Fernanda Vasconcellos: "Estou mais selvagem, mais mulher"

7 mar 2010 - 09h17

CAROL CAMPANHARO: Rio de Janeiro

Oito quilos mais magra e declaradamente apaixonadíssima, Fernanda Vasconcellos reconhece seu bom momento: "Entrei numa fase mais adulta. Isso, naturalmente, me faz aparecer de um jeito diferente. Estou mais selvagem, mais mulher, o que chama a atenção naturalmente". A aventureira Nelinha, da trama de Tempos Modernos, parece mesmo estar fazendo bem à atriz. Mas não é só isso. "Quando está tudo bem com o amor, uma coisa a mais te impulsiona e te faz feliz", vibra ela, que há 1 ano e meio namora o também ator Henri Castelli.

Na TV, Fernanda repete o par romântico com Thiago Rodrigues, que vem desde a estreia dos dois em Malhação. "O Thiago é como se fosse um irmão para mim. A intimidade que nós temos acaba ajudando, sinto-me bem à vontade com ele. Mas, sinceramente, não sei o que o diretor viu na gente. Nem teste juntos fizemos. Não sei se é fisicamente que eles gostam... Mas, se fosse só físico também, já teria acabado. A gente deve ter uma química muito boa mesmo", sugere ela em tom de brincadeira, para logo lembrar seus casais anteriores - Betina e Bernardo, de Malhação (2005); Nanda e Léo, de Páginas da Vida (que fez sua carreira estourar em 2006); e agora Nelinha e Zeca, no ar na novela de Bosco Brasil.

Acostumada a sempre interpretar personagens que vivem intensas histórias de amor, a atriz confessa que se identifica com todas elas. "Cada uma teve sua particularidade. Uma foi sofrida, outra mais guerreira, sonhadora. Mas quem não sofre por amor? Gosto de representar essas mulheres, que são frágeis e, ao mesmo tempo, lutam muito por um amor. Eu sou assim. Toda mulher é assim". Mais madura, Fernanda pouco lembra a paulistana recém-chegada ao Rio de Janeiro, assustada, que chorava por medo de sair da casa dos pais e pensar na solidão.

"Quando fazia Malhação, falavam que eu era inexperiente e interpretava mal. Isso só atrapalhou o meu trabalho. As críticas eram agressivas, não me ajudavam em nada e ainda me deixavam muito mal. Nem sei se aquelas pessoas eram críticos mesmo ou se só gostavam de me encher o saco. Depois que eu parei de dar importância, as coisas foram melhorando. Não quero fazer disso um drama pessoal, mas ninguém mede talento com fita métrica", argumenta Fernanda.

Na época, a atriz entrou em crise e chegou a achar que não era capaz de continuar atuando. "Falei isso para o Jayme (Monjardim, que a dirigiu em Páginas da Vida, em 2006). Não me achava boa. De lá para cá, mudei muito", lembra ela, que começou como modelo, fez comerciais e foi dançarina do programa Fantasia, do SBT. Mas agora os tempos são outros e, com quatro novelas no currículo - tendo feito papéis com grande destaque nas quatro -, Fernanda já colhe os louros da trajetória promissora. "Ter medo é fundamental para o ator, mas hoje consigo filtrar a sensação de nervosismo e dar a cara a bater", completa.

Aos 25 anos, ela afirma que não tem medo de sua carreira congelar em nenhum momento: "Vou continuar trabalhando bastante para que isso não aconteça. Eu amo o que faço. Temos que tomar cuidado também porque estar sempre em evidência pode ser uma forma de se estacionar na mesmice. Todo ator precisa de um tempo para si".

Boa forma

Esbanjando beleza, Fernanda entra em nova fase, na vida profissional e pessoal. "Há seis anos moro sozinha. Já me sinto mais independente. No começo foi difícil, agora estou mais tranquila, mais à vontade comigo mesma. Antes eu precisava chegar em casa e ter alguém para contar o meu dia. Hoje, eu me basto. Só não sei se isso é bom sempre, né?", diz ela, que ainda não pensa em morar junto com o namorado, Henri Castelli. "A gente tem o principal: se gosta muito. O resto tem que esperar".

Com a agitada rotina de gravações de Tempos Modernos, para o namoro sobra um tempo menor, claro. Mas ela garante que isso não os prejudica. "A gente sempre arruma um tempo para ficar juntinho. Mesmo que seja para cada um cair de um lado do sofá e os dois ficarem mudos, de tão cansados". O corre-corre, no entanto, a ajudou a conquistar um corpo invejável e recuperar o tempo perdido. Ela, que chegou a integrar a lista das 100 Mulheres Mais Sexies do Mundo feita pela revista Vip em 2006, amargou alguns quilos a mais na época em que namorava o apresentador André Marques, com quem ficou por três anos - Fernanda até chegou a fazer uma tatuagem com a letra A, inicial do nome de André, que agora está apagada. Há um ano, a atriz criou novos hábitos de exercícios já se preparando para a aventureira que estava por vir em Tempos Modernos.

"Eu era bem paulistana mesmo, acostumada a almoçar e jantar fora. Não tinha o costume de malhar. Aprendi a frequentar academia no Rio, onde a gente vive mais o dia, a praia. E acabei emagrecendo também por conta das cenas físicas da novela. Até tenho uma dublê, mas quase não a solicito. Não acho muita graça. Gosto de fazer tudo para sentir de verdade a personagem". Apaixonada pelo estilo livre de Nelinha, Fernanda precisou fazer aulas de luta e se esforçar para deixar de lado alguns medos. Acredite, ela tem pavor de altura.

"Odeio os esportes radicais que ela faz. Até pendurada em prédio fiquei para gravar as cenas. Jamais praticaria. Nunca acordaria pensando: 'Que dia lindo para fazer um rapel, perfeito para andar de balão'. Tenho muito, muito, muito medo. O que desafia a lei da gravidade não é a minha", entrega Fernanda, aos risos.

Uma vida em clima de reality
O estilo de vida em um eterno reality show pelo qual passam as celebridades, principalmente com a invasão da tecnologia, não incomoda Fernanda Vasconcellos. No clima da novela Tempos Modernos, que discute o tema, ela comenta o monitoramento 24 horas.

"O cuidado deve ser para que isso não se transforme em estresse e dê liberdade para se meterem demais na vida dos outros", diz. Na vida do ator, a sobrecarga é maior, claro. "Às vezes você quer ir à praia, mas tem que ficar se preocupando como quer aparecer na praia. Não dá para relaxar", completa.

Cabeça aberta, a atriz conta que não deixa isso interferir na sua vida. "Temos que buscar um refúgio para não dar tanta importância ao que vão dizer, porque vão dizer mesmo. Não tem jeito".