Galã português que fez novela na Globo volta à TV após grave acusação 

Nuno Lopes ressurgirá na televisão de Portugal a partir de novembro, com a estreia de ‘A Fazenda’, novela do canal TVI ambientada em Angola, na África. No Brasil, o ator lisboeta ficou famoso pelo papel de José Manuel, o Murruga, em ‘Esperança’, folhetim de época exibido na Globo entre 2022 e o ano seguinte. 

Bonito e carismático, ele conquistou muitas fãs no país, porém, não voltou para fazer outro trabalho. No ano passado, o galã foi alvo de grave denúncia. A roteirista e cineasta norte-americana Anna Martemucci o acusou de abuso sexual. O crime teria ocorrido em abril de 2006, em Nova York, após um encontro regado a vinho. 

Notícias relacionadas

Atriz que saiu às pressas do Brasil há 8 anos 'virou' cartomante em Portugal 

Sumida da TV, ex-estrela da Globo é reconhecida em fila de autógrafos em SP 

Atriz que emigrou a Portugal e se apaixonou em reality vive de moda e louvor 

Nuno afirma ser inocente. “Jamais drogaria alguém e jamais me aproveitaria de uma pessoa incapacitada, quer por excesso de álcool ou por influência de quaisquer outras substâncias”, defendeu-se. 

Ele revelou exigências feitas pela denunciante para encerrar a questão fora do tribunal. “Recebi com surpresa e choque uma carta vinda dos Estados Unidos por parte dos advogados (...), pedindo-me que propusesse uma quantia monetária para este caso acabar, e um pedido de desculpas. Rejeitei ambos.” 

Mesmo com a imagem prejudicada, o artista preferiu encarar a Justiça norte-americana a fim de provar sua versão. “Estou de consciência absolutamente tranquila, mas ciente das consequências gravíssimas que este caso representa. E de como a minha decisão de recusar um acordo confidencial e avançar publicamente para tribunal aporta consequências para a minha reputação quer pessoal, quer profissional.”

O ator luso Joaquim de Almeida, do filme brasileiro ‘O Xangô de Baker Street’ e de produções hollywoodianas, saiu em defesa do colega. “Existiram abusos intoleráveis por parte de algumas pessoas, mas também há muita gente a aproveitar-se disso. Veja-se o caso do Nuno Lopes”, disse ao ‘Correio da Manhã’. “Claramente a senhora quer dinheiro. A queixa foi apresentada três dias antes do prazo de prescrição.” 

Em artigo no portal ‘Visão’, a ativista pela igualdade de gênero Paula Cosme Pinto criticou a TVI por escalar Nuno Lopes para a novela ‘A Fazenda’. “A par dos desconfortos e perigos envolvidos, alguém pensou também na mensagem implícita de glamourização da suspeita de violência sexual que se irá passar em horário nobre, ao trazer em jeito de TV star, alguém que – não podemos saber ainda – poderá mesmo ter violado uma mulher?”, questionou. 

“Com tantos atores talentosos em Portugal, precisamos de uma contratação destas a meio de um processo que está em tribunal, com tudo em aberto? Se tinham assim tanta vontade de trabalhar com este ator, não podiam esperar pela resolução do caso e fazer a respectiva contratação depois?” 

Em reação, o editor do semanário ‘Sol’, Vítor Rainho, publicou um texto. “... por acaso a ativista alguma vez pensou que o ator se cruzou ao longo de 17 anos com centenas de atrizes, guionistas, cabeleireiras e afins e que nenhuma se queixou do que quer que seja? Não acha a ativista que, de 2006 a 2023, o fato de não haver nenhuma queixa contra o brilhante ator justificava algum bom senso da sua parte, antes de querer ver o ator na ‘fogueira’?”, protestou. “É impressionante como se destrói a vida de uma pessoa com uma queixa de algo que aconteceu há 17 anos e não há provas nenhumas.” 

Esta polêmica envolvendo Nuno Lopes traz à memória o caso de José Mayer na Globo. Em 2017, o veterano galã foi acusado de assédio por uma figurinista da emissora. Apesar de denunciá-lo, a vítima não quis acionar a Justiça. 

Diante da pressão pública, o ator não teve seu contrato renovado. Desde então, ele vive isolado e não voltou a trabalhar. Na época, vários artistas de TV manifestaram apoio à figurinista, assim como tantos outros acenaram em defesa de Mayer.

No Brasil, a mulher vítima de qualquer tipo de violência pode ligar para 190 (Polícia Militar) e 180 (Central de Atendimento à Mulher) para receber socorro e orientação.