Diana odiava tanto a madrasta que quase a matou em uma festa
Raine McCorquodale sofreu nas mãos da enteada e as duas só se acertaram pouco antes do fim trágico da princesa
“Olha o cabeção dela”, debocharia Caco Antibes, do ‘Sai de Baixo’, ao comparar o penteado de Raine McCorquodale com o de Cassandra. A socialite da vida real e a dondoca da ficção usavam cabelos chamativos que pareciam capacetes.
Quem realmente ironizava o visual excêntrico da condessa Raine era sua enteada, Diana Spencer. As duas se detestavam. A nobre casou com o pai de Lady Di, conde John Spencer, em 1976. Eles se relacionavam às escondidas havia sete anos.
O romance começou na mesma época em que a mãe de Diana, Frances Ruth, foi embora de casa para viver com seu amante, Peter Shand Kydd. A futura princesa de Gales tinha apenas 8 anos e ficou com o pai. Ela nunca superou a mágoa pela ausência do carinho materno.
Quando se mudou para a suntuosa propriedade dos Spencer, chamada Althorp, localizada 100 km a norte de Londres, Raine McCorquodale tocou o terror. Mudou a decoração da mansão, demitiu funcionários, vendeu objetos de valor da família (inclusive brinquedos herdados pelas crianças) e interferiu nos hábitos dos filhos do marido.
Diana e seu irmão mais novo, Charles, viviam em pé de guerra com a madrasta. Xingavam, provocavam e inventavam músicas para ofendê-la. Mimada, a garota achava que o pai dava mais atenção à nova mulher do que a ela, vista como a filha preferida.
A animosidade não diminuiu após a jovem Spencer se mudar para Londres, tampouco depois de se casar com o príncipe Charles. Em 1989, durante uma festa do clã, Diana teve um acesso de raiva contra Raine na frente de parentes e convidados.
“Eu te odeio tanto”, gritou a mãe de William e Harry. “Você não sabe o quanto odeio você.” Na sequência, ela empurrou a madrasta escada abaixo. A condessa, que tinha 60 anos na época, sofreu fraturas e ferimentos.
“Foi uma atitude cruel”, relatou Sue Howe, secretária pessoal de Raine e testemunha da violência. “A princesa mostrou que não tinha coração.” Mesmo machucada, a vítima não quis envolver a polícia. Afinal, seria um escândalo envolvendo um membro da família real.
Três anos depois, o pai de Diana morreu. A princesa mandou os empregados colocarem os pertences da madrasta – inclusive vestidos de alta costura e joias caríssimas – em sacos de lixo e a expulsou da casa dos Spencer. Meses mais tarde, Raine se casou com outro conde.
A história das duas não acabou ali. Para surpresa de todos, anos depois, Diana convidou a ex-madrasta para um chá no Palácio de Kensington. Os traumas do casamento frustrado e do divórcio vexatório de Charles fizeram a princesa mudar sua visão sobre Raine.
Ao se reencontrarem, conversaram por horas, riram, choraram, se perdoaram. Diana agradeceu a condessa pela dedicação ao pai dela. Passado pouco tempo, a princesa morreu aos 36 anos em consequência de acidente de carro em Paris.
Enlutada, Raine McCorquodale compareceu ao funeral na abadia de Westminster. Ela defendeu a memória da ex-enteada até morrer de câncer, com 87 anos, em 2016. Tornou-se uma personagem importante na biografia da princesa infeliz que foi rainha da popularidade em seu tempo.
Curiosidade: Raine era filha da famosa escritora e personalidade de TV Barbara Cartland, autora de centenas de romances açucarados sobre heroínas virgens em busca de homens belos, viris e ricos. Diana Spencer gostava muito de Barbara e foi influenciada por sua obra. “Acho que os únicos livros que Diana leu foram os meus, e creio que não fizeram muito bem a ela”, afirmou Cartland.