Duhamel sobre 'O Legado de Júpiter': Fãs das HQs vão adorar
Intérprete de Utópico comenta adaptação de quadrinhos para série homônima que estreia nesta sexta-feira, 07, na Netflix
A partir desta sexta-feira, 07, a série O Legado de Júpiter estará disponível na Netflix e os fãs de quadrinhos vão poder conferir a adaptação das histórias de Mark Millar e Frank Quitely nas telas. Pouco conhecida do público em geral – embora muito elogiado pela crítica, as HQs apresentam uma interessante discussão sobre poder e responsabilidade a partir do conflito entre o super- herói Utópico, personagem que na série é interpretado por Josh Duhamel, e seus filhos Brandon Sampson (Andrew Horton) e Chloe Sampson (Elena Kampouris).
Vivendo pela primeira vez um super-herói nas telas, o astro comentou a experiência de interpretar Utópico, detalhes de sua preparação física e emocional e avaliou como acredita que será a recepção dos fãs com a nova série. "Nos esforçamos muito para honrar a obra original, os fãs dos quadrinhos vão adorar".
Nas HQs, O Legado de Júpiter foi publicado no Brasil em dois encadernados com dez partes. A história se passa em dois momentos, primeiro entre os anos 1930, quando há a descoberta dos poderes dos super-heróis, e depois em 2013, quando os filhos deles tornam-se celebridades. Confira a seguir a entrevista com Josh Duhamel.
É a primeira vez que você interpreta um super-herói. O que motivou você a entrar neste gênero?
Josh Duhamel: Sim, é primeira vez que faço um super-herói. Mas o drama da família, e a possibilidade de explorar essas relações complexas, até difíceis, me interessaram tanto quanto entrar no personagem do Utópico. Para mim, o drama da série é tão importante quanto o fato de ele voar e ter visão de raio laser. Interpretar Sheldon Sampson foi uma oportunidade incrível, porque além de ser divertido fazer papel de super-herói, o personagem tem emoções bem complexas. A gente acompanha a evolução desse homem ao longo de mais de um século. É a experiência mais gratificante e desafiadora que já tive como ator.
Como foi a preparação física e mental para interpretar um personagem de 120 anos, com uma origem incrível e que acaba virando o super-herói mais poderoso do mundo?
Josh Duhamel: A série se passa ao longo de aproximadamente cem anos, entre as décadas de 1920 e 2020. Foi muito interessante interpretar o jovem Sheldon nos anos 1920. Ele é muito mais humano e inseguro antes de ter poderes. Mas sofre uma grande perda, passa por uma jornada impressionante, ganha poderes e acaba virando o Utópico. Nos anos 2020, Sheldon já carrega mais peso. Há décadas, ele usa esses poderes a serviço daquilo em que acredita e agora é um líder maduro. Precisei trabalhar bastante esse peso da experiência e da responsabilidade. Até em termos de postura, eu não queria que ele fizesse pose ou parecesse uma estátua como outros heróis. Sheldon já faz isso há cem anos, então ele vem voando, aterrissa e já está andando. Para ele é uma coisa absolutamente normal. Quanto ao estilo de luta, eu queria dar a sensação de que ele procura ser o mais eficiente possível, nada espalhafatoso. O Sheldon Sampson de hoje tem um certo cansaço, certo abatimento e uma fragilidade recém-descoberta, porque está começando a perceber que talvez não consiga mais controlar tudo. Isso é muito diferente de interpretá-lo nos anos 1920, aos trinta e poucos anos, quando ele é jovem, vulnerável. É um arco narrativo completo.
Você se identificou com algum aspecto de Sheldon Sampson?
Josh Duhamel: Acho que entendo o Sheldon em vários aspectos, porque também tenho fortes
convicções e sou bem teimoso. Mas, ao longo das filmagens de O Legado de Júpiter, eu quis entender melhor por que ele defende tão fervorosamente O Código (a diretiva principal de que super-heróis não governam e nunca matam, não importa o que aconteça), por que ele é tão intransigente nisso. Essa foi uma das coisas mais desafiadoras e gratificantes ao interpretar este personagem. Sheldon não sabe o que o futuro reserva para ele e por isso tem medo, porque se esforçou tanto, por tanto tempo, para seguir este padrão à risca, mas na verdade ele não sabe se dá certo mesmo. Eu fui criado no catolicismo, que exige que a gente siga diretrizes muito rígidas. E mesmo que nem sempre concorde com tudo, me ensinou a saber o que é certo e errado e me deu equilíbrio. Para Sheldon, O Código é isso. Sim, às vezes é difícil de entender, mas ele acredita que é preciso seguir O Código à risca ou tudo pode degringolar. Acho que esse foi o elemento mais difícil que precisei aceitar em relação ao Sheldon. Mas eu tento não julgar os personagens que interpreto, apenas procuro me colocar no lugar deles e ver o mundo através de seus olhos.
