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Comissão de Ética da ABI adverte conduta de Leo Dias de 'explorar' caso de Klara Castanho

Comissão manifestou indignação e condenou veículos de comunicação que "exploram casos de vítimas de violência sexual"

28 jun 2022 - 22h40
(atualizado às 22h59)
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Comissão de Ética da ABI adverte conduta de Leo Dias de 'explorar' caso de Klara Castanho
Comissão de Ética da ABI adverte conduta de Leo Dias de 'explorar' caso de Klara Castanho
Foto: Reprodução de TV / Flipar

A Comissão de Ética dos Meios de Comunicação da Associação Brasileira de Imprensa emitiu nota, nesta terça-feira, 28, manifestando indignação e condenando veículos de comunicação que "exploram casos de vítimas de violência sexual". O comunicado adverte o jornalista Leo Dias, colunista do portal Metrópoles envolvido na exposição da gravidez de Klara Castanho, que foi vítima de estupro e entregou o bebê para a adoção.

Veja a nota na íntegra:

"Mais um estupro. Mais um crime contra a mulher a impulsionar a audiência de blogs e portais. A Comissão de Ética dos Meios de Comunicação da Associação Brasileira de Imprensa vem a público manifestar sua indignação diante do comportamento antiético de jornalistas e diretores de portais e demais veículos de comunicação que exploram casos de vítimas de violência sexual para ampliar o número de seguidores virtuais.

O jornalismo não pode compactuar nem com o crime, nem com sua exploração midiática. A ABI adverte em específico o jornalista Leo Dias: mesmo o tipo de jornalismo que ele faz deve respeitar certos limites éticos.

A ABI também manifesta sua solidariedade à atriz Klara Castanho e familiares. Esperamos que os meios de comunicação compreendam, de uma vez por todas, que o respeito humano vale mais que a busca de audiência – vale mais que um clique."

Relembre o caso

Rumores sobre o caso surgiram após a youtuber Antonia Fontenelle dizer em live que "uma atriz global de 21 anos teria engravidado e doado a criança para adoção". Klara, então, decidiu publicar seu relato nas redes sociais. "Não posso silenciar ao ver pessoas conspirando e criando versões sobre uma violência repulsiva e um trauma que sofri."

No texto, a atriz conta ter sido estuprada e ter engravidado, mesmo tendo tomado precauções após a violência. Meses depois, quase no término da gestação, ao passar mal, descobriu a gravidez.

"Foi um choque. Meu mundo caiu. Meu ciclo menstrual estava normal, meu corpo também. Não tinha ganhado peso e nem barriga. Eu ainda estava tentando juntar os cacos quando tive que lidar com a informação de ter um bebê. Um bebê fruto de uma violência que me destruiu como mulher", escreveu.

Ela contou que o médico que a atendeu não teve "nehuma empatia" por ela. "Esse profissional me obrigou a ouvir o coração da criança, disse que 50% do DNA eram meus e que eu seria obrigada a amá-lo."

Por não ter "condições emocionais de dar para essa criança o amor, o cuidado e tudo que ela merece ter", Klara buscou uma advogada e tomou a decisão de entregá-la à adoção logo que nascesse. "Passei por todos os trâmites: psicóloga, ministério público, juíza, audiência - todas etapas obrigatórias. Um processo que, pela própria lei, garante sigilo para mim e para a criança."

Porém, segundo ela, o sigilo não foi respeitado. "No dia em que a criança nasceu, eu, ainda anestesiada do pós-parto, fui abordada por uma enfermeira que estava na sala de cirurgia. Ela fez perguntas e ameaçou: 'Imagina se tal colunista descobre essa história'." Ao chegar no quarto, deparou-se com mensagens do colunista, com todas as informações. Um segundo blogueiro buscou-a também dias depois.

"Apenas o fato de eles saberem, mostra que os profissionais que deveriam ter me protegido em um momento de extrema dor e vulnerabilidade, que têm a obrigação legal de respeitar o sigilo da entrega, não foram éticos, nem tiveram respeito por mim e nem pela criança", desabafou.

Com a publicação da carta, a atriz recebeu mensagens de apoio de outros artistas e internautas, que também questionaram a conduta do médico, do enfermeiro e dos colunistas.

Fonte: Redação Terra
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