Janaína Xavier e Leonora Áquilla entram em atrito por morte de vítima de bullying
Vídeo postado pela ativista trans com áudio de despedida do estudante do Colégio Bandeirantes foi questionado pela apresentadora
A apresentadora Janaína Xavier reagiu nas redes sociais a um vídeo da também comunicadora Leonora Áquilla a respeito do aluno do Colégio Bandeirantes que cometeu suicídio e deixou uma gravação relatando o bullying sofrido por ser gay.
“Um adolescente tira a própria vida, deixa um áudio justificando as razões do seu sofrimento, e tem sua história exposta, explorada da pior forma possível”, disse a ex-SporTV.
“Não bastasse a dor do jovem, da família dele, dos amigos, não bastasse todo o preconceito que o rapaz sofreu, o bullying denunciado nas últimas palavras, vem alguém para se beneficiar, engajar, angariar voto, sem compaixão, sem empatia, trata-se de uma candidata a vereadora de São Paulo. Impossível, para mim, engolir a seco, tamanha a invasão de privacidade, e não me manifestar.”
A jornalista fez um apelo. “Cara candidata, se o seu desejo é evitar outros casos tão extremos e desoladores, se não deseja que a história dele seja gatilho para tantos outros jovens que se sentem desamparados e em vulnerabilidade, por favor, comece tendo responsabilidade emocional.”
Famosa pela participação em programas da RedeTV e shows de drags, Leonora Áquilla anunciou sua candidatura a vereadora na capital paulista pelo MDB, partido do atual prefeito, Ricardo Nunes. Anteriormente, disputou cinco eleições. Para concorrer este ano, afastou-se do cargo de coordenadora municipal da diversidade da prefeitura de São Paulo.
O vídeo em que a militante transexual chorou ao comentar a tragédia com o estudante e mostrou trecho do áudio de despedida gerou várias denúncias no TikTok e Instagram e acabou tirado do ar. Leonora reagiu contra Janaína em outra gravação na plataforma.
“Não se calem diante de atrocidades, é isso o que querem fazer com a gente. Querem tirar sempre a nossa voz. Mesmo que estejamos mortos, nós vamos continuar vivos em outros corpos”, disse.
“Não houve falta de respeito da minha parte em publicizar a história do menino que tirou a própria vida. A falta de respeito sempre esteve na vida dele quando não foi ouvido”, afirmou.
“E o áudio que ele deixou para que o mundo soubesse, ele só queria que a voz dele fosse ouvida, e está sendo por milhares de pessoas. Não vamos nos calar. Ele tem voz, está mais vivo do que sempre esteve.”
Em sua argumentação, Janaína Xavier destacou a importância de se debater a saúde mental na sociedade sem expor eventuais vítimas e quem está ao seu redor.
As redes sociais se dividiram entre apoio e crítica às duas jornalistas. Leonora Áquilla foi chamada de “biscoiteira” e acusada de usar eleitoralmente o fato, mas também recebeu onda de solidariedade e mensagens de incentivo ao seu ativismo de longa data. Incomodados com as palavras de Janaína Xavier a rotularam de “bolsonarista” e inimiga dos LGBTs. Outra parcela concordou com seu discurso.
Em ambos os polos, vários usuários das redes sociais lembraram a semelhança do caso no Colégio Bandeirantes com a trama da série ‘13 Reasons Why’, da Netflix, sobre as consequências do suicídio de uma estudante e das revelações deixadas por ela em fitas cassetes para explicar seu ato desesperado.
O espaço da coluna está aberto aos citados.