Em termos logísticos, como foi usar próteses e maquiagem para interpretar o Sheldon dos dias de hoje?
Josh Duhamel: A equipe criativa da série é incrível. O figurino e maquiagem realmente transformam a gente. Era só eu vestir a roupa do Utópico e já sentia minha postura mudar: a coluna mais ereta, os ombros mais largos. E eu nunca tinha usado próteses antes desta série. Definitivamente, foi todo um processo, e a equipe foi sensacional. Eu chegava cedinho todos os dias, eles colocavam as rugas sob meus olhos, me envelheciam, depois colocavam a barba e, quando terminavam, eu estava totalmente diferente. Parecia mágica.
Que elementos diferenciam O Legado de Júpiter das outras histórias de super-heróis mostradas pela indústria do entretenimento hoje em dia?
Josh Duhamel: Acho que nunca vi histórias de super-heróis lidarem com problemas familiares comuns, como acontece em O Legado de Júpiter. São pessoas com poderes extraordinários, mas têm os mesmos problemas que qualquer mãe, pai, irmã ou irmão enfrentam em casa. Sheldon Sampson tem fortes convicções sobre tudo, e seus filhos não veem o mundo da mesma forma. Como Utópico, Sheldon é o homem mais poderoso do planeta, mas sabe que não pode controlar o que eles pensam. Eles têm ideias próprias sobre o que fazer com esses poderes, sobre as pressões que enfrentam e estão questionando O Código. Os filhos desafiam Sheldon e o obrigam a se fazer algumas perguntas muito humanas: Eu criei bem os meus filhos? Será que sou um bom pai? Eles vão conseguir levar adiante o legado que construí? Nunca vi um super-herói fazer terapia, mas Sheldon faz. E essas foram algumas das cenas mais divertidas de fazer, porque ele é o cara mais poderoso do mundo, mas ainda tem fragilidades e fraquezas com as quais todos podem se identificar.
Você acha que há algum tema particularmente atual em O Legado de Júpiter?
Josh Duhamel: Sem dúvida. A série é muito atual em relação ao que está acontecendo no mundo. Muitas pessoas acreditam em uma determinada coisa e outras tantas acreditam em algo diferente. Como tanta gente hoje em dia, Sheldon apenas espera que a humanidade encontre alguma forma de perseverar. Ele realmente acredita que existe o bem no coração de cada um e que, no fim das contas, a bondade vai prevalecer sobre o mal. Há muita maldade no mundo, o que o assusta, e a esperança dele é que os filhos também reconheçam isso e sejam capazes de assumir seu lugar quando ele não estiver mais aqui.
Como foi a experiência de trabalhar com seus colegas de elenco?
Josh Duhamel: Temos um elenco excelente, que se preocupa com a série e quer que ela seja um sucesso. E isso transparece no trabalho de todos. Ben Daniels, que interpreta meu irmão Walt Sampson, é simplesmente maravilhoso. Ele vem do teatro e jogou o nível lá em cima desde o começo. Eu já tinha trabalhado com Leslie Bibb, que interpreta minha esposa Grace Sampson, então já nos conhecíamos, nos entendemos de imediato. E esse grupo de jovens atores, com Andrew Horton, que interpreta meu filho Brandon Sampson, Elena Kampouris, que faz minha filha Chloe Sampson, e toda a nova geração de super-heróis, são extremamente talentosos. O público vai se apaixonar por eles.
O que você acha que vai agradar aos fãs dos quadrinhos O Legado de Júpiter e o que vai conquistar um novo público, que ainda não conhece a história?
Josh Duhamel: Os fãs dos quadrinhos vão adorar ver a história nas telas, porque nos esforçamos muito para honrar a obra original. Tematicamente, a série é fiel ao que Mark Millar e Frank Quitely fizeram nos quadrinhos. É uma história épica, mas que também trata de assuntos com os quais todo mundo se identifica. E acho que tanto os fãs novos quanto os antigos vão gostar dessa abordagem realista e pé-no-chão das histórias de super-heróis. É algo que ainda não tinha sido feito
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