'Já tinha fama de sumida': fotógrafo relembra como conseguiu flagrar Madonna em fuga em 1993
Ao Terra, Júlio César Guimarães contou a euforia e os perrengues para conseguir icônica foto da Rainha do Pop
Em 1993, Madonna pisou no Brasil pela primeira vez. Segundo relato do fotógrafo Júlio César Guimarães, a cantora, que prepara um show para mais de 1 milhão de pessoas em Copacabana neste sábado, 4, já era uma lenda e, de certa forma, nutria uma fama de sumida.
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Escalado para cobrir Madonna no Brasil, o fotógrafo, que na época atuava pelo O Globo, foi responsável por clica-la em fuga do Caesar Park, no Rio de Janeiro, toda disfarçada, de peruca morena, bandana e óculos. Com exclusividade ao Terra, ele relembrou o registro, que estampou a capa do jornal do dia seguinte, e os perrengues para consegui-lo.
"Eu sempre morei no Rio e fazia parte do time de frente daqui, mas a chegada dela foi em São Paulo, então eu fui enviado para lá. Bem de longe, eu consegui fazer a chegada. O editor, então, me enviou para o hotel em São Paulo e pediu uma foto. Eu esperei horas por lá e nada dela aparecer. Até que comecei a identificar algumas pessoas que faziam parte da comitiva dela. Eles saíam e voltavam, mas nada dela aparecer [...] o que dá para dizer é que a região que ela se hospedou [Rua Augusta] era conhecida pela [prostituição] e essa galera estava causando um burburinho gigante com a chegada dela", disse ele.
Sem muita sorte em São Paulo, Júlio Guimarães pegou a ponte aérea de volta para o Rio de Janeiro, onde a cantora faria seu próximo show, para tentar um registro exclusivo. Ao chegar na porta do Caesar Park carioca, notou a presença de fãs e colegas de imprensa.
A informação inicial era de que, até então, a Rainha do Pop não tinha passado por lá. Confiando na intuição, ele analisou as laterais do luxuoso hotel e identificou uma saída de serviço bem em frente a um prédio em construção. Após trocar algumas palavras com o responsável pela obra, conseguiu autorização para subir ao segundo pavimento e montar campana.
"Não demorou nada, foi questão de pouco tempo, notei que as mesmas pessoas da equipe que tinha visto em São Paulo estavam saindo, mas dessa vez acompanhados de uma moça com uma cabeleira escura, óculos e bandana, toda disfarçada. Na hora eu soube que era ela e ‘sentei’ o dedo na máquina para fotografar. Ali eu já sabia que tinha ouro na mão."
O fotógrafo não sabia na hora, mas Madonna estava dando fuga para passear no Corcovado. Após breve conversa com o editor e a revelação da imagem, ficou decidido que o furo de reportagem seria a capa do jornal da manhã seguinte -- mais um 'gol de placa' para a carreira.
"Foi uma cobertura cansativa, mas que acabou se tornando histórica. Ninguém tinha visto Madonna fora do palco até então, e eu tinha conseguido esse registro", comentou ele, corroborando a imagem de 'sumida' que a Rainha já alimentava na época.
Pessoas da comitiva brasileira que trabalharam com a cantora em 1993 chegaram a comentar que a norte-americana era 'fria e distante'. Em 2024, a história se repetiu. "Ela reclama de tudo, inclusive, não pode falar com ela ou olhar muito", revelou um colaborador do Copacabana Palace ao UOL.
Madonna comprometida com a excelência
Em contrapartida, Júlio Guimarães, que também ficou responsável por registrar o ensaio da cantora no Rio de Janeiro em 1993, descreve uma profissional comprometida com a excelência e descontraída com os próximos. Mesmo distante da Rainha do Pop, ele relembra com detalhes a experiência da cobertura.
"Eu não reparei na hora, mas ela passou muito tempo no ensaio, parecia bem solta, dando risadas, conversando com bailarinos e pessoas da equipe. Na hora que estamos trabalhando a gente não percebe, mas depois que acabou notei que tinha gasto sete rolos de filme com ela, o que era incomum na época, fiquei até com medo de levar esporro".
Ainda atuante no ramo fotográfico, Júlio não pretende repetir o feito de 93. Morador do Rio de Janeiro, ele pretende acompanhar a apresentação da Rainha do Pop de casa, mas tem curtido esse momento de lembrança com seu registro – apenas um dos que marcaram sua carreira – e dos tempos que não voltam mais.