Cássia Kis age como típico paulista conservador ao criticar moças de biquíni
Atriz defensora de pautas da direita protagoniza mais uma polêmica que atinge sua imagem fora da TV
Caso uma mulher usando a parte de cima do biquíni entre em um Carrefour, um Pão de Açúcar, no elitizado Santa Luzia ou em outro mercado grande na cidade de São Paulo, vai certamente atrair olhares de reprovação, sussurros raivosos e, talvez, seja até repreendida com dedo na cara. Convidada a se retirar do local? Existe a possibilidade.
Reação semelhante à que teve Cássia Kis em estabelecimento na Barra da Tijuca, a Miami brasileira na zona oeste do Rio, diante de duas moças vestindo a citada peça do traje de praia.
Segundo os relatos, a atriz verbalizou contrariedade e teria pedido a intervenção da gerência. Nas imagens em redes sociais, ela aparece irritada pilotando seu carrinho de compras após a discussão sobre regras de vestuário.
Cássia Kis nasceu e cresceu em São Caetano do Sul, enclave no ABC Paulista com o maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil. Os moradores da cidade costumam ser, com orgulho, conservadores nos costumes.
Este colunista possui autoridade para falar a respeito porque parte de sua família é do município. Ali, as pessoas prezam as boas maneiras, a elegância clássica, o português correto, a tradição de sobrenomes influentes, a diferenciação que agrega valor ao gentílico sulsancaetanense.
Apesar de morar há muitos anos no Rio, a atriz demonstra manter a repulsa da maioria dos paulistas de classe média pela informalidade em certos ambientes. Distante da praia, São Paulo não aceita, por exemplo, um homem de sunga pelas ruas, algo trivial na zona sul carioca. Quem entrar de chinelos em um shopping frequentado pela ‘high society’ poderá ser seguido por um segurança.
Provavelmente, Cássia Kis cultiva o formalismo tão comum no Estado mais rico do País e, principalmente, nas áreas endinheiradas da cidade de São Paulo e cercanias. Sob esse olhar classista, roupa flagrantemente descontraída é vulgar, imprópria, quiçá ofensiva. Há quem classifique “coisa de pobre”.
Aceita-se o uso do top do bíquini somente nos clubes aristocráticos com mensalidades altíssimas, onde gente do povão só entra uniformizada para servir, e nas disputadas piscinas do Sesc, nas quais a classe baixa não precisa se preocupar com a fiscalização do ‘dress code’.
Relaxe, Cássia, é verão. Deixe as moças vindas da praia mostrarem a barriga enquanto aproveitam as ofertas no mercado. Aliás, reparou que rapazes agora usam cropped em qualquer lugar? Tempos modernos, Cássia, moderníssimos.