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Maíra Azevedo honra o passado e inspira outras mulheres através de seus sonhos

Em entrevista à Revista CARAS, Maíra Azevedo fala sobre a importância da luta racial e detalha a sua relação com a atuação

24 jan 2025 - 11h00
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A jornalista Maíra Azevedo
A jornalista Maíra Azevedo
Foto: Magali Moraes / Caras Brasil

Seu sorriso ilumina qualquer lugar. É com essa energia que Maíra Azevedo (43), conhecida como Tia Má, leva a vida, enfrentando todos os desafios que surgem. Jornalista de formação e autora do livro Como Se Livrar de um Relacionamento Ordinário, ela se rendeu à atuação e, ainda neste ano, pode ganhar espaço em uma futura trama global, já que fez teste para Dona de Mim, próxima novela das 7.

Enquanto o brilho na telinha não se acende, Maíra leva a vida de maneira leve ao lado do eleito, Marcus Rodrigues, e dos filhos, Aladê Koman (16) e Ayanna Luiza (4). Abrindo as portas de seu lar na capital baiana, Salvador, pela primeira vez para CARAS, ela fala sobre a importância da luta por igualdade racial e de como fica realizada em poder inspirar pessoas pretas a se sentirem pertencentes e merecedoras.

Qual a sensação de ter a chance de embarcar no universo das novelas pela primeira vez?

Fico feliz de ter sido convidada para fazer o teste. Independentemente do resultado, fico feliz de ter o meu nome pensado para uma trama tão especial quanto essa. Dona de Mim parece que vai ser um grande sucesso. A autora, Rosane Svartman, é uma mulher que eu admiro muito, especialmente depois de Vai na Fé, que pode ser considerada um marco na teledramaturgia brasileira. Fiquei feliz de ver nossas histórias sendo contadas em uma ótica tão positiva e que fala das nossas dores, mas também das nossas conquistas e amores. As coisas vão acontecer no tempo certo.

Você se encontrou nas artes. Sempre foi um desejo ou ser atriz foi uma descoberta?

A arte sempre fez parte da minha vida, mas sempre naquele lugar de telespectadora, de consumidora. Sempre gostei muito de teatro. A arte me descobriu. Eu sou jornalista de formação, mas quando você trabalha reportando a vida do outro, você vai sendo consumida por aquilo. É bom usar meu corpo para dar vida e contar novas histórias. Antes, fazia isso por meio do jornalismo e, agora, pela interpretação.

Hoje, nós estamos testemunhando um maior protagonismo negro no audiovisual, mesmo em meio a um mundo que se torna cada vez mais conservador. Qual a importância dessa luta diária por igualdade?

Esse protagonismo negro é uma luta das pessoas que vieram na nossa frente. A gente nunca pode esquecer de falar de Abdias Nascimento, Ruth de Souza, Léa Garcia. Para hoje ocupar esse espaço, não podemos esquecer de quem abriu os caminhos. Essa não é uma conquista recente, pois muita gente lutou e capinou o terreno. A gente precisa entender que se ainda podemos contar nos nossos dedos quantos negros estão em destaque, alguma coisa tem de errado...

Quando você olha para trás e percebe como sua vida e a da sua família se transformou, qual a sensação que fica?

É uma sensação de luta, de conquista, mas também tem o sabor de celebrar a luta dos que vieram antes. Isso é muito importante. Eu sempre entendo que toda conquista nossa é uma conquista coletiva. Maíra só conseguiu mudar a vida dela e dos filhos dela porque muitas pessoas lutaram para que fosse possível, fosse palpável esse sonho. Esse sonho não foi só meu. Sou muito grata por todas as mudanças da minha vida, mas serei ainda mais feliz quando mais mulheres parecidas comigo possam realizar os seus sonhos.

Quais as suas maiores preocupações quando o assunto é a educação dos filhos?

É pensar no dia seguinte. Nós vivemos essa cultura de um País muito violento. É muito ruim viver nesse estado permanente de tensão, onde a violência toma conta do noticiário. Estamos sempre em estado de alerta. Fico nessa preocupação de onde meus filhos vão, com quem vão, como podem ser tratados. Mas quero crer nessa construção de um mundo melhor. Pode parecer utópico, mas preciso me prender a algo para acreditar que eles terão uma vida melhor do que eu tive. Quero que meus filhos possam usufruir e desfrutar de espaços que eu ainda não fui. Quero que eles tenham certeza de que a mãe deles se dedicou para conseguir um lugar melhor, mas que eles nunca se esqueçam de onde vieram.

Diante de um cenário político e social tão conturbado, consegue ser otimista com os desafios que enfrentaremos?

Vou acreditar em dias melhores. Historicamente, para pessoas como eu, o cenário é hostil, reacionário e conservador. Nossos direitos podem ser cassados a qualquer momento. Não podemos abrir mão do nosso direito de lutar.

Sua voz é fundamental no debate das questões raciais no nosso País. Qual o lado mais difícil de estar nesses debates?

Fico feliz de conseguir usar minha visibilidade para dar luz a temas delicados que a sociedade ainda trata como piada. As pautas raciais, o machismo e a homofobia são tratados como piada e estamos regredindo. É importante usar minha visibilidade, mas é adoecedor porque aquela pauta também me atinge. Sou uma mulher preta, é o meu corpo que está ali sendo ridicularizado. É uma luta coletiva, não é só por mim.

Você está vivendo esse auge profissional após a chegada dos 40 anos. Esperava trilhar essa trajetória? Como sente que isso pode inspirar outras mulheres?

Não existe idade para realizar os seus sonhos. Estou muito feliz de perceber que muitas coisas que nem sonhei, porque achava que não eram para mim, hoje, eu estou realizando. Quero continuar assim, sonhando e realizando.

Como é sua relação com a autoestima e o cuidado pessoal?

É um acordo diário que faço comigo mesma. Não é fácil ter a autoestima elevada quando você é vista como aquilo que não é desejado. Mas eu decidi gostar de mim. É claro que vão ter dias que eu vou acordar com dúvida da minha beleza, mas eu não vou ser reduzida pela minha aparência. Tenho tanta coisa a ser celebrada e a aparência é uma delas!

Aonde ainda espera chegar?

Meu maior sonho é seguir realizando coisas que eu jamais imaginei que seriam possíveis para pessoas como eu. Proporcionar para os meus pais e meus filhos espaços que nunca foram pensados. Eu nunca imaginei estar nesse lugar de referência. Quando recebo mensagens de mulheres que se viram mais belas ou que voltaram a estudar depois de ver meus conteúdos, faz com que eu entenda que tenho um propósito, que é fortalecer aqueles que olham para mim e se identificam. Isso não tem preço. Quero chegar aos lugares que eu nem imaginei!

Foto: Magali Moraes
Foto: Magali Moraes
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Foto: Magali Moraes
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