Familiares e amigos dão adeus a Glória Maria em cerimônia íntima no Rio
Jornalista morreu nesta quinta-feira, 2, em decorrência de complicações de um câncer no pulmão, diagnosticado em 2019
Amigos e familiares de Glória Maria compareceram nesta sexta-feira, 3, ao Crematório e Cemitério da Penitência, no Rio de Janeiro, para prestar homenagens à jornalista, que morreu na quinta-feira, 2, em decorrência de um câncer com metástases cerebrais. A expectativa é que a cerimônia restrita dure até as 18h.
O carro da funerária com o corpo da jornalista chegou ao local pouco depois das 9h. Roberto Marinho Neto foi o primeiro a chegar na cerimônia. Maria e Laura, filhas de Glória Maria, chegaram acompanhadas da atriz Marina Ruy Barbosa, de quem a jornalista foi madrinha de casamento, e do autor Bruno Astuto.
A despedida reuniu muitos jornalistas, entre eles Pedro Bial, Leilane Neubarth e Maju Coutinho, além de famosos --como Narcisa Tamborindeguy, Luiza Brunet, Klebber Toledo e Camila Queiroz. Executivos da Rede Globo, como Ali Kamel, Ricardo Villela, Renato Ribeiro e o ex-diretor-geral Carlos Henrique Schroder também marcaram presença na despedida.
Muitos dos presentes deixaram o local bastante abalados sem falar com a imprensa. Outros, no entanto, destacaram o pioneirismo da jornalista na TV e descreveram seu importante legado para o mundo.
"Ela foi uma mulher que abriu portas [para os jornalistas negros]. Se eu estou aqui, tem Glória nesse caminho e eu só a agradeço pela existência dela. Eu vim aqui claro, com lamento pela morte, mas também em celebração pela existência dela, que foi de um pioneirismo incrível e de importância que eu nem sei mensurar. Ela rompeu barreiras e autorizou que pessoas como eu estivessem onde estão. A mensagem que ela deixa para mim é de existir e resistir", disse a jornalista Maju Coutinho ao chegar no velório da apresentadora.
O Padre Jorjão, responsável pela celebração da missa da cerimônia, também destacou o legado de Glória. "Ela sempre foi uma pessoa de muita luz, de muito amor e que sempre buscou muito a Deus. Muita gente deve estar contente no céu porque ela chegou", afirmou.
Já Luiza Brunet destacou que Glória jamais será esquecida. "A gente não entende a morte quando ela chega, principalmente de uma pessoa que o Brasil ama. Mas vimos o amor dos brasileiros por ela. Sempre vou me lembrar dela como uma mulher inspiradora, engraçada, divertida. Uma mulher atemporal, única e que servirá de inspiração para muitas mulheres que virão ainda. Ela era extraordinária."
Repórter do Terra acompanha o velório da jornalista Gloria Maria no Rio de Janeiro pic.twitter.com/uZnQ8HZxVA
— Terra (@Terra) February 3, 2023
Câncer
Glória Maria, jornalista e um dos ícones da TV brasileira, morreu na quinta-feira no Rio de Janeiro. Em nota, a TV Globo informou que a morte ocorreu por causa de metástases de um câncer que a jornalista descobriu em 2019. Ela estava internada no Hospital Copa Star, onde veio a falecer.
"Em 2019, Gloria foi diagnosticada com um câncer de pulmão, tratado com sucesso com imunoterapia, e metástase no cérebro, tratada cirurgicamente, inicialmente também com êxito. Em meados do ano passado, a jornalista iniciou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias", diz a nota.
"Glória marcou a sua carreira como uma das mais talentosas profissionais do jornalismo brasileiro, deixando um legado de realizações, exemplos e pioneirismos para a Globo e seus profissionais", acrescenta a emissora.
A jornalista deixa duas filhas, Maria, de 15 anos, e Laura, de 14.
Vida, carreira e pioneirismo
Glória Maria Matta da Silva nasceu no Rio de Janeiro, filha de pai alfaiate e mãe dona de casa, e se formou em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), curso pago após conseguir um emprego de telefonista.
Ela chegou à TV Globo em 1970 como radioescuta, ouvindo as frequências de rádios policiais para descobrir pautas. Já no ano seguinte, 1971, estreou como repórter ao cobrir o desabamento do Elevado Paulo de Frontin (RJ). Desde então, passou a participar de diversos programas jornalísticos da emissora, como Jornal Hoje, RJTV e Bom Dia Rio.
No Jornal Nacional ela começou a traçar uma carreira de pioneirismo ao ser a primeira jornalista a entrar ao vivo no noticiário. Pelo JN, fez reportagens históricas, como a posse do presidente Jimmy Carter nos Estados Unidos, entrevista com João Figueiredo, último presidente da ditadura brasileira, e a Guerra das Malvinas, sendo a primeira mulher brasileira a cobrir o conflito.
Foi no Fantástico, porém, que Glória Maria deixou sua marca. Ela foi apresentadora do dominical de 1998 a 2007 e fez reportagens especiais, entrevistas com personalidades como Michael Jackson e Madonna, e realizou muitas viagens que se tornaram marcos de sua extensa e celebrada carreira.