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Em última entrevista, Aracy relembrou trajetória e resistência do pai para aceitar sua carreira

Atriz falou que foi na novela 'Antônio Maria' que o pai passou a aceitar e se orgulhar de sua profissão, pouco antes de ele falecer

7 ago 2023 - 12h02
(atualizado às 12h54)
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Aracy em entrevista ao Pedro Bial, em agosto de 2022
Aracy em entrevista ao Pedro Bial, em agosto de 2022
Foto: Reprodução/TV Globo

Em sua última entrevista à TV Globo, em agosto de 2022, no talk-show Conversa com Bial, Aracy Balabanian relembrou a infância, sua trajetória na carreira e como foi necessário vencer a resistência do pai para atuar nos palcos. A atriz morreu na manhã desta segunda-feira, 7, aos 83 anos, após ser diagnosticada com câncer no pulmão em outubro do ano passado. 

Na entrevista, o apresentador Pedro Bial começa questionando Aracy se o circo passava por Campo Grande, Mato Grosso do Sul, cidade natural da artista, aonde ela viveu até os 10 anos com a família. O jornalista também perguntou se foi lá que ela teve sua primeira inspiração para trabalhar como atriz. 

"Foi, eu não sabia que tinha sido lá, e foi lá. E não era nem o circo dos bichos, dos palhaços, que sempre gostei muito, mas era dos dramas finais. Todo circo que se apresentava tinha um drama, eu achava sempre muito interessante. Aí eu ficava vendo os atores e atrizes, que ficavam hospedados em um hotel e passavam na frente da loja do meu pai", disse ela, ao contar que o pai era comerciante e vendia calçados e malas. 

Aos 10 anos, ela teve que deixar a sua cidade natal para se mudar com os familiares à capital paulista, uma mudança que foi difícil para atriz, mas que mais para frente abriria portas na carreira que ela viria a escolher. 

"Era essa Campo Grande que eu achava o melhor lugar do mundo. E quando tivemos que mudar porque os irmãos mais velhos precisavam estudar e fomos para São Paulo, eu chorei muito e achei que minha vida tinha acabado aquele dia", relembrou ela, rindo. 

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Porém, a atriz contou que sempre viveu tudo com muita intensidade, e que ficou encantada ao chegar na Estação da Luz. "Pra mim, acho que foi a visão mais linda que tive na minha vida". 

Quando tinha 14 anos, já no colégio, a atriz teve uma palestra de Augusto Boal --então diretor do Teatro de Arena-- na escola, e por se mostrar bastante entusiasmada acabou sendo convidada por ele para participar de um teste no Teatro Paulista do Estudante. 

Ela passou, e o primeiro trabalho que fez foi a peça 'Almanjarra', de Arthur Azevedo. A apresentação fez com que ela chamasse a atenção positivamente e recebesse elogios dos críticos Décio de Almeida Prado e Sábato Magaldi. 

"E ele era o cara que sabia [sobre atuação]", disse ela sobre Délcio. "Foi a partir desse momento, que nada me parou. Eu acho que entrei triunfamento no teatro ao lado de pessoas tão extraordinárias", contou. 

A atriz também revelou que para realizar o sonho de estar nos palcos teve que lidar com a rejeição do pai, que era contra a filha seguir a carreira. Ao Bial, ela contou que a opinião do pai mudou durante sua interpretação em 'Antônio Maria', uma telenovela brasileira produzida e exibida às 19 horas, entre 11 de julho de 1968 e 3 de maio de 1969. 

Segundo ela, "começaram as resistências" do pai logo quando ela começou a atuar. Mas, ao vê-la interpretando a personagem 'Heloísa' na novela 'Antônia Maria', ele se encantou pelo trabalho da filha e viu que ela teria um futuro brilhante. 

"Meu pai caiu de boca [ao ver a novela]. Foi quando conquistei papai. Nós levamos nesse entrevero, meu pai e eu, mais de 10 anos, [ele] tirando mesada, impondo todas as dificuldades para que eu não fizesse. Mas Antônio Maria não deu, foi quando ele cedeu. E foi quando ele faleceu", contou.

"Quando foram tirar o paletó dele, caíram muitas fotos minhas autogrofadas. Porque ele fazia isso, fazia eu autogrofar [as fotos] e saía distribuindo. E falava 'sabe quem eu sou?'. E muito contente porque eu não tinha mudado meu nome. Era garoto propaganda [do trabalho da atriz]. Foi lindo, foi o que me aliviou quando ele faleceu, em poder pensar: 'conquistei papai' ",acrescentou ela, emocionada. 

Carreira e escolhas

Durante a entrevista, a atriz também revelou que optou por não se casar e não ter filhos, para poder dedicar-se à carreira artística. Ela também relembrou um episódio épico em sua carreira, quando convenceu Janete Clair, autora de 'Coração Alado', a alterar o fim de sua personagem na novela. 

Aracy ainda relembrou que chegou a pedir para sair do programa "Sai de Baixo", porque não conseguia segurar a risada ao ouvir as piadas de Miguel Falabella e Tom Cavalcanti em cena

"No 'Sai de Baixo', eu sofri horrores. Porque tinha uma coisa que meu pai me corrigia muito: eu ia contar uma coisa e ria ou chorava antes de concluir", contou à época. Mas a atriz afirmou que o diretor a aconselhou a não segurar a risada e atuar com naturalidade.

A atriz explicou que após essa "permissão", ao fim de todas as piadas os espectadores podiam ouvi-la rindo. "E virou, como disse o próprio Miguel, que eu fechava a piada. A piada fechava comigo", relatou.

A artista ainda relembrou que em 1994 seu apartamento pegou fogo e ela perdeu todos os bens materiais. "Mas não perdi o que papai dizia: 'isso ninguém tira de você, nenhuma guerra: o que você sabe, o que você conhece, o que você aprendeu'. É uma sensação muito ruim, mas descobri nesse momento uma solidariedade, do Brasil inteiro. E eu ganhei tudo que precisava e mais. Enfim, foi uma coisa muito linda também". 

Fonte: Redação Terra
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