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Emoção marca velório de Jair Rodrigues na Assembleia em SP

8 mai 2014 - 19h23
(atualizado em 9/5/2014 às 00h20)
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O corpo de Jair Rodrigues chegou no início da noite desta quinta-feira (8) para o velório que acontece na Assembleia Legislativa de São Paulo. O cantor de 75 anos morreu em casanesta manhã, após sofrer um infarto. O corpo de Jair será sepultado às 11h desta sexta-feira (9), no Cemitério Gethsemani no bairro do Morumbi em São Paulo.

A chegada do caixão que trazia o corpo de Jair Rodrigues foi marcada por muita emoção. Do carro fúnebre até o salão onde será velado, o esquife foi carregado por seu filho Jair Oliveira, o cantor Simoninha, filho de Wilson Simonal, contemporâneo e amigo de Jair, e o guitarrista Paulinho Dafne, que tocou ao lado de Jair Rodrigues em diversas ocasiões.

O cantor Eduardo Araújo, um dos primeiros a chegar ao velório, demonstrou bastante emoção. "Pensava que o Jair fosse eterno. A gente nunca espera. Ele nunca tinha um momento de tristeza, estava sempre alegre e jamais vai sair de dentro do meu coração. A Sylvinha vai receber ele no céu" disse, lembrando sua parceira musical e esposa Sylvinha Araújo, morta em 2008.

O publicitário Washington Olivetto passou rapidamente pelo velório para prestar suas condolências à família, e aproveitou para relembrar a época em que conheceu o cantor, quando ele fazia parte do lendário programa Fino da Bossa. Olivetto, que é muito amigo dos filhos de Jair, afirmou que guardará a alegria do artista como principal lembrança. “O Jair era a síntese da alegria do brasileiro”.

Com os olhos cheios de lágrimas, a apresentadora Palmirinha Onofre destacou a humildade de Jair, ao relembrar que, quando ele esteve em seu programa, cumprimentou a todos da equipe, inclusive aos faxineiros. “A gente não devia chorar, porque ele era muito alegre. Ele não tinha distinção de classes, era uma pessoa maravilhosa que vai ficar no meu coração”.

Ao lado da família de Jair desde que recebeu a notícia da morte, Simoninha frisou a forte presença do cantor em toda a sua vida, do batizado de seu filho até a morte de seu pai, Simonal, que morreu em 2000. “Me sinto privilegiado por ter usufruído tantos anos da sua alegria. Não tenho palavras para expressar o carinho, a alegria, a gratidão”, emocionou-se.

"Ele não tinha máscaras"

Roberta Miranda não conseguiu conter as lágrimas ao contar a importância de Jair em sua carreira como cantora. Segundo a artista, na época em que ainda era desconhecida, ela sonhava em ouvir o seu nome em alguma rádio. Jair, então, realizou o seu desejo e a impulsionou no mercado fonográfico.

“Eu comecei a chorar (quando ouviu a rádio). Foi a partir daí que as gravadoras começaram a me dar oportunidade”, relembrou Roberta, que lançou seu primeiro álbum de estúdio em 1986.

Depois de pedir desculpas por estar chorando por Jair, já que ele era a alegria personificada, a cantora destacou que ele sempre foi uma pessoa muito autêntica e que não mudava sua personalidade de acordo com o grupo de pessoas com quem convivia. “Jair não era bastidores, ele não tinha máscaras. É a essência dele, por isso vai fazer tanta falta”.

Biografia

Nascido em Igarapava, no interior de São Paulo, começou sua carreira em São Carlos, para onde se mudou com sua família em 1954. Lá, foi crooner e participou como calouro na Rádio São Carlos.

No início da década de 60 o cantor foi tentar a carreira na capital de São Paulo, onde participou de diversos programas de calouro na televisão e chamou atenção ao ficar em primeiro lugar no Programa de Cláudio de Luna. Dois anos depois entrou em estúdio para gravar duas músicas: Brasil Sensacional e Marechal da Vitória, especialmente para a Copa do Mundo.

Seu primeiro álbum intitulado O Samba como Ele É, veio em 1963, mas foi com o segundo trabalho que o sucesso de Jair Rodrigues começou. Em 1964 lançou Vou de Samba Com Você, que trazia a música Deixa Isso pra Lá. A música fez tanto sucesso que Jair passou a ser convidado constantemente para programas de TV, entre eles o Almoço com as Estrelas, da extinta TV Tupi, apresentado por Airton e Lilita Rodrigues.

Em 1965, durante participação no programa O Fino da Bossa, na TV Record, cantou de improviso com Elis Regina, a apresentação deu tão certo que eles passaram a se apresentar frequentemente no programa.

Em 1966, se apresentou em um festival de música cantando a canção Disparada, junto com o Quarteto Novo. Conhecido por cantar sambas, Jair Rodrigues surpreendeu o público com uma interpretação emocionante. A partir deste momento, sua carreira deu um salto e Jair foi só sucesso lançando um álbum por ano.

Interpretou canções como O Menino da Porteira, Boi da Cara Preta e Majestade o Sabiá. Sua música ficou conhecida internacionalmente e fez turnês pela Europa, Estados Unidos e Japão. Em 1971, gravou o samba-enredo Festa Para Um Rei Negro, da Acadêmicos do Salgueiro, do Rio de Janeiro.

Em 2002 lançou o disco Intérprete, com produção musical de Jair de Oliveira, seu filho. O trabalho teve diversas participações especiais, inclusive de sua filha, a cantora Luciana Mello. Em A Nova Bossa por Jair Rodrigues, reuniu os clássicos da bossa nova. Em 2005, lançou Alma Negra, com interpretações do melhor do samba. Seu último trabalho foi o CD Samba Mesmo, lançado em abril deste ano.

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Fonte: Terra
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