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Homens famosos e anônimos são castigados por ansiedade, depressão e Burnout

Cresce a incidência de transtornos mentais e suicídios e a população masculina sofre mais por resistir a pedir socorro

8 set 2023 - 08h14
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“Eu sinto angústia todos os dias, todos os dias. Algumas risadas, algumas brincadeiras, e depois lá estou eu de novo com esse sentimento ruim.” 

Esse desabafo foi feito em uma live pelo humorista e influenciador Whindersson Nunes, um dos brasileiros mais bem-sucedidos dos últimos anos. 

Ele conquistou fama, sucesso e fortuna. Teoricamente, não teria nenhum motivo para se sentir infeliz, ansioso e deprimido.  

Os transtornos emocionais não respeitam status nem condição social. Afetam todos os perfis e camadas da sociedade – e fazem estrago crescente entre homens, dos anônimos aos conhecidos. 

Whindersson recorreu a um psicólogo e um psiquiatra. Medicação e terapia ajudaram a minimizar os sintomas de depressão. 

Depois, seguiu a recomendação de praticar atividade física. Fez yoga e boxe. Gostou tanto do esporte de combate que se tornou lutador e hoje participa de competições internacionais. 

A pressão psicológica e o esgotamento físico resultantes de uma agenda lotada podem servir de gatilho para transtornos. 

Símbolo de euforia, Wesley Safadão precisou parar tudo para se cuidar. Cancelou os shows e as divulgações na imprensa a fim de tratar uma persistente crise de ansiedade. 

Anos atrás, Lucas Lucco foi obrigado a também colocar o pé no freio bruscamente depois de se dividir por meses entre palcos e gravações de TV. 

“Fui percebendo que essa correria toda, esses milhões de compromissos, estavam afogando meu amor pela música”, contou no ‘É de Casa’. “Tive uma síndrome de Burnout e isso levou a uma depressão com síndrome do pânico.” 

Burnout é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema geralmente associado à longa carga de trabalho e condições tensas no ambiente laboral. Afeta desde operários até altos executivos – e artistas que viajam de um lado a outro sempre correndo contra o relógio para cumprir os contratos. 

No caso de Selton Mello, o quadro depressivo surgiu após interromper o uso contínuo de remédios para emagrecer. Mexeu em questões delicadas de autoestima sufocadas desde a infância, quando estreou diante das câmeras. 

O ator responsável pela série ‘Sessão de Terapia’ (GNT), com tramas baseadas em casos reais de desequilíbrio mental, diz que o divã o salvou. 

“A gente pensa na terapia como um lugar para você esmiuçar e trabalhar suas fraquezas. Mas também é um lugar para trabalhar suas forças. Você descobre o seu poder, as suas capacidades emocionais”, disse à ‘Quem’. Ele passou a praticar meditação transcendental. 

Ídolo musical e crush de muita gente, Baco Exu do Blues enfrentou a depressão quando decolava a carreira como rapper. 

“Eu tava vivendo o momento que sonhei minha vida toda, que era ser uma pessoa reconhecida nacionalmente. Ao mesmo tempo, eu não conseguia aproveitar aquilo”, relatou ao site Reverb. “Eu queria só ficar em casa, na minha cama”. Ele estava tomado por “infelicidade”. 

O sofrimento inspirou a letra da música ‘En Tu Mira’, onde há um pedido de socorro. “Minha raiva está me matando / Sua expectativa em mim, está me matando / Homem não chora / Foda-se, eu to chorando!”, canta em um trecho. “Eu tô me matando, porra! Eu tô me matando”. 

Em entrevistas, o cantor destacou a cobrança sentida por todo homem para jamais fraquejar nem demonstrar fragilidade. “A parada que eu mais aprendi com a minha depressão é que assumir meus sentimentos é bem menos doloroso do que guardar e fingir que tá tudo bem”, disse à ‘Trip’. 

Até pessoas de muita fé são abaladas por doenças emocionais. Padre Fábio de Melo se viu deprimido durante o luto por uma irmã que cometeu suicídio. O cansaço acumulado também contribuiu para a crise. 

“Tristeza não tem que ser medicada. Faz parte da vida. Eu me entristeço de vez em quando e não preciso tomar remédio para isso. Quando a tristeza não passa, se estende, vira rotina, aí é hora de pedir ajuda”, argumentou o líder religioso no GNT. 

“Compreendi que, da mesma forma como eu preciso tomar um remédio para o coração ou pressão alta, por exemplo, o cérebro também precisa ser medicado. Não é um remédio de louco. A depressão é um processo químico.” 

Vivemos o ‘Setembro Amarelo’, mês de prevenção ao suicídio. Todo ano, cerca de 700 mil pessoas tiram a própria vida no planeta. 

Em 2022, foram 16 mil casos no Brasil, sendo 75% com homens. Os registros superaram a estatística do ano anterior. O machismo ainda faz incontáveis brasileiros sofrerem calados, com vergonha de revelar sua dor interna e pedir socorro. 

Caso note sintomas, converse com alguém próximo e procure um profissional de saúde mental. O CVV (Centro de Valorização da Vida) atende 24 horas por dia no 188. A ligação é gratuita. Voluntários estão disponíveis para ouvir quem precisa desabafar ou pedir orientação.

Lucas Lucco, Baco Exu do Blues, Whindersson Nunes, Selton Mello e Padre Fábio de Melo: as dores emocionais são poupam nenhum perfil
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