Kevin Spacey fará filme enquanto aguarda novo julgamento por assédio
O ator Kevin Spacey ("House of Cards") vai emprestar sua voz para o vilão de "Control", filme independente escrito e dirigido por Gene Fallaize ("Superman: Requiem"). "Control" é uma produção da Inglaterra, mesmo país onde Spacey está enfrentando novas acusações de abuso sexual.
A trama do filme vai acompanhar a Secretária do Interior do Reino Unido (interpretada por Lauren Metcalfe) que tem um caso com o Primeiro-Ministro (Mark Hampton). Certa noite, enquanto ela dirige para casa, um outro homem (Spacey) planeja sequestrar remotamente o carro dela - que é totalmente autônomo -, colocando-a em perigo em meio ao tráfego das ruas de Londres.
Spacey não deve aparecer no filme, que já está sendo rodado e não tem previsão de estreia.
A notícia da sua escalação chega duas semanas após a Crown Prosecution Service (CPS) revelar que o ator deve enfrentar mais sete acusações de crimes sexuais no Reino Unido, elevando o seu total acusações para 12.
Ele já estava sendo julgado no Reino Unido por outras cinco acusações de agressão sexual. As denúncias foram feitas por três homens e são relativas à época em que Spacey morava em Londres e atuou como diretor artístico do teatro Old Vic. Ele se declarou inocente de todas elas em julho e voltará ao tribunal em junho de 2023 para se defender.
As novas acusações acontecem quase um mês depois que um júri de Nova York o inocentou de um processo civil de US$ 40 milhões, concluindo que ele não molestou o ator Anthony Rapp ("Star Trek: Discovery") quando o denunciante era adolescente.
Apesar de ter sido inocentado nesse caso, o ator foi acusado por mais de 20 homens de má conduta sexual, um volume tão expressivo que abalou sua carreira.
Desde a acusação inicial de Rapp em 2017, ele foi retirado da série "House of Cards" (uma vez que os integrantes da equipe fizeram suas próprias denúncias contra ele) e também perdeu o papel no filme "Todo o Dinheiro do Mundo" (2017), tendo sido substituído por Christopher Plummer depois que o filme já estava pronto - as refilmagens ocorrem de forma acelerada para o filme não perder sua data de estreia.
Spacey também já foi condenado a pagar US$ 31 milhões de indenização à produtora MCR pelo cancelamento da série "House of Cards", após o juiz do caso considerar que seu comportamento foi responsável pela decisão da Netflix de encerrar a série premiada.
Mas outras acusações feitas contra ele acabaram não indo adiante por diferentes motivos. Dois acusadores que o processaram morreram antes de seus casos chegarem nos tribunais. O escritor norueguês Ari Behn, ex-marido da princesa da Noruega, cometeu suicídio no Natal de 2019, três meses após um massagista que acusava o ator falecer subitamente.
Para completar, Spacey teve outro processo, movido por um rapaz que tinha 18 anos na época do assédio, retirado abruptamente na véspera de ir a julgamento.
Graças à falta de condenação, Spacey conseguiu voltar a atuar em um filme italiano, "L'Uomo che Disegnò Diò", dirigido e estrelado pelo astro Franco Nero. Ele também interpretou um vilão no filme de baixo orçamento "Peter Five Eight", que foi levado ao Marché du Film, o mercado de negócios do Festival de Cannes, para conseguir distribuidores internacionais.
Além disso, Spacey vai ministrar uma masterclass no Museu Nacional de Cinema da Itália, em Turim, onde também receberá um prêmio pelo conjunto de sua obra. O evento vai acontecer em 16 de janeiro de 2023.