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Jolie: estupros são "arma de guerra" contra a população civil

10 jun 2014 - 10h11
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A atriz americana Angelina Jolie afirmou nesta terça-feira que é "um mito" que os estupros sejam consequência inevitável dos conflitos e lembrou que "é uma arma de guerra contra a população civil": "Não tem nada a ver com sexo, tem tudo a ver com poder", enfatizou.

Angelina Jolie se uniu hoje ao ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, William Hague, para condenar a violência sexual em zonas de conflito, ao início de uma cúpula sobre o assunto que acontece até sexta-feira em Londres.

A atriz inaugurou com Hague no centro de convenções Excel, do leste de Londres, as jornadas conhecidas como Fringe, dezenas de eventos e conversas para conscientizar sobre o assunto.

As conferências são prévias à reunião de alto nível da quinta-feira, onde ministros de mais de 100 países pactuarão um protocolo internacional para acabar com as violações e abusos de mulheres como arma de guerra, mediante o reforço do marco judicial e mais apoio às vítimas.

Na sexta-feira, se somarão para encerrar a cúpula o secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, e, por videoconferência, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

No palco ao lado a Hague, Jolie dedicou a cúpula a uma mulher bósnia que conheceu em Sarajevo e cuja história a marcou. Mesmo com o passar dos anos, ainda não tinha somado coragem para confessar a seu filho que era fruto de um estupro.

"Por não ter havido justiça por esse crime particular contra ela, em sua particular situação, e tendo visto o homem que a estuprou andando livremente pela rua, ela se sentiu verdadeiramente abandonada pelo mundo", contou Jolie hoje.

"Vindo para cá, pensamos: 'O que ela pensará deste dia?' Este dia é para ela", proclamou a atriz.

No ato inaugural, o titular das Relações Exteriores anunciou por sua vez que o Reino Unido doará outros 6 milhões de libras (R$ 22 milhões) para ajudar as vítimas, que se somam a donativos anteriores donativos por 140 milhões de libras (R$ 524 milhões).

Hague declarou que somente "um homem fraco" abusa das mulheres, enquanto a atriz de 39 anos ressaltou que é necessário lançar a mensagem de que "a vergonha é do agressor" e nunca da vítima.

Em declarações anteriores, Hague elogiou o papel de Jolie como enviada especial da ONU para refugiados e destacou que, graças a sua habilidade para se conectar com o público, tinha tido um "enorme impacto transformador" na campanha contra a violência sexual, que o ministro britânico defende.

William Hague lembrou que o estupro de mulheres e meninas em guerras é "um dos grandes crimes maciços dos séculos XX e XXI" e se usa de forma "deliberada e sistemática" contra povoações civis em todos os continentes, e em países como a Síria, o Congo, Ruanda ou Colômbia.

Entre as atrações do Fringe, aberto ao público e gratuito, haverá exibição de filmes, peças de teatro e o público poderá assistir com Jolie e Hague à projeção do filme sobre a Bósnia dirigida pela atriz, "Na Terra de Amor e Ódio" (2011), que inspirou a iniciativa de realizar essa reunião.

Após os discursos de hoje, o ministro e a artista se passearam entre os postos que instalaram em Excel centenas de ONGs para promover sua mensagem.

Hague e Jolie, que se confessou "muito contente por estar aqui", irão amanhã a um ato para apresentar a proposta de protocolo internacional contra a violência sexual, que pretende acabar com a impunidade dos criminosos.

Na quinta-feira, além da reunião para pactuar o protocolo, Hague deve fazer um à parte para tratar com a Nigéria e seus vizinhos a ameaça contra a segurança que representa o grupo islâmico radical Boko Haram, responsável do recente sequestro de mais de 200 estudantes cristãs, outro exemplo de violência contra mulheres.

Antes do encerramento na sexta-feira, serão exibidos, além disso, obras de arte, como a escultura Faith's Leap de Charming Baker, e haverá mercadinhos e debates com atrizes como a americana Danai Gurira, da série "The Walking Dead".

EFE   
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