Disney é criticada por "ataque de gênero" contra Scarlett
As organizações 'Women in Film, ReFrame' e 'Time's Up' emitiram uma declaração conjunta em defesa da estrela de 'Viúva Negra'
As organizações Women in Film, ReFrame e Time's Up emitiram uma declaração conjunta neste sábado (31/7) chamando a caracterização de Scarlett Johansson feita pela Disney, em nota sobre o processo aberto pela atriz, de um "ataque de gênero".
A declaração das organizações que atuam na defesa dos direitos das mulheres na indústria do entretenimento diz: "Embora não tomemos posição sobre as questões de negócios no litígio entre Scarlett Johansson e a The Walt Disney Company, nos posicionamos firmemente contra a declaração recente da Disney que tenta caracterizar Johansson como insensível ou egoísta por defender os direitos de seu contrato de negócios. Esse ataque de gênero não tem lugar em uma disputa de negócios e contribui para um ambiente no qual mulheres são percebidas como menos capazes do que os homens de proteger seus próprios interesses sem enfrentar críticas ad hominem".
Scarlett Johansson iniciou uma ação contra o estúdio na quinta-feira (29/7), alegando que seu contrato estipulava que a Disney só poderia lançar Viúva Negra no cinema e não simultaneamente em streaming, e que esta decisão unilateral teria o objetivo de diminuir o percentual das bilheterias que ela tem direito de receber como produtora.
Como resposta, o estúdio afirmou que o processo da atriz era "triste" e representava um "desrespeito cruel" às vítimas de pandemia de covid-19. Além disso, revelou o cachê da estrela, geralmente considerado matéria sensível e confidencial, o que demonstra o tamanho de sua insatisfação.
"Não há mérito algum neste processo. Ele é especialmente triste e angustiante em seu desrespeito cruel aos terríveis e prolongados efeitos globais da pandemia de covid-19. A Disney cumpriu totalmente o contrato da Sra. Johansson e, além disso, o lançamento de Viúva Negra no Disney+ com Premier Access aumentou significativamente sua capacidade de conseguir uma compensação adicional em cima dos US$ 20 milhões que ela já recebeu até o momento."
A nota da Disney também irritou o empresário da atriz, Bryan Lourd, um dos chefes da CAA, uma das maiores agências de talento de Hollywood, que representa vários artistas contratados pela Disney. E ele detonou o estúdio, chamando-o de "sem vergonha".
"Eles acusaram falsamente e sem nenhuma vergonha a Sra. Johansson de ser uma pessoa insensível com relação à pandemia de covid-19, tentando fazê-la parecer alguém que eles e eu sabemos que ela não é. A empresa ainda incluiu o salário dela na sua declaração para a imprensa, em uma tentativa de constrangê-la com o seu sucesso como artista e mulher de negócios. Ela não tem nada do que se envergonhar", Lourd comentou em comunicado.
Para piorar, Matthew Belloni, ex-editor da revista The Hollywood Reporter, afirmou em sua newsletter que até Kevin Feige, chefão da Marvel, está furioso e decepcionado com a briga pública. 'Ele pressionou a Disney contra o plano para a Viúva Negra, preferindo a exclusividade da tela grande e então, quando 'a merda atingiu o ventilador', o filme começou a afundar e a equipe de Johansson ameaçou um processo, ele queria que a Disney acertasse as coisas com ela", afirmou o jornalista.
Viúva Negra foi um dos títulos que a Disney decidiu lançar simultaneamente no streaming, pelo valor adicional de R$ 70 (US$ 30, nos EUA), em razão da pandemia do coronavírus, e o filme faturou US$ 60 milhões mundiais apenas no lançamento em Premier Access - em seu primeiro fim de semana disponibilizado na Disney+.
Nos cinemas, por sua vez, o longa arrecadou mundialmente US$ 149 milhões em seu fim de semana inaugural, dos quais US$ 80 milhões vieram do mercado norte-americano. Desde então, Viúva Negra ultrapassou os US$ 320 milhões mundiais.