Famosas ajudam a salvar outras mulheres ao expor a violência doméstica
Celebridades enfrentam alguns complicadores quando se tornam vítimas de seus parceiros
Ana Hickmann, contusão no braço. Patrícia Ramos, soco no rosto. Luiza Brunet, quatro costelas quebradas e olho roxo. Luana Piovani, tapa na cara. Gretchen, ameaça de morte e proibição de conviver com o filho. Joelma, arrastada pelos cabelos. Tina Turner, surras e apropriação de todo o seu dinheiro.
Os casos citados são uma minúscula fração das violências domésticas sofridas por atrizes, apresentadoras, modelos e outras famosas. A maior parte dos casos permanece desconhecida.
Uma anônima costuma pensar muito antes de denunciar o agressor, seja por vergonha da inevitável exposição (na família, no trabalho, na vizinhança etc.) ou medo de possível vingança do criminoso.
A situação se torna especialmente delicada quando a vítima é uma celebridade. A imagem pública gera julgamentos equivocados e a exploração do caso pela imprensa profissional e a mídia sensacionalista. Perfis de fofocas se deleitam com a desgraça alheia. Há muita falação e pouco acolhimento.
Relevante relembrar a falta de solidariedade com Piovani após ser desrespeitada pelo então namorado Dado Dolabella. “Fui agredida numa época que não tinha rede social, não tinha hashtag, não tinha close maquiado falando ‘mexeu com uma, mexeu com todas’. Fui espezinhada pela mídia e pelas pessoas. Só tive o apoio dos meus amigos mais próximos e da minha família. As pessoas faziam chacota do que eu tinha vivido”, relatou no videocast Acessíveis Cast.
O outro lado é o exemplo de coragem dessas mulheres admiráveis. Ao mostrar as marcas físicas e emocionais do que sofreram, elas incentivam brasileiras anônimas a reagir, buscar ajuda e se libertar dos abusos no relacionamento. Prestam valioso serviço à sociedade.
O telejornalismo e a teledramaturgia desempenham importante papel ao tocar no assunto. No ar na Globo, a reprise de ‘Mulheres Apaixonadas’ mostra o drama de Rachel (Helena Ranaldi), constantemente espancada pelo marido Marcos (Dan Stulbach). A novela tem 20 anos, e a situação retratada continua atual, infelizmente.
A cada 6 horas, uma mulher é morta no Brasil por conta de seu gênero. Em 2022, foram 1,4 mil feminicídios. A Justiça registrou 640 mil novos casos relacionados à Lei Maria da Penha.
Para ser socorrida e orientada, a vítima de qualquer tipo de violência pode ligar para 190 (Polícia Militar) e 180 (Central de Atendimento à Mulher).