em que as pessoas estão finalmente abrindo os olhos para toda a covardia e injustiça do eurocentrismo, notando que a representatividade é importante. Nós [amarelos] vamos esperar, mas espero que não demore. Sei que tem diversas questões que atrapalham [público e diretores], mas espero que consigam driblar esses fatores. Está mais que na hora [de ter um protagonista asiático], já é 2023.

E como estão as gravações para a segunda temporada de Os Outros?

Ainda não estou sabendo de segunda temporada. Eu também estou gravando outro projeto agora. Ainda não posso divulgar nada sobre, mas estou super empolgado. 

Fonte: Redação Terra
